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EXPOSIÇÃO A AGROTÓXICOS E OS SEUS EFEITOS À SAÚDE DO TRABALHADOR – UMA REVISÃO DA LITERATURA

Por:   •  13/9/2018  •  10.496 Palavras (42 Páginas)  •  306 Visualizações

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De acordo com a Fundação Nacional de Saúde – FUNASA (BRASIL, 1998), a classificação mais utilizada é feita de acordo com o grupo químico a que pertencem e o tipo de ação (natureza da praga controlada). Essa forma de classificação é importante, pois é útil para o diagnóstico das intoxicações e para a adoção de tratamento específico.

Sá e Crestana (2004) esclareceram que a classificação dos agrotóxicos inclui, em geral, de acordo com a sua ação específica, os inseticidas, acaricidas (compostos utilizados no combate de ácaros diversos), fungicidas, nematicidas, desinfetantes e fumigantes em geral (compostos utilizados na ação de combate a insetos e bactérias), herbicidas, reguladores de crescimento vegetal e produtos correlatos, molusquicidas (compostos utilizados na ação de combate a moluscos, basicamente, contra o caramujo da esquistossomose), raticidas (compostos utilizados no combate de roedores), específicos para pós-colheita e sementes, os protetores de madeira, fibras e derivados, vários pesticidas específicos.

Os herbicidas são substâncias ou misturas de substâncias destinadas a destruir ou impedir o desenvolvimento de vegetais indesejados, denominados ervas daninhas. Esse grupo tem tido utilização crescente na agricultura nas duas últimas décadas, substituindo a mão de obra na capina, diminuindo, consequentemente, o nível de emprego na zona rural (BRASIL, 1997, 2002).

Os inseticidas são compostos químicos ou biológicos letais aos insetos e ácaros, em baixas concentrações e podem ser classificados em inorgânicos, orgânicos sintéticos, orgânicos naturais e biológicos (BRASIL, 1997, 2002).

Já, os fungicidas são agentes controladores das doenças causadas por infestações de fungos nos tecidos vegetais. Usualmente, o termo fungicida é empregado para a denominação dos agentes usados no controle de patógenos bacterianos e viróticos (BRASIL, 1997, 2002). Dessa forma, os agrotóxicos são classificados de acordo com o organismo que controlam, por sua composição química, por suas formas de ação, aplicação, penetração e formulação.

Do ponto de vista da composição química, de acordo com Brasil (1997, 2002), os agrotóxicos podem ser classificados em: organofosforados, carbamatos, organoclorados, piretroides, derivados da ureia, dinitrocompostos, organometálicos, tiocarbamatos, triazinas.

Os organofosforados constituem um amplo grupo de compostos sintéticos, em geral, altamente tóxicos, com um precedente nos gases de guerra, entre os quais se encontram o tabun sarin e soman, que foram desenvolvidos, especialmente, a partir da Segunda Guerra Mundial (HOLSTEGE; KIRK; SIDELL, 1997).

As propriedades desses compostos como inseticidas foram a causa de que, já em 1959, cerca de 50.000 foram sintetizados, revelando-se como úteis no combate às pragas de insetos, de modo que fazem parte, como ingredientes ativos, em muitas formulações comerciais. São absorvidos pela pele e por ingestão ou inalação, e a ação toxicológica em humanos ocorre por meio da inibição de enzimas colinesterases, especialmente, a acetilcolinesterase. Alguns organofosforados podem alterar outras enzimas (esterases), sendo a principal delas a neurotoxicoesterase. Os principais organofosforados são: folidol, azodrin, malation, diazinon, nuvacron, tamaron, rhodiatox (BRASIL, 1997, 2002).

Os carbamatos são N-substitutos dos ésteres de ácido carbâmico, usado, principalmente, como inseticidas e fungicidas. Foram desenvolvidos na década de quarenta no esforço para encontrar novos inseticidas. São inibidores reversíveis das colineslerases, porém as intoxicações podem ser tão graves quanto as ocasionadas pelos organofosforados. Os principais produtos desse grupo são o Carbaril, Temik, Zectram, Furadan (BRASIL, 1997, 2002).

Os organoclorados são produtos derivados do petróleo, pouco solúveis em água e solúveis em solventes orgânicos, o que os torna mais tóxicos e de grande absorção cutânea. São compostos à base de carbono, com radicais de cloro e derivados do clorobenzeno, do ciclo-hexano ou do ciclodieno. Os inseticidas organoclorados foram muito utilizados na agricultura, porém o seu emprego tem sido, progressivamente, restringido ou mesmo proibido, por serem de lenta degradação, com capacidade de acumulação no meio ambiente (podem persistir até 30 anos no solo) e em seres vivos, contaminando o homem diretamente ou por intermédio da cadeia alimentar, assim como por apresentarem efeito cancerígeno em animais de laboratório (BRASIL, 1997, 2002). Os principais organoclorados são: Aldrin, Endrin, BHC, DDT, Endossulfan, Heptacloro, Lindane, Mirex.

Os piretroides são compostos sintéticos que apresentam estruturas semelhantes à piretrina, substância existente nas flores do Chrysanthemum (pyrethrum) cinerariacfodium. A alta atividade inseticida dos piretroides possibilita o seu emprego em pequenas dosagens, que, associadas a sua seletividade, tem permitido o aparecimento de novos produtos de origem sintética, mais estáveis à luz e menos voláteis que os de origem natural, propiciando a sua grande difusão como domissanitários ou para uso na agropecuária. Alguns desses compostos são: aletrina, resmetrina, decametrina, cipermetrina a fenopropanato (Decis, Protector, KOtrine, SBP) (BRASIL, 1997, 2002).

Em razão do perigo que podem representar para os seres humanos, os agrotóxicos podem ser agrupados em quatro classes toxicológicas: classe I – extremamente tóxicos (faixa vermelha), classe II – altamente tóxicos (faixa amarela), classe III – medianamente tóxicos (faixa azul) e classe IV – pouco tóxicos (faixa verde). Essas classes são estabelecidas, levando-se em consideração os valores de doses letais dos compostos químicos, DL50 e os efeitos sobre os olhos e a pele (PETER; JOHN, 2008).

Conforme Stopelli (2005), a dose letal 50% (DL50) é definida como a quantidade de um produto químico, administrado de uma única vez, expressa em miligramas por quilo de peso corpóreo, que pode provocar a morte de 50% de um grupo de animais testados nas condições experimentais utilizadas.

De acordo com a sua formulação, os agrotóxicos podem ser encontrados como pó seco, apresentando, geralmente, cerca de 1 a 10% dos ingredientes ativo, e é aplicado diretamente nas culturas. Como pó molhável, devendo ser diluído, previamente, em água, formando uma suspensão. O pó solúvel é a melhor formulação, porém é rara, pois a maioria dos ingredientes ativos não são solúveis em água. Os granulados são utilizados apenas para inseticidas e alguns herbicidas. Já, o concentrado emulsionável é a formulação líquida mais antiga, sendo composta pelo

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