CONTEXTOS SOCIAIS REFORÇANDO PADRÕES COMPORTAMENTAIS POSITIVAMENTE

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Durante a fase inicial do processo de desenvolvimento humano (infância), o indivíduo adquire traços de sua personalidade, que só será consolidada durante o período da adolescência. A análise do comportamento define personalidade como padrões distintivos e característicos do pensamento, emoção e comportamento que definem o estilo pessoal de interação de uma pessoa com o ambiente físico e social. (Atkinson et al, p. 457, 1953).

REFERENCIAL TEÓRICO

A adolescência é uma longa fase de transição da infância para a vida adulta. Construída socialmente no século XX no mundo ocidental, tornou-se mais tarde global, porém com diferentes formas em diversas culturas. Por ser o período preparatório para vida adulta tende a ser prolongado para capacitação do indivíduo adolescente a assumir suas responsabilidades. A puberdade, ocorre nesse período e refere-se à transformação que causam modificações físicas que levam o corpo à maturidade deixando-o pronto para a reprodução. Consequentemente, todas as mudanças hormonais da puberdade, têm suas implicações nas áreas psicossocial e cognitiva na vida do adolescente.

Do ponto de vista da psicologia, tais transformações físicas constituem um dos acontecimentos mais dramáticos experimentados por uma pessoa ao longo de sua existência. Porém muitos outros ajustamentos lhes são cobrados nesta fase o que torna a adolescência um período de conflitos e crises, que se não forem resolvidos, terão influência direta na formação de sua personalidade.

É nessa fase que o adolescente se depara com grandes desafios de decisões a optar para assumir o seu papel na sociedade. Dentre essas, a opção sexual, a escolha da profissão, crenças e valores, dentre outros. É nesse momento que acontece uma crise de identidade que segundo Erikson (1968), não é sinônimo de catástrofe ou desajustamento, mas de mudança; de um momento crucial no desenvolvimento onde há a necessidade de se optar por uma ou outra direção, mobilizando recursos que levam ao crescimento.

Evidentemente, o adolescente não tem condições de assumir toda a responsabilidade que a sociedade lhe delega e nem mesmo tem ainda consciência de seu papel social. Contudo, para que ele se torne realmente um adulto, precisa resolver-se, definir-se e escolher, do contrário partirá para a vida adulta sem saber o que fazer, quais são seus valores, ou seja, como deve se comportar no mundo.

Alguns adolescentes assumem uma postura de rebeldia diante da cobrança da sociedade, decidindo assim se comportar contrariando aos padrões que o meio social considera aceitável. Através desses comportamentos, a adolescência é vista por muitos como uma fase de rebeldia e turbulência. Porém, este conceito varia de acordo com a história de vida de cada indivíduo, ou seja, nem todo adolescente é um rebelde.

Em meio a essa turbulência que os adolescentes enfrentam, os mesmos buscam orientações em pessoas a quem depositam total confiança, o que geralmente são os pais, que desempenham esse papel de orientar os filhos para a vida adulta. Essa confiança é conquistada desde a infância, porém os pais precisam estar em coerência com os seus ensinamentos.

Os pais, apesar de desempenharem o papel de orientar os filhos para tomarem suas próprias decisões, nem sempre são pessoas bem resolvidas com seus conflitos da adolescência, gerando insegurança nos mesmos. Se houver essa falta de segurança, poderão prejudicar outras pessoas, incluindo os filhos. Como Skinner (1938) afirma: o homem modifica o ambiente, e é modificado por ele.

Mesmo que as necessidades da adolescência sejam diferentes das da infância, há sempre a necessidade da dependência dos pais e de ser profundamente influenciado por eles. É nessa fase que o adolescente começa a perceber seus pais como pessoas, não mais como super-heróis, ou seja, os pais não podem tudo, eles também têm limitações, cometem falhas e aprendem com os filhos.

A comunidade também tem seu papel de influência do desenvolvimento humano. O adolescente quando se depara diante dos diversos contextos sociais, começa a enxergar que:

... cada um desses contextos terá importância e proporcionará informações ao jovem sobre sua imagem, exercendo uma influência diferente segundo as demandas propostas ao adolescente; os pais podem pedir obediência, respeito e amabilidade; os iguais, lealdade ou amizade; seu par, ternura e compromisso; a escola, esforço e disciplina. (COOL, et al 1996)

É na adolescência o momento em que o ser humano busca com mais intensidade esta significação. Papalia, citando Erikson, enfoca que a adolescência tem como principal papel o confronto entre a crise de identidade, provocada, sobretudo, pelo fim da infância, e a confusão de papéis, gerada pela busca de referência no mundo adulto (nos pais, nos amigos, nos adultos que se destacam em seu meio social, etc). (PAPALIA, 2000).

Ao resolver a crise de identidade, saindo da confusão de papéis, o adolescente se define no plano sexual, biológico, profissional e ideológico. Assim, poderá desenvolver estruturas e recursos próprios que permitirão viabilizar efetivamente suas escolhas, ou seja, passa a assumir o comando da própria vida. A sociedade pode até considerar esta fase um período de rebeldia, porém trata-se apenas de um momento em que é preciso decidir, e decidir não é algo que todos nascem sabendo. Através dos reforços positivos adquiridos em todos os contextos sociais em quem o adolescente está inserido, ele passa a andar com os próprios pés.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BANACO, R.A. VERMES, J.S. ZAMIGNAMI, D.R. MARTONE, R.C. KOVAC, R. Personalidade. In: HUBNER, M.M.C. MOREIRA, M.B. (Coord.) Temas Clássicos da Psicologia sob a Ótica da Análise do Comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara