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Análise Comparativa - IX Seminário de Saúde e Educação

Por:   •  22/5/2018  •  1.634 Palavras (7 Páginas)  •  258 Visualizações

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Avaliar para que? Para quem? Qual o benefício para o sujeito de tais avaliações? Onde está o retorno? Existe eficácia ou é apenas uma ilusão? Para ele a avaliação está alienando o profissional, perdendo a chance de se construir uma auto avaliação e levando a hegemonia do normativo ao invés do formativo. Muitas das avaliações não possuem indicadores claros, entende-se avaliar como medir, e isto é uma mudança de foco perigosa. Avaliar é diferente de medir e para se ter uma avaliação com utilidade para o social é preciso pensar além dos números, construir uma avaliação com os profissionais da área, no ambiente de experiência e não em salas fechadas. Apenas assim a avaliação voltará a ter importância na atenção básica de saúde.

Na discussão dos temas acima ficou para quem estava assistindo a importância cada vez maior que os novos profissionais da área de saúde levem para a sociedade uma nova maneira de pensar, uma visão de tratamento unificada, com foco amplo no indivíduo, sem elitismo de profissão x ou y e principalmente onde o tratamento seja em busca da reinserção na família e no social. Durante não apenas a mesa 5, mas todo o seminário fica claro como o trabalho desse profissional de novo tipo têm sido vital para a construção de um novo paradigma em saúde mental, que foge dos estereótipos construídos ao longo do século XX, aproximando a sociedade do paciente, levando-os a compreender a doença mental de uma nova forma, sem preconceitos, sem o peso paralisante e incapacitante que ela antes carregava a imprimia sobre o doente.

Fica claro que mais do que a oportunidade, fica o dever para nós estudantes começarmos desde já a ajudar nessa desconstrução da doença mental, levando ao nosso meio social essa visão plural, nova e sem preconceitos.

A discussão apresentada nessa última mesa remete à mesa “Saúde Mental, Formação e Campo Social” bem como a mesa “Interdisciplinaridade e Saúde Mental apresentada nas palestras dos profissionais de novo tipo onde a discussão além demonstrar uma nova forma de se fazer saúde mental em tempos de “muros” ressurgindo trouxe para o público casos reais para exemplificar a importância da desconstrução de preconceitos, do diálogo e da visão “paciente como pessoa e não como caso”.

Lucas Gorgone, formando em psicologia pela UFSJ dividiu com o público sua experiência, e sua pesquisa sobre Casa de Palmeiras com foco nos anos 70 e a importância do acompanhamento da família do usuário de saúde mental aliado ao acompanhamento terapêutico que é mais do que um vínculo, onde o CAPS é porta de reinserção e não um porto permanente, um lembrete para o paciente. Fica claro que para a readaptação a vida normal o trabalho do profissional tem de ser em conjunto com a família e a sociedade. Um processo de educação que leva o usuário a ocupar outros espaços além do CAPS, promovendo sua autonomia, rompendo barreiras. Seja através de oficinas, seja saindo do padrão “clínica”.

Um exemplo da importância da comunicação e dos novos meios de tratar e compreender a saúde mental veio através da experiência de Luísa Cunha, também formada na UFSJ apresentou sua experiência com a desospitalização na Unidade de Longa Permanência no Hospital Psiquiátrico de Barbacena. O caso de um paciente de 56 anos internado desde os 21 anos, chamado de L pela palestrante. Onde houve resistência de ambas as partes. A equipe que o julgava e do paciente que não acostumava com seu novo ambiente, resistindo a rotina hospitalar. O projeto com o L em melhoras de vida para ele e um novo entendimento para a equipe. Ao final L solicitou transferência para uma casa terapêutica e destacou-se a importância de um trabalho que vai além do clínico, que usa da comunicação e da construção com o outro de laços de entendimento. O questionamento de L, “Tem Pimenta Aí?” dá nome ao caso apresentado por Luíza como um lembrete que a saúde mental não pode ser tratada como via de mão única.

Entre a interdisciplinaridade, a reforma psiquiátrica e os novos ambientes de tratamento (CAPS, CRAS, casas terapêuticas) ainda temos a resistência de uma geração em transição. Precisamos descontruir o que sabemos, analisar a experiência de profissionais que passaram décadas no ambiente psiquiátrico em um momento onde havia pouca esperança de mudança ou ainda pouca fé de que algo seria de fato mudado. Apenas assim poderemos compreender a dimensão do tratamento, da real mudança na vida dessas pessoas.

Receber esse novo formato de tratamento e aplica-lo não é o bastante. A resistência dos pré-conceitos em nossa sociedade é grande e por isso é necessário um resgate diário da experiência desses profissionais, de suas histórias, pois muitos fizeram lá atrás o que muitos hoje não acreditam ou duvidam ser possível. Todos os palestrantes desta mesa deixaram a questão “que tipo de poder você quer na clínica?”, até onde a política e seus aspectos influenciam da clínica. Esse processo de reinserção a sociedade, de autonomia do sujeito não pode ser perdido por políticas, e o profissional deve ocupar outros espaços, com a família e profissionais de outras áreas.

O ser humano é um ser complexo, com aspectos biológicos, psicológicos e sociais que não devem ser tratados isoladamente. Não podemos focar apenas nos rótulos e tarjas. Somente assim a visão de que temos de tratar doentes mentais deixará de prevalecer dando lugar a preocupação com a saúde mental. Seja o hipertenso, seja o usuário de drogas ou

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