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Resenha Sobre o Filme O Nome da Rosa

Por:   •  3/3/2018  •  3.630 Palavras (15 Páginas)  •  632 Visualizações

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Segundo Carlos, o monge morto era um jovem de aparência um pouco feminina, cujo espírito se deliciava a traçar iluminuras grotescas, onde a ordem natural era invertida através de um mundo monstruoso e igualmente invertido. Nas margens dos saltérios ele pintava estranhas figuras híbridas, verdadeiros monstros. Adelmo não poupava mesmo o próprio Deus nas suas iluminuras blasfemas. Num Livro de Horas, as iniciais das palavras com que os anjos cantam a Santíssima Trindade -Sanctus, Sanctus, Sanctus- formavam três macacos a beijarem-se. “Três figuras beluínas de cabeças humanas, duas das quais se dobravam, uma para baixo e outra para cima, para se unirem num beijo que não se teria hesitado em definir impudico”.

Incomodado, William conclui que o jovem não havia se atirado de uma janela do mosteiro e sim do alto de outra torre. William decide continuar averiguando mais profundamente o caso. William de Baskerville começa a investigar o caso, onde os mais religiosos acreditavam ser obra do Demônio. William não partilha desta opinião. Como os religiosos não achavam explicações naturais para as mortes eles suspeitavam de forças demoníacas.

Nesta altura já é possível notar que William é diferente das outras pessoas, por não apresentar atitudes dogmáticas, comportamento compactuado por todos os outros homens do mosteiro. O fato de William questionar as coisas o diferenciava dos demais, porém como veremos mais adiante, essa conduta não é bem vista pela igreja e por seus membros.

O personagem de Sean Connery representa as novas ideias, o humanismo o homem renascentista, que defende a razão e o homem no centro do universo.

O primeiro com quem William vai conversar é Ubertino de Casale, um senhor venerado por muitos como um santo vivo e que outros o queimariam vivo como herege, seu livro sobre a pobreza do clero não é bem visto no palácio papal e que por conta disso vive escondido.

Durante o diálogo, Ubertino alerta sobre o diabo estar jogando belos jovens pelas janelas, se referindo ao jovem Adso e comparando com Adelmo de Otranto, o primeiro monge a morrer, pois segundo ele possuía olhos de uma moça e buscava relações com o demônio. Na continuação deste diálogo ele leva o jovem Adso para visualizar a imagem de uma santa que, ao ajoelharem, Ubertino acaricia sua cabeça de forma o tanto quanto maliciosa. William só observa.

Um monge, o qual seu nome não é citado, em uma de suas pregações diz: “Um monge não deve rir. Para isso existe o bobo que levanta a voz em risos”. Uma demonstração nítida sobre a influência do livro das artes de Aristóteles e a imposição de poder da igreja. Em outra passagem é dito “O riso é um evento demoníaco que deforma as linhas do rosto e fazem os homens parecerem macacos”.

É percebível que a fé era regida por conhecimentos de Aristóteles e nos filósofos grega, através de sua notável inteligência lógica.

Em outra passagem também é dito: “Na sabedoria há tristeza, quem amplia seu conhecimento, amplia também o seu pesar”. Era comum os monges se martirizarem, pois o corpo é visto como pecaminoso e o que consecutivamente deve ser castigado. Dessa forma, podemos perceber uma série de imposições de poder por parte da igreja e seu controle pelo corpo e porque também não dizer, a mente.

Na continuação ouvem-se gritos de desespero, uma calamidade, outra tragédia. Um segundo monge é encontrado morto. Venâncio, o tradutor de grego que era totalmente dedicado às obras de Aristóteles. William pretende descobrir se existe ligação com a morte de Adelmo. Umbertino surge meio ao tumulto e grita “Após o temporal de granizo com a segunda trombeta, o mar tornou-se sangue” – a profecia do apocalipse. “Com a terceira trombeta uma estrela cadente cairá em fontes de agua”. O medo se espalha, os outros monges assustados se desesperam: “o demônio está à espera”.

Enquanto William analisava o corpo de Venâncio, seu aprendiz Adso sai e se depara com uma espécie de santuário onde encontra um homem, Salvatore, de aparência peculiar, pois possui uma deformidade da coluna vertebral. Este corcunda começa a encenar e grita de forma ininterrupta a palavra: “Penitenziagite”. Esse grito significa a reunião dos Dolcinites. Eles acreditavam na pobreza de cristo e para eles todos deveriam ser pobres e, por isso, matavam os ricos. Podemos concluir que este corcunda é um herege.

Um momento curioso do filme talvez até engraçado é quando William e Adso vão até a biblioteca para examinar os livros que os dois monges falecidos liam antes de suas mortes. Nesta biblioteca um monge observa William, que ao pegar um objeto, este mesmo monge curioso o denomina como “olhos de vidro em aros gêmeos”, item este que nos tempos atuais chamamos de óculos.

Na continuação da cena, ocorre a uma das discussões mais importantes do filme. Ao começar a analisar o livro acima da mesa de Venâncio, um rato surge e um monge grita como uma mulher. Alguns monges acham a cena engraçada. Neste momento, surge Jorge de Burgos “o santo vivo”. O diálogo seguinte ocorre assim:

Jorge de Burgos – gritando diz: “Um monge não deve rir”. E provoca William: “Os Franciscanos encaram a alegria como indulgência”.

William de Baskerville – rebate concordando de forma coesa: “O riso é próprio do homem”.

Jorge de Burgos – diz: “Assim como o pecado, Cristo nunca ria”.

William de Baskerville: “Podemos mesmo ter certeza”?

Jorge de Burgos – “Nada nas escrituras prova que ele ria”

William de Baskerville – “E nada prova que ele não ria”, “Aristóteles dedicou o segundo livro da poética à comedia como instrumento da verdade”.

Jorge de Burgos – “Você leu está obra”?

William de Baskerville – “Claro que não. Está desaparecida a séculos”.

Jorge de Burgos – “Não está não! Ela nunca foi escrita! A providencia não quer coisas fúteis glorificadas”.

William de Baskerville – “Eu discordo”.

Jorge de Burgos – “Já chega”.

Uma demonstração clara de intolerância e as discussões de época entre fé x razão. Segundo Góes, o arguto franciscano que encara o riso como pertencente à essência

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