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A FUNÇÃO DOS ÁCIDOS GRAXOS NO ORGANISMO E A INFLUÊNCIA DO ÔMEGA 3 NA SAÚDE

Por:   •  10/12/2018  •  2.240 Palavras (9 Páginas)  •  289 Visualizações

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Os componentes lipídicos, especialmente os ácidos graxos, estão presentes nas mais diversas formas de vida, desempenhando funções importantes na estrutura das membranas celulares e nos processos metabólicos (YOUDIM e Martin, 2000). Em humanos, o ácido linoleico (18:2n-6, AL) e alfa-linolênico (18:3n-3, ALL) são necessários para manter sob condições normais, as membranas celulares, as funções cerebrais e a transmissão de impulsos nervosos. Esses ácidos graxos também participam da transferência do oxigênio atmosférico para o plasma sanguíneo, da síntese da hemoglobina e da divisão celular, sendo denominadas essências por não serem sintetizados pelo organismo a partir dos ácidos graxos provenientes da síntese de novo. (YEHUDA et al., 2002).

As famílias n-6 e n-3 abrangem ácidos graxos que apresentam insaturações separadas apenas por um carbono metilênico, com a primeira instauração no sexto e terceiro carbono, respectivamente, enumerado a partir do grupo metil terminal (FIGURA 1). A cadeia dos ácidos graxos também é enumerada a partir da carboxila, de acordo com designação ∆ (delta), que é mais aplicada ao estudar as reações químicas que envolvem esses ácidos. Devidos as diferenças fisiológicas entre famílias n-6 e n-3 e a simplicidade da designação n, passou a ser mais apropriado empregar esta designação ao estudar aspectos nutricionais envolvendo os ácidos graxos. (YEHUDA et al., 2002)

Os ácidos graxos das famílias n-6 e n-3 são obtidos por meio da dieta ou produzidos pelo organismo a partir dos ácidos linoleico e alfa-linolênico, pela ação de enzimas dessaturases e elongases (YEHUDA et al., 2002)

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O ácido linoleico (AL) (18:2 n-6) Ômega 6 é o principal precursor do ácido araquidônico (AA) (20:4 n-6), enquanto o ácido ALA é o precursor do EPA (20:5 n-3) e do DHA (22:6 n-3) Ômega 3. AA e EPA são ácidos PUFAs com 20 átomos de carbono que formam fosfolipídios das membranas biológicas (MADSEN et al., 1999). Os AL e ALA são substratos das mesmas desaturases, de forma que as famílias Ômega 3 e Ômega 6 competem entre si pelas mesmas enzimas envolvidas nas reações de dessaturação e alongamento da cadeia (SALEM, 1999).

Embora essas enzimas tenham maior afinidade pelos ácidos da família Ômega 3, a conversão do ALA em PUFAs é fortemente influenciada pelos níveis de AL na dieta (EMKEN EA et al.,1994). Assim, uma dieta rica em Ômega 3 é capaz de diminuir a conversão do AL em AA elevando a quantidade de EPA e DHA (BADOLATO et al., 1991)

Questões associadas às inter-relações entre ácidos graxos Ômega 3 e 6 ainda permanecem obscuras para qual extensão o ALA é convertido em EPA e DHA no organismo humano, e se tal conversão varia com a idade ou estado fisiológico. Além disso, também não se sabe qual a extensão do impacto da ingestão de Ômega 6 sobre a taxa de conversão do Ômega 3 em EPA e DHA, ou se tal ingestão causa alterações nos efeitos biológicos atribuídos ao EPA e DHA (BORNIS et al., 2005).

No reino vegetal é muito comum a síntese do ácido linoleico, ocorrendo também a sua conversão em alfa-linoleico, pela ação de enzimas que originam dupla ligação na posição ∆ 15 (NAKAMURA et al., 2004). Na classe dos mamíferos tem sido isolada e identificada dessaturases capazes de introduzir duplas ligações nas posições ∆5, ∆6 e ∆9(QIU X et al.,). A ∆ 9 dessaturase atua, predominante, na síntese de ácidos graxos monoinsaturados, tendo como principal substrato o ácido esteárico (18:0), que é o precursor do ácido oleico (18:1 ∆9). As enzimas ∆ 5 e ∆ 6 atuam na dessaturação de ácidos graxos poli-insaturados, apresentando maior afinidade com os substratos mais insaturados, o que resulta em uma maior probabilidade da síntese dos AGPI-CL da família n3 (BRENNER e PELUFO, 1996).

Essas reações ocorrem no reticulo endoplasmático, predominantemente nas células hepáticas, e tem sido aceito, por muitos anos, que a etapa final da síntese dos ácidos docosahexaenóico (22:6, n-3, ADH) e docosapentaenóico (22:5 n-6, ADP) envolve a ∆ 4 dessaturase, que atua sobre os ácidos 22:5 n-3 e 22:4 n-6. Embora sua existência tenha sido reconhecida em algumas espécies vegetais e microrganismos, a dificuldade em isolar e identificar essa enzima nos mamíferos induziu à busca por evidências metabólicas de outras etapas para explicar a produção do ADH (ácido decosahexaenóico) e ADP (ácido docosapentaenóico). Essas etapas envolvem ação das enzimas alongasse e ∆6 dessaturase, levando à formação dos ácidos 24:6 n-3 e 24:5 n-6, que nos peroxissomos sofrem a remoção de dois átomos de carbono, denominada de β-oxidação (QIU X et al., 2003).

Estudos recentes têm sugerido que a ∆ 6 dessaturase, envolvida na etapa final da síntese do ADH e ADP, corresponde à mesma enzima ∆6 empregada na dessaturação dos ácidos alfa-linolênico, assim os fatores que influenciam a atividade dessa enzima têm um impacto ainda maior sobre a síntese do ADH e ADP. (D'ANDREA et al.,2002).

Os AG ω-6 e ω-3, α-linolênico, EPA, e DHA são parte da dieta humana ao longo de evolução. A agricultura moderna e a revolução industrial levaram a mudanças na produção de ambas as plantas e animais, provocando alterações na composição dos alimentos das sociedades ocidentais. Anteriormente, à revolução agrícola, 10.000 anos atrás os indivíduos consumiam quantidades iguais de ambos. Recentemente, este equilíbrio tem sido modificado. Um consumo equilibrado de ambos, AG ω-6 e ω-3 é essencial para saúde. Uma relação de AG linoleico e α-linolênico de 4:1 ou menos se mostrou favorável. As intervenções clínicas fornecem suporte adicional para os efeitos benéficos de utilização de AG ω-3 na prevenção de doença cardiovascular, hiperinsulinemia, e possivelmente DM tipo 2, dentre outras patologias. Muitos estudos indicam que os AG ω-3 parecem diminuir ou inibir o risco de fatores ligados ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, não por concentrações de lipídio sanguíneas variáveis, embora EPA e DHA diminuam as concentrações de triglicerídeos, mas por reduzirem a coagulação sanguínea e arritmias ventriculares. (VOSS et al.,1991)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os efeitos benéficos dos ácidos graxos poliinsaturados para a saúde humana são evidentes. Embora o organismo humano seja capaz de produzir ácidos graxos de cadeia muito longa, a partir dos ácidos linoleico (AL) e alfa-linolênico (AAL) a sua síntese é afetada por diversos fatores, que podem tornar a ingestão desses ácidos graxos essencial para a manutenção de uma condição saudável.

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