CASTRAÇÃO ORGANICA EM CÃES COM ACIDO LÁTICO E PAPAINA
Por: Kleber.Oliveira • 28/4/2018 • 2.829 Palavras (12 Páginas) • 361 Visualizações
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A OSH tradicional, técnica de esterilização de fêmea mais difundida na medicina veterinária, pode estar relacionada a complicações como hemorragias, ligadura ou trauma acidental de ureteres, inflamação ou infecção da porção do corpo uterino remanescente e a síndrome do ovário remanescente (SANTOS et al., 2009). A OSH com acesso pelo flanco é uma sugestão aceitável quando o animal tem um desenvolvimento excessivo das glândulas mamárias devido à lactação ou a uma hiperplasia. A abordagem utilizada permite um melhor acompanhamento da ferida à distância e reduz a incidência de hérnias no caso de ocorrer deiscência de sutura (LEVY, 2004). Porém, a técnica é contraindicada para fêmeas com piometra, obesas ou com menos de 12 semanas de idade. Para JASSENS e JASSENS (1991), além de tais desvantagens, existe o risco da ocorrência de cicatrizes ou alterações na cor do pelo quando voltar a crescer. MALM et al. (2004), em estudo experimental comparando a abordagem laparoscópica minimamente invasiva e a convencional com abertura de cavidade para a OSH, concluíram que ambas as técnicas são seguras e eficientes. A ocorrência de hemorragia foi menor na laparoscopia, entretanto o tempo de cirurgia foi maior. Além disso, a abordagem por laparoscopia exige uma equipe cirúrgica mais treinada. A técnica de abordagem minimamente invasiva com acesso por meio de pequenas incisões proposta por MIGLIARI e VUONO (2000), conhecida como a técnica do gancho, tem o intuito de reduzir o tempo cirúrgico, redução dos instrumentos cirúrgicos utilizados e do tempo de recuperação dos pacientes, porém o acesso em fêmeas obesas, ou de grande porte, é dificultado e é necessária habilidade do cirurgião para evitar o rompimento do complexo arteriovenoso ovariano, causando hemorragias durante a tração dos órgãos reprodutivos.
Uma reflexão mais profunda da eficácia da esterilização cirúrgica por meio de remoção dos ovários ou dos testículos é relevante, pois a gonadectomia vem sendo utilizada em vários municípios atualmente. Entretanto, os esforços investidos em cirurgias de gonadectomia apresentam dificuldades para um controle efetivo da população de cães em médio-prazo (MOLENTO et al., 2005). Adicionalmente, Como a remoção das gônadas de todos os cães nunca é atingível, é questionável continuar castrando animais machos errantes (MOLENTO, 2004).
4.2 INTERVENÇÕES QUÍMICAS
Por mais de cinco décadas vem sendo testadas injeções intratesticulares no intuito de inibir a formação, produção e maturação de espermatozóides. Dentre os produtos testados, a FDA aprovou em 2003 um produto rotulado para castração química, por meio de injeção intratesticular em cães machos. O processo envolve a injeção de zinco, em quantidade predeterminada com base no diâmetro do testículo. O zinco é considerado não mutagênico, não cancerígeno e não teratogênico (KUTZLER e WOOD, 2006; LEVY et al., 2008). Desde 2005, o produto é licenciado para uso pela FDA apenas para uso em filhotes de 3 a 10 meses de idade com testículos medindo 10 a 27 mm de diâmetro (LEVY et al., 2008). LEVY et al. (2008) observaram, em um estudo comparativo de esterilização de cães por meio de injeções intratesticular com gluconato de zinco e orquiectomia, que as taxas de complicação cirúrgica foram semelhantes. Porém as reações causadas pela administração do gluconato foram mais graves. Foi observada deiscência de sutura de pele em 3,4% dos 58 cães que sofreram orquiectomia e 3,9% dos 103 cães que receberam gluconato de zinco desenvolveram complicações, como necrose, inchaço e automutilação de uma porção do escroto.
BOWEN (2008) considera a esterilização química com gluconato de zinco um procedimento eficaz e seguro, principalmente para animais jovens. Uma variedade de agentes químicos é utilizada em cães com a finalidade de promover a esterilização dos animais, porém em ratos são relatadas dor e pirexia (LORENA et al., 2009).
O avanço das tecnologias possibilita a elaboração de estratégias de esterilização com redução do tempo de intervenção e facilidade de utilização, porém gera a necessidade de estudos para avaliar até que ponto essas tecnologias têm impacto no bem-estar animal.
4.3 DOR PÓS-INTERVENÇÃO
A dor pode ser definida como uma experiência sensorial e emocional aversiva, que alerta o indivíduo sobre uma lesão ou ameaça à integridade de seus tecidos. Ela altera o comportamento e a fisiologia do animal, tentando evitar ou reduzir o dano tecidual, diminuir a possibilidade de recorrência e/ou promover a recuperação (NÓBREGA NETO, 2008).
Segundo ALMEIDA et al. (2006), a dor acompanha todas as operações envolvendo tecido inervado e pode contribuir para morbidade pós-operatória. Além da dor associada às intervenções cirúrgicas, o período pós-operatório também decorre com sofrimento, podendo essa sensação dolorosa evoluir para cronicidade (DUNCAN, 2005).
Historicamente, acreditava-se que os animais não sentiam dor ou que a dor era percebida de forma diferente dos seres humanos, sendo que a dor pós- operatória ou após uma lesão era benéfica para o animal, pois limitava seus movimentos, assim evitando o agravamento do ferimento inicial. Atualmente, há um maior entendimento de como a dor se desenvolve, podendo tornar-se crônica, e que os animais e os seres humanos têm caminhos neurais similares para o desenvolvimento, condução e modulação da dor (HELLYER et al., 2007).
Um dos pontos críticos na avaliação do sofrimento animal é a mensuração de dor, pois um mesmo estímulo doloroso pode desencadear diferentes respostas nas diferentes espécies animais e em indivíduos da mesma espécie e raça (NÓBREGA NETO, 2008).
4.4 ÁCIDO LÁTICO
O ácido lático – ácido 2-hidroxi-propanóico – foi descoberto em 1780 pelo químico sueco C. W. Scheele (Datta, 1995), que, em seus trabalhos, o isolou 13 como um concentrado impuro a partir do leite ácido. Na época da descoberta, muitos cientistas suspeitaram que a substância descoberta por Scheele fosse, na verdade, uma mistura de compostos já conhecidos. Porém, outro químico sueco, J. Berzelius repetiu os experimentos de Scheele e concluiu que o ácido lático era um composto simples. Berzelius encontrou ainda o ácido lático no leite fresco, carne bovina, no sangue e em outros fluidos de origem animal (Elvers, 1990).
No organismo dos mamíferos, o ácido lático é produzido quando a molécula de glicose é quebrada durante atividade muscular intensa. A forma sintética do ácido lático é comumente
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