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Interação de micro-organismos do solo com animais

Por:   •  1/1/2018  •  4.853 Palavras (20 Páginas)  •  479 Visualizações

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Uma das funções mais importantes exercidas pela microbiota do solo é a reciclagem de nutrientes, ou seja, a capacidade desses organismos de realizar as modificações necessárias para que restos orgânicos (como dejetos e tecidos) sejam incorporados ao solo como nutrientes para as plantas (PELCZAR et al, 1981).

Os tipos de micro-organismos que podem estar presentes no solo incluem: bactérias, fungos, algas, protozoários e vírus. Normalmente, o grupo de micro-organismos mais encontrado no solo, excedendo todos os outros (tanto em número quanto em variedade) é o das bactérias, e o motivo pelo qual isso acontece é que as bactérias são muito mais adaptáveis e variáveis (metabólica e fisiologicamente) que outros micro-organismos (podem ser mesófilas, termófilas, psicrófilas, autótrofas, heterótrofas, barófilas, halófilas, aeróbias, anaeróbias, etc.). A maioria das bactérias presentes no solo é heterotrófica e apresentam-se sob a forma de bacilos esporulados, sendo responsáveis pelo odor característico de mofo e terra com aspecto arado. (PELCZAR et al, 1997; PELCZAR et al, 1981)

Já os fungos tendem a ficar perto da superfície (devido às condições de aerobiose), sendo importantes na decomposição dos principais constituintes dos vegetais (como lignina e celulose) e na melhora da estrutura física do solo (através do acúmulo de micélios em seu interior). A presença de leveduras em solos não é comum, exceto em lugares que contenham açúcares (como pomares e apiários), os quais favorecem seu crescimento (PELCZAR et al, 1997; PELCZAR et al, 1981).

A população de algas que vivem no solo é constituída por três tipos principais: algas verdes (Chlorophyta), cianobactérias e diatomáceas (Chrysophyta), normalmente encontradas próximas à superfície do solo devido a sua natureza fotossintética. As algas geralmente têm suas atividades bioquímicas diminuídas em solos férteis (devido às atividades das bactérias e fungos), no entanto em solos pobres essas algas (através de sua atividade fotossintética, capacidade de fixação do nitrogênio e mineralização quando associadas a fungos) têm suas atividades bioquímicas aumentadas e podem iniciar o acúmulo de matéria orgânica. As cianobactérias podem ainda iniciar um processo de transformação de rochas em solo, já que crescem em superfícies rochosas estabelecendo assim uma base nutritiva capaz de suportar o desenvolvimento de outras espécies (sucessão ecológica) (PELCZAR et al, 1997; PELCZAR et al, 1981).

Os protozoários, bem como os vírus podem ser considerados um fator de manutenção do equilíbrio ecológico da microbiota do solo, pois o modo de nutrição desses organismos envolve principalmente a ingestão de bactérias (no caso de vírus bacteriófagos). Também pode haver no solo a presença de vírus de animais e vegetais no solo, em tecidos de plantas e animais mortos; e em excretas de animais. (PELCZAR et al, 1997; PELCZAR et al, 1981)

Os tipos de interações de espécies no solo são: mutualismo, comensalismo, antagonismo, competição, parasitismo e predação.

Mutualismo: ocorre benefício mútuo. Como por exemplo, os liquens. Estes são associações entre algas ou cianobactérias com um fungo e que estão presentes nas cascas de árvore e outros substratos. Nesta associação a alga ou cianobactéria fornece ao fungo compostos fotossintéticos e o fungo fornece umidade e suporte. Outro exemplo são as micorrizas, associação do fungo com a raiz da planta (geralmente árvores). O fungo fornece para raiz da planta melhor absorção de água e sais minerais do solo, já a planta fornece ao fungo produtos fotossintetizantes. Elas podem ser: ectomicorrizas (crescimento na superfície externa das raízes) e endomicorrizas (crescimento dentro das raízes das plantas) (PELCZAR et al, 1997).

Comensalismo: um recebe benefícios e outro não é prejudicado (presença de um aproveitador). Por exemplo, muitos fungos podem degradar a celulose em glicose, e as bactérias, muitas das quais não degradam a celulose, podem utilizar essa glicose (PELCZAR et al, 1997).

Antagonismo: inibição de uma espécie por outra. Como por exemplo, fungos que produzem substâncias tóxicas contra microrganismos e algas que produzem produtos antibacterianos.

Competição: relação de conflito entre espécies por nutrientes (alimento). Quando há baixas quantidades de nutrientes no solo, as espécies que crescem rapidamente privam os alimentos das que crescem lentamente (PELCZAR et al, 1997).

Parasitismo: interação entre parasita e hospedeiro. Um vive sobre (ectoparasita) ou dentro do outro (endoparasita). Por exemplo, os bacteriófagos que replicam no interior de células bacterianas, e fungos quitrídios que parasitam algas, outros fungos e plantas (PELCZAR et al, 1997).

Predação: relação entre organismo, o predador, alimenta-se outro organismo, a presa. Como alguns protozoários alimentam-se de bactérias e algumas algas, em um processo chamado de pastagem. E também a bactéria B. dellovibrio que se alimenta de outras bactérias, este tipo de bactéria rompe a presa e difunde-se no solo (PELCZAR et al, 1997).

A seguir estão alguns exemplos de bactérias patógenas aos animais.

A bactéria Bacillus anthracis é a única espécie patogênica do gênero Bacillus, sendo patógena aos animais, inclusive ao homem. A bactéria B. anthracis são comumente encontradas no solo, pois é o seu habitat natural e são indicadores biológicos. Algumas características morfofisiológicas são: forma de bacilos, Gram positivos, esporulados, facultativos anaeróbios e capsulados (capsula composta de ácido glutâmico) (SCHAECHTER et al, 2009; TRABULSI e ALTERTHUM, 2008).

A transmissão da doença é via contato com animais contaminados ou produtos provenientes desses animais. A contaminação se da pela aquisição do esporo bacteriano, por ingestão, inalação e inoculação - maioria. A doença ocorre primeiramente em animais herbívoros (TRABULSI e ALTERTHUM, 2008).

O Bacillus anthracis pode causar doenças cutâneas, respiratórias, e gastrointestinais, com infecções sistêmicas ou localizadas (TRABULSI e ALTERTHUM, 2008).

A contaminação da forma cutânea ocorre quando o agente invade o organismo através de tecidos com cortes ou com abrasões, que posteriormente o esporo germina dando a origem à forma vegetativa da bactéria. A lesão tem início com a formação de pápula, que posteriormente sofre ulceração na parte central, em consequência sofre ressecamento e formação de crosta de coloração escura bastante característica. A forma cutânea

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