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A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO COM PACIENTES HIPOCONDRÍACOS

Por:   •  29/8/2018  •  6.689 Palavras (27 Páginas)  •  386 Visualizações

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1 INTRODUÇÃO

O objeto de estudo deste trabalho é a hipocondria. A hipocondria é geralmente considerada como uma preocupação exagerada do sujeito com seu estado de saúde. Essa preocupação se manifesta através de crenças, rituais e atitudes aparentemente irracionais com relação a seu corpo, como por exemplo, o medo constante de adoecer, de contaminar-se, de desenvolver uma doença grave. Os médicos encontram uma grande dificuldade para tratar desses pacientes que não aceitam serem desmentidos em suas queixas insistentes, convictos da realidade de seu estado, quando todos os exames o negam (VOLICH, 2002). Desse modo, sabe-se que:

“As concepções sobre a hipocondria ao longo da história permitem vislumbrar os caminhos percorridos pelo homem em busca da compreensão de seu corpo e de seu sofrimento. Essa história nos mostra também a evolução das representações que resultaram nas concepções atuais da doença orgânica e da medicina, bem como a articulação destas com a constituição do conhecimento psicopatológico” (VOLICH, 2002, p. 2).

O paciente hipocondríaco precisa de ajuda para tratar-se deste transtorno, e o profissional mais indicado a ajuda-lo é o psicoterapeuta. O psicoterapeuta é a pessoa que tem os instrumentos para auxiliar no tratamento da hipocondria. O psicólogo clinico conhece muito bem e sabe até mesmo que na maioria das vezes os médicos não levam em consideração a gravidade do sofrimento psicológico causado pela hipocondria e não encaminham este paciente para a psicoterapia, o que é inadequado pois o hipocondríaco precisa de ajuda emocional (TORRES; CREPALDI, 2002).

O psicoterapeuta tem o papel importante de conscientizar esta pessoa sobre seu real problema e motivá-la a libertar-se de sua preocupação desproporcional com doenças. A psicoterapia é a oportunidade para aprender a reinterpretar os sintomas e substituir os pensamentos disfuncionais por outros mais adaptados. A psicoterapia tratará principalmente da ansiedade, identificando sua fonte, fornecendo formas mais eficientes de lidar com a mesma. A pessoa poderá identificar o que a tornou hipocondríaca e o psicoterapeuta também ajudará o sujeito a entender sua própria historia de vida, conhecendo a si mesmo de uma forma serena e usar essa compreensão para seu crescimento pessoal como um todo (TORRES; CREPALDI, 2002).

Desse modo, o objetivo geral desta pesquisa bibliográfica é identificar e descrever a atuação do psicólogo com pacientes diagnosticados com transtorno hipocondríaco, logo, os objetivos específicos são: conhecer e refletir sobre o transtorno hipocondríaco e suas comorbidades, as consequências emocionais e sociais do transtorno, e como ele afeta o cotidiano e a qualidade de vida do paciente, por fim, refletir sobre as diferentes possibilidades de tratamentos terapêuticos.

Assim, a presente revisão se justifica a partir do momento que pretende identificar e descrever a atuação do psicólogo com pacientes diagnosticados com transtorno hipocondríaco. É considerado um tema de relevância acadêmica e científica, desse modo, realizar uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto traz acréscimos a literatura nacional e torna mais uma possibilidade de estudo e reflexão sobre a atuação do psicólogo com a população em questão.

2 METODOLOGIA

Este trabalho é resultado de uma pesquisa de natureza bibliográfica de caráter qualitativo. Para tal foram realizadas leituras de publicações feitas pelo SCIELO e BVS-PSI (1996-2014), utilizando os seguintes descritores para busca dos artigos: “Hipocondria”, “A Atuação do Psicólogo com Pessoas Hipocondríacas”, “A Relação do Hipocondríaco com a Sociedade”. Contudo para a construção da interdisciplinaridade o tema foi discutido entre o grupo de alunos na qual foi elaborada a sistematização do assunto a ser abordado juntamente com auxílio dos professores do segundo módulo do curso de Psicologia.

3 HISTÓRIA DA HIPOCONDRIA

O termo “hipocondria” deriva-se do antigo termo médico hypochondrium, que denota “abaixo das costelas” e reflete as queixas abdominais comuns de muitos pacientes com o transtorno (KAPLAN et al. 1997). Frédéric Dubois d'Amiens, médico, formado na Faculdade de Medica de Paris, membro correspondente e vencedor do concurso da Sociedade Real de Medicina de Bordeaux em 1830, graças à apresentação da sua tese intitulada "História Filosófica da Hipocondria e da Histeria" foi o principal pesquisador de um estudo aprofundado sobre Hipocondria. De um ponto de vista existencial, sistemático e por meio de um método histórico-filosófico, ele propõe uma descrição inédita da hipocondria, pois descreve passo a passo a constituição do sujeito afetado, revolucionando assim as concepções médicas e psicopatológicas desse transtorno. Apesar das diversas críticas que lhe são apontadas Dubois d'Amiens reconhece à hipocondria, desde 1830, um sofrimento psíquico e físico específico (MAURISSEN; PERREIRA, 2012).

A questão da hipocondria e da histeria evolui ao longo do tempo por meio dos diversos concursos abertos pelas grandes sociedades de medicina que ilustram a afeição e o mal estar que continuam a desencadear essas duas doenças pela sua difícil integração na medicina científica. Dubois d'Amiens se insere em um contexto histórico no qual a hipocondria é associada à histeria e considerava que uma nova análise era necessária a fim de dizimar a confusão instalada entre a hipocondria e a histeria. Em sua opinião, era necessária a existência de uma avaliação filosófica da história dessas duas afeições, da sua prática, bem como era necessária uma apreciação das causas, dos sintomas e dos meios curativos. O autor explora as relações entre hipocondria e histeria na história da medicina, Dubois d’Amiens buscou, com ambição, descrever a causa específica da hipocondria, pois considera que a distinção da sua localização no corpus médico é necessária. Segundo ele, os fenômenos característicos desta afeição “vêm da cabeça”. Assim, “a originalidade da hipocondria consiste em aliar a um sofrimento da alma feito de uma tristeza e de um receio durável, uma dor física específica situada no hipocôndrio” (DUBOIS apud MAURISSEN; PERREIRA, 2012). O autor afirma ainda que na hipocondria o princípio intelectual não está afetado, pois o autor considera que na loucura, o fundamento cerebral funcional é distinto do orgânico. (MAURISSEN; PERREIRA, 2012).

Segundo

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