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BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM SAÚDE HACC45 – TÓPICOS ESPECIAIS EM SAÚDE III

Por:   •  15/9/2018  •  1.130 Palavras (5 Páginas)  •  414 Visualizações

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"O abuso de medicamentos psicotrópicos na contemporaneidade" de Marta Regueira, crítica a prescrição excessiva dos médicos. Contextualiza a prática com a cultura do prazer imediato, relacionando com a ideia de um modelo de felicidade e saúde a ser seguido. O uso de medicamentos vai além do propósito terapêutico. Traços de personalidade, como o mau humor e pessimismo, também são "tratados". A autora afirma que é cada vez maior o número de pessoas que vão ao psiquiatra não por estarem doentes, mas atrás de mudança para o seu humor, personalidade ou jeito de ser. Assim o discurso médico não busca mais a cura, mas a regulação do mal-estar, uma eliminação dos sintomas. Citando Freud, a autora afirma que há cada vez mais uma procura por medidas paliativas que aliviem o sofrimento, como substâncias tóxicas que tornam o sujeito insensível à dor. Os tratamentos medicamentos são defendidos, então, pela redução do tempo e os gastos dispensados com o paciente.

No último artigo "Uma solução mágica para a dor de viver: reflexões psicanalíticas sobre o consumo de analgésicos" dos autores Mariana Magalhães e Paulo José, há uma análise dos estudantes do último ano de um curso de Psicologia e o modo como percebem a própria dor do ponto de vista orgânico e nunca como um sintoma de ordem psíquica. Os estudantes em questão não concordaram que um analgésico possa resolver problemas pessoais, contundo a maioria considerou que seria mais fácil resolver esses problemas com o uso de remédios. Não há um questionamento quanto ao fato da dor persistir: se existe preocupação com a investigação da dor é apenas com a via orgânica e não psíquica, no âmbito médico e não como questão emocional. O artigo conclui que a dor não pode ser analisada como reflexo de um funcionamento orgânico, já que está relacionado com os conflitos cotidianos; existe a possibilidade da dor ser uma manifestação somática de um conflito inconsciente, como um mecanismo de defesa contra ameaças da vida, tanto internas quanto externas ao sujeito, mas o choque entre a psicanálise e sua necessidade de abordar o mal-estar, e a ideia difundida pela medicina, indústria farmacêutica e publicidade da solução milagrosa é um empecilho para se vencer. A cura da dor através de medicamentos é uma ideologia científica e a automedicação é uma atividade altamente rentável para a indústria farmacêutica, portanto é de seu interesse que se mantenha a negação à subjetividade das manifestações do desconforto.

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