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TRANSTORNOS ALIMENTARES

Por:   •  4/10/2018  •  2.698 Palavras (11 Páginas)  •  430 Visualizações

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"Anorexia", que remete a ausência de orexis, apetite, descreve, na clínica, um comportamento em que uma exagerada restrição alimentar é adotada no sentido de atingir-se um peso e uma forma corporal suficientemente magra segundo padrões que discordam do senso comum e das variáveis propostas pela medicina. Segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID 10), ela seria definida, inicialmente, por um emagrecimento com duas possibilidades de avaliação: uma perda de peso superior a 15% ou um índice de massa corporal igual ou abaixo de 17,5 (OMS, 1998). Esta perda de peso seria auto-induzida por restrição a alimentos baseada numa distorção da imagem corporal, e associada a um ou mais dos seguintes componentes: vômitos auto-induzidos, purgação auto-induzida, exercício excessivo, anorexígenos ou laxantes. Isso levaria a um transtorno endócrino resultando em amenorréia ou perda da libido em homens e, surgindo antes da puberdade, retardaria a seqüência de eventos que lhe é característica. Ao mesmo tempo, os manuais classificatórios são claros quanto à necessidade de se rever o diagnóstico se esses traços forem secundários a outra patologia vigente (FREITAS, 2004).

Estima-se uma freqüência de 2 a 4 casos entre mil adolescentes nas sociedades ocidentais, sendo interessante assinalar que este número representa cerca de um quarto dos casos de anorexia nervosa nas mesmas sociedades. Diferente dessa, cuja incidência vem aumentando, os números da anorexia nervosa têm-se mantido constantes, embora os quadros sejam, hoje em dia, melhor diagnosticados (BRUSSET, 2001).

1Anorexia Nervosa

O médico William Gull foi quem atribuiu ao transtorno o termo anorexia nervosa, relacionando sua maior incidência entre as mulheres jovens e identificando, mais precisamente, alguns sinais físicos da doença. Na verdade, o termo anorexia nervosa seria inadequado, pois do grego an significa ausência e orexis apetite; todavia, não se trata absolutamente de uma ausência de apetite, mas da recusa consciente e obstinada do indivíduo em alimentar-se com o intuito de perder peso (Herscovici & Bay, 1987; Robell, 1997; Turner, 1984).

São comum que a família tente associar o quadro a algum fator causal, do tipo má influência, decepções diversas, crises familiares, entre outros; ou ainda, se esforçarem por banalizar aquela atitude, criticando-a como uma mera rebeldia adolescente. Porém, ante qualquer alegação, a paciente sempre explicará sua atitude pelo desejo de emagrecer, ligado a um inconformismo por estar demasiadamente gorda, mesmo quando sua magreza impressiona (BRUSSET, 2007).

A Anorexia Nervosa é um tipo de Transtorno Alimentar que envolve "severas perturbações no comportamento alimentar" do indivíduo, sendo sua principal característica o medo mórbido de engordar (APA, 1994, pp.511-513).

A sua incidência têm aumentado nas últimas décadas, especialmente entre as mulheres jovens dos países ocidentais (Dunker & Philippi, 2003, p.52; Hay, 2002, p.16). Dados epidemiológicos têm mostrado que a incidência média anual da anorexia nervosa na população em geral é de 18,5 por 100.000 entre as mulheres e 2,25 por 100.000 entre os homens (Hay, 2002, p.14).

Os relatos iniciais de um padecimento auto-imposto através da restrição alimentar datam da Idade Média e na época estavam relacionados a uma conduta religiosa de privação (Bidaud, 1998; Herscovici & Bay, 1997).

1.1Epidemiologia

A taxa de prevalência de indivíduos com Anorexia é de 1% e desses cerca de 90% dos casos de Anorexia Nervosa são em mulheres. Os casos acontecem com mais freqüência em classes sociais mais elevadas. Em 45% dos casos, a Anorexia acontece após uma dieta de emagrecimento. Em 40% acontece por competição, como por exemplo, pessoas que sua profissão exige magreza como modelos e bailarinas.

Nas últimas décadas, tem crescido o número de relatos em meninas pré- púberes e em homens. As idades mais comuns de início ocorrem na adolescência, mas até 5% dos pacientes com Anorexia Nervosa tem início logo após os 20 anos AMBULIM (2009).

1.2Etiologia

Não há uma única etiologia que seja responsável pelos transtornos alimentares, acredita-se em multifatores englobando componentes genéticos, socioculturais, psicológicos, biológicos e familiares. De acordo com o AMBULIM (2009), dentre os fatores genéticos as pesquisas indicam um índice maior de transtornos alimentares em algumas famílias sugerindo possibilidade de fator genético associado, estudos genéticos com gêmeos monozigóticos e dizigóticos também apontam a genética como possível participante etiológico dos transtornos alimentares. Dentre os fatores biológicos, algumas alterações hormonais que ocorrem durante a puberdade, disfunções nos neurotransmissores moduladores da saciedade e da fome como a serotonina, a noradrenalina, a dopamina e diferentes neuropeptídeos têm sido considerados como predisponentes para os transtornos alimentares. Entre os fatores socioculturais estão a obsessão por um corpo magro e perfeito reforçado diariamente pela sociedade e mídia. A extrema valorização de atrizes e modelos geralmente abaixo do peso é um exemplo disso. Citam-se entre os fatores familiares as dificuldades de comunicação entre os membros da família e interações conflitantes que podem sustentar os transtornos alimentares.

Discorrendo sobre os fatores psicológicos, algumas alterações características como baixa-estima, distorções cognitivas, rigidez no comportamento, necessidade de manter o controle sobre sua vida e também a falta de confiança podem ser antecedentes do desenvolvimento do quadro clinico dos transtornos alimentares.

São ditos como fatores de predisposição: sexo feminino, história familiar de transtorno alimentar, baixa auto-estima, perfeccionismo, dificuldade em expressar emoções. Fatores precipitantes: dieta, separação e perda, alterações da dinâmica familiar, expectativas irreais, proximidade da menarca.

Fatores mantenedores: alterações endócrinas, distorção da imagem corporal, distorções cognitivas, práticas purgativas (BORGES et al, 2006).

O tratamento adequado para os Transtornos alimentares exige uma abordagem multiprofissional através de médicos psiquiatras, psicólogos com orientação individual, grupal e familiar, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, educadores físicos e enfermeiros.

O enfermeiro, como agente de saúde e educador, atua como um intermediário entre o conhecimento científico

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