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A relação mãe-bebê com a Síndrome de Down

Por:   •  20/10/2018  •  8.229 Palavras (33 Páginas)  •  254 Visualizações

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O interesse pelo tema do presente estudo tem influência da inquietação da pesquisadora por compreender e explicitar a interação mãe-bebê no contexto de mães com o seu filho com a SD, pois estão diretamente ligadas as atividades acadêmicas em que a pesquisadora perpassou no decorrer da graduação bem como o atual estágio onde a mesma está inserida podendo contribuir para uma reflexão da equipe multidisciplinar e de toda a rede de apoio sobre o assunto.

Contribuições significativas na compreensão da relação mãe-bebê foram dadas por Winnicott (1966/2007). Segundo ele, a mãe entra em um estado especial de adaptação quase perfeita com seu bebê, pois ela atende as suas necessidades prontamente, denominadas como preocupação materna primária. Trata-se de um estado de regressão em que a mãe fica supersensível, o que possibilita identificar-se com o seu bebê. Torna-se assim capaz de compreender exatamente o que o seu bebê precisa e o momento que necessita. Através da sua presença fiel e assertiva, a mãe ajuda a construir um elo na relação de confiabilidade.

Winnicott(1966/2007) trouxe em seus estudos que a relação primitiva mãe-bebê é um tema fundamental para compreender o desenvolvimento emocional do ser humano e que, por meio desta visão, gradativamente o bebê torna-se independente.

Nesse sentido, Winnicott (1956/1982) assinalou que, no início do desenvolvimento, o ambiente em que a criança está inserida, representado principalmente pela mãe, pode suprir as necessidades da criança, quando é denominado suficientemente bom. Desta forma, propiciará ao bebê alcançar as satisfações de suas necessidades físicas e emocionais. No entanto, existem ocasiões em que este ambiente falha, o que é sentido como uma invasão no processo de continuidade de ser da criança, desvirtuando o desenvolvimento do bebê. Assim, reconhece-se a importância de se estudar as funções da mãe em relação ao bebê nessa fase primitiva.]

Bowlby (1989) ressalta a importância do apego, termo utilizado por ele para explicar as primeiras relações entre mãe e criança, segundo ele, os bebês nascem com tendência para criar fortes elos emocionais com seus provedores de cuidados. Portanto, ao longo do desenvolvimento, a criança passa a manifestar um comportamento de apego, que é facilmente observado e que confirma a formação de uma relação afetiva com as principais figuras deste ambiente.

Outro autor relevante acerca do tema do desenvolvimento emocional nos primeiros anos de vida foi René Spitz (2000). Conforme o autor, a grande maioria das mulheres, ao se tornarem mães, descobrem-se mais amáveis, sensíveis e meigas durante o período da maternidade. É muito comum observar mães sorridentes, e num estado de romantismo pelo seu estado gestacional, o que promove na relação mãe-filho o que ele denomina Clima Emocional Favorável.

Além disso, Spitz (2000) refere que existe outra forma aguçada no relacionamento da díade, a mãe como uma representação simbólica do ambiente. A mãe reflete os dados ambientais, assim sendo a orientação afetiva do bebê será norteada pelas ações emocionais e de afeto da mãe.

Assim, o objetivo desta pesquisa foi de observar a relação mãe-bebê com seu filho com a SD, os dados encontrados corroboram na importância da relação da díade, trazendo a tona a necessidade de construção de estratégias de apoio materno e pela equipe de saúde, fortalecendo o vínculo afetivo entre mãe e filho em seu ambiente. A fim de contribuir com estudos atuais, procurou-se conhecer as características desta mãe com seu bebê com a SD.

Trata-se de uma pesquisa com delineamento de estudo único de caso, de caráter qualitativo e exploratório. Foi realizado através do método Bick, (1964/2002) quatro observações semanais, na casa da díade, que fica na região Metropolitana de Porto Alegre /RS. As observações tiveram duração de uma hora e trinta minutos cada, em dias e em horários alternados. Logo após, em outro ambiente, a observadora fez as descrições mais significativas.

Acredita-se que, na medida em que a equipe de saúde conheça as singularidades da relação mãe-bebê no contexto da SD, possa promover a construção de novos modelos de apoios maternos. Para tanto faremos uma apanhado teórico sobre as seguintes temáticas: A Síndrome de Down, a relação mamãe-bebê e a Síndrome de Down e o Método Bick, logo mais adiante serão apresentados os temas mais significativos que foram discutidos e analisados: ansiedade da família, a relação mãe-bebê, sensibilidade e responsividade materna, comunicação mãe-filho, dificuldades frente a dificuldades no contexto da SD e medo do futuro.

A síndrome de Down

Seguindo o raciocínio desse estudo na interação mãe-bebê, o nascimento de um filho com patologia inesperada pode interferir na relação da díade. A Síndrome de Down tem origem numa anomalia genética, que se caracteriza pela trissomia do cromossomo 21. Suas características são visíveis do nascimento, tais como: olhos “amendoados”, cabeça pequena achatada, língua para fora da boca (protrusa), mãos curtas e grossas, e os dedos mínimos são curvados, musculatura flácida (hipotonia) e as articulações enfraquecidas (Thompson & Ashwill, 1996).

A Síndrome de Down (SD) transcorre de um acidente genético que incide em média de 1 a 800 nascimentos, aumentando os casos com a maternidade tardia. Após os 35anos de idade materna, a frequência aumenta mais rapidamente: entre 39-40 anos, um em cada 100 nascimentos apresentam SD, e após os 40 anos da mulher, a proporção é ainda maior. Acomete todas as etnias e grupos socioeconômicos (Rodriguez, 2006).

A SD é uma condição genética descrita há mais de 100 anos por John Langdon Down (1866) e que compõe uma das causas mais frequentes de deficiência intelectual (18 %). De acordo com as estimativas do IBGE realizadas no censo de 2000, existem 300 mil pessoas com a Síndrome de Down no Brasil. As pessoas com estas deficiências apresentam, em decorrência, retardo mental (de leve a moderado) e alguns problemas clínicos associados ao atraso no desenvolvimento, como cardiopatia congênita (40%), hipotonia (100%), problemas auditivos (50 - 70%), de visão (15 – 50%), distúrbios de tireoide (15%), problemas neurológicos (5 – 10%), obesidade e envelhecimento precoce (Rodriguez, 2006).

Pueschel (1999) ressalta que as características são para um diagnóstico clinico e não devem ser destacados como tal. Seguem aqui algumas das características mencionadas por Schwartzman (1999): peso e tamanho de nascimento inferior ao normal; hipotonia (músculos

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