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Análise filme Minha Vida em Cor de Rosa

Por:   •  29/11/2017  •  1.960 Palavras (8 Páginas)  •  407 Visualizações

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Assim, é importante deixar claro a família, que não a culpados, que ninguém especificamente causa o problema, mas que todos através de seus comportamentos organizam-se e desorganizam-se mutuamente, e que em vez de buscar culpados, que não serão encontrados, é necessário trabalhar em busca de um equilíbrio que traga satisfação e felicidade para a família (AGUIAR, 2005).

Além do mais, observa-se uma falha na comunicação dessa família, em alguns momentos todos os aspectos são discutidos por toda a família, em outros, alguns assuntos são proibidos, tornando-se um tabu.

Com relação as possibilidades de atuação do psicologo nesse caso, seria necessário primeiro realizar anamnese e entrevista com os pais, com o objetivo de conhecer a historia de Ludovic, para perceber quando iniciou seu comportamento de vestir-se e sentir-se como menina, em que circunstancias isso começou, como ocorreu a gestação de Ludovic, se ele foi um bebê desejado, quais as expectativas que a família depositava na vinda desse bebê, como ocorreu o desenvolvimento de Ludovic, como suas necessidades foram supridas por sua família até então. Nesse sentido, a literatura aponta que no diagnóstico e para posterior conduta terapêutica, é necessário compreender “se na historia do desenvolvimento da criança a família foi capaz de suprir suas necessidades de confirmação, diferenciação e construção de uma solida e positiva percepção de si mesma” (AGUIAR, 2005, p. 95). Como a família se relaciona entre si e com a criança, “e o que essa criança precisa realizar no sentido de obter satisfação para suas necessidades dentro desse contexto” (AGUIAR, 2005, p. 95).

Quanto ao seu desenvolvimento, deve-se observar se o comportamento de Ludovic se encaixa no “esperado dentro de uma determinada faixa etária em uma determinada cultura, sem reduzir o ser humano a tais elementos e sem perder a possibilidade de discriminação e significação de um determinado comportamento dentro de um contexto especifico.” (AGUIAR, 2005, p. 66,67)

Após essa investigação, e entrevistas lúdicas com Ludovic, será possível, realizar um plano terapêutico, que nesse caso envolveria orientação a família, de como se portar frente ao comportamento de Ludovic, como oferecer limites a ele, visto que observa-se, que além de sentir-se e vestir-se como menina, Ludovic apresenta alguns comportamentos desajustados, que exigem uma imposição de limites da parte dos pais, bem como correção, comportamento como o apresentado por ele na apresentação da peça na escola, quando ele rouba o papel de sua colega e a tranca no banheiro.

Nesse sentido, a abordagem Gestáltica enfatiza a importância dos limites para a criança afirmando que o limite ”é fundamental no desenvolvimento de todo ser humano, pois é o que permite que o mesmo desenvolva uma noção clara de si mesmo na relação com o mundo, o que envolve perceber até onde se pode ir e quando começa o espaço e o direito do outro” (AGUIAR, 2005, p. 84).

Essa percepção é de muito valor para as crianças, pois como já mencionamos, elas precisam de noções claras, seguras e, na medida do possível, constantes a respeito do mundo, das coisas, das pessoas e das possibilidades de inserção e interação. O limite situa e dá consciência da posição ocupada dentro de um determinado contexto – a família, a escola, e a sociedade como um todo (AGUIAR, 2005, p. 84).

A criança precisa de regras: o convívio social exige isso e as regras costumam dar a sensação de conforto e segurança. Pode ser muito ameaçador para uma criança, a responsabilidade de sempre escolher o que é bom para ela., segundo suas motivações e desejos pessoais. A sociedade é muito complexa, e a criança precisa e quer uma mão guia para entrar neste emaranhado de valores que é a cultura. O valor do limite é exatamente dar-lhe uma determinada concepção de mundo, para que depois, ela possa questionar e transformar (AGUIAR, 2005, p. 84).

Porém, deve haver um equilíbrio na imposição desses limites para a criança. Os pais devem demonstrar sua autoridades, sem no entanto, serem autoritários, porém no filme observa-se atitudes autoritárias da parte dos pais de Ludovic, ao imporem limites e regras pensando no seu próprio bem estar, e não no do seu filho, como quando contra a vontade de Ludovic, sua mãe corta o seu cabelo. De acordo com a literatura, uma postura autoritária dos pais “é extremamente prejudicial a criança, na medida em que não satisfaz suas necessidades de “contorno”, tornando-se submissas, inseguras e amedrontadas, ou ainda revoltadas e desafiadoras” (AGUIAR, 2005, p. 84, 85).

Assim, seria necessário que os pais de Ludovic alcancem o equilíbrio ao oferecer limites ao menino, porque o

excesso de limites pode ser dificultador, particularmente no que diz respeito ao desenvolvimento de autonomia, capacidade de escolha e resolução de problemas. O seu inverso pode ser igualmente desastroso, contribuindo para crianças perdidas, inseguras e com uma noção equivocada do mundo, das pessoas e dos seus direitos e deveres (AGUIAR, 2005, p. 85).

Através de psicoterapia, Ludovic, poderá expor seus sentimentos, através de técnicas lúdicas, e passar por um processo de autopercepção e responsabilização por seus atos, para que perceba que independente do que faça e sintam, seus atos terão consequências, e que ele terá que lidar com elas.

É importante que o terapeuta, leve a serio as fantasias de Ludovic, considerando-as expressões de seus sentimentos, assim, pode-se solicitar que Ludovic represente por meio de desenhos o que o deixa muito feliz, que depois fale sobre isso, e também a partir disso, possa falar sobre o que não é feliz em sua vida. Desse modo, explorar a fantasia da criança é de extrema importância para compreender o que se passa em seu mundo, e para permitir que a criança entre em contato com seus sentimentos, que se aproprie de sua realidade, e a partir disso possa desenvolver-se (OAKLANDER, 1980).

Nesse sentido, a abordagem gestáltica pontua a importância de a criança desenvolver sua awareness, apercebendo-se de dentro para fora, no momento presente, no contexto em que encontra-se. Que ela desenvolva “a capacidade da criança “dar-se conta” daquilo que se passa com ela a cada momento em sua relação com o mundo, do que ela sente, pensa, faz e necessita nessa interação” (AGUIAR, 2005, p. 69).

Dessa forma, a criança vai convivendo com seu meio familiar, seu grupo social e escolar e construindo gradativamente sua historia de vida no contato com eles. Atraves de seus ajustamentos

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