Primeiras Escolas de Enfermagem do Brasil
Por: Rodrigo.Claudino • 19/11/2018 • 4.392 Palavras (18 Páginas) • 339 Visualizações
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A Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras surgiu também em um período em que a sociedade buscava soluções com relação aos destinos de garotas criadas em orfanatos, as quais, sem alternativas de trabalho, permaneciam por longo tempo nas instituições. Contudo, alguns registros históricos comprovam a impossibilidade de se formar enfermeiras com as órfãs das Pretorias, pois eram consideradas analfabetas, com pouco amor ao trabalho e má vontade para com os doentes. Ainda assim, a formação em assistência em enfermagem foi um meio pelo qual a mulher encontrava aceitação no mercado de trabalho. A enfermagem é tida, no imaginário social da época, como extensão da delicadeza e cuidados maternos aos doentes. Embora a referida escola não tenha sido criada exclusivamente para mulheres, sem dúvida estes aspectos contribuíram para que, por longos anos na história da enfermagem no Brasil, esta tenha sido uma profissão desempenhada por um número reduzido de homens.
Em relação à forma de ingresso e as condições de permanência do aluno na escola, era necessário aos candidatos possuírem 18 anos, ter noções elementares de aritmética, saber ler e escrever apenas e apresentar atestado de bons costumes. O exercício da profissão estava, dessa forma, voltado para o saber fazer de modo simples, uma vez que foi dada também a alguns alunos a possibilidade de bolsa trabalho, com direito à alimentação, alojamento e gratificação, já a partir do primeiro ano para sua permanência na escola. Nesse sentido, pode-se perceber que o perfil de aluno imposto à escola de enfermagem foi voltado às classes sociais menos favorecidas. Às elites não interessava alojamento, alimentação e tampouco gratificações mensais, pois possuíam todas essas coisas. Além disso, também não se importavam por trabalhos considerados inferiores.
O curso da Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras tinha, segundo seu decreto de criação, duração de dois anos, constando de noções gerais de anatomia, fisiologia, higiene hospitalar, curativos, pequena cirurgia, cuidados especiais a certas categorias de enfermos e aplicações balneoterápicas; noções de administração interna e escrituração do serviço sanitário e econômico das enfermarias. Ao final do curso, era conferido ao aluno o diploma assinado pelo diretor-geral da Assistência Médico-Legal de Alienados. O diploma dava preferência para os empregos nos hospitais mantidos pelo Estado e direito à aposentadoria depois de 25 anos de exercício profissional.
O curso, sendo teórico e prático, era feito em dois anos para obtenção do diploma de enfermeiro ou enfermeira, havendo ainda uma terceira série para obtenção do título de "visitadora social". Os dois anos compreendiam as seguintes matérias:
1º ano: noções gerais de ciências físicas e naturais; noções gerais de anatomia e fisiologia; noções gerais de higiene e patologia; enfermagem elementar; administração e organização sanitárias; questões éticas;
2° ano: noções práticas de propedêutica clínica e farmácia; técnica terapêutica geral e especializada, dietética, enfermagem médica; noções práticas de pequenas cirurgias, ginecologia e obstetrícia, enfermagem cirúrgica; noções de medicina social, serviços de assistência médico-social.
Escola da Cruz Vermelha do Rio de Janeiro
Na virada do século XIX, médicos brasileiros perceberam a necessidade de formar enfermeiras e enfermeiros treinados profissionalmente que estivessem a eles subordinados, que os substituíssem em determinadas tarefas e os auxiliassem no atendimento clínico e cirúrgico, em domicílio, hospitais civis e militares, asilos e hospícios, bem como nas campanhas de saneamento organizadas pelo governo.
Na década de 1910, a Cruz Vermelha iniciou cursos para formação de enfermeiras voluntárias e profissionais.
A história da fundação das turmas do curso remete à Primeira Guerra Mundial. Em 1914, foi criada uma comissão feminina para ajudar doentes e feridos. Era a Seção Feminina da Cruz Vermelha Brasileira, que, em três anos, virou curso por conta da demanda por enfermeiras no Rio, a capital federal.
Anterior à criação da Escola de Enfermeiras Dona Anna Nery, a Escola da Cruz Vermelha do Rio de Janeiro começou a funcionar oficialmente em 20 de março de 1916, com o objetivo a formação de "enfermeiras profissionais" para trabalhar nos hospitais, casas de saúde e no domicilio (serviço privado) e destinava-se a moças, entre 18 e 35 anos, provenientes das camadas menos favorecidas.
Com a instituição fundada no Brasil, era preciso um espaço que servisse de sede oficial. Até então, as aulas teóricas da Escola de Enfermagem eram ministradas em dependências de outras entidades e as práticas em hospitais da cidade.
Em 1911 foi elaborado um requerimento ao Congresso Nacional solicitando a doação de um terreno. Em 1916 se concretizou a doação solicitada. No mesmo se construiu um pavilhão, que foi inaugurado em maio de 1917, onde funcionou, em caráter provisório, a Escola de Enfermagem e o Órgão Central da Entidade. Porém, em 1919 deu-se início à construção do prédio definitivo. Esse edifício ficou completamente pronto em 1924 e funciona até os dias atuais. Um período dessas obras coincidiu com a primeira grande guerra, o que colocou a Cruz Vermelha Brasileira no cenário mundial.
O curso era gratuito e tinha a duração de dois anos. As candidatas às vagas deveriam se encaixar em uma serie de critérios que iam de apresentar atestado de boa conduta a passar por um exame de português (leitura e ditado) e de aritmética (quatro operações). Por cerca de 30 anos (entre 1917-1945), a Escola de Enfermeiras da CVB do Rio de Janeiro foi dirigida por médicos. Getúlio dos Santos (1881-1 928) foi um dos principais professores e diretor da Escola por vários anos.
O curso possuía um programa e um currículo explicitando as finalidades, objetivos, matérias, metodologia, conteúdos e formas de avaliação. Havia um manual para apoio, com informações sistematizadas destinadas às alunas e professores. Apesar de o curso ser uma ideia experimental não foi uma tentativa falha, funcionou por décadas e formou um número considerável de enfermeiras. Segundo Irmã Marta Telles, entre 1917 e 1960, diplomaram-se 427 alunas.
Escola de Enfermeiras D. Anna Nery
A Escola de Enfermagem Anna Nery/EEAN da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ, primeira Escola de Enfermagem no Brasil, surgiu no contexto do movimento sanitarista brasileiro
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