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Pensamento Politico Chines

Por:   •  12/8/2018  •  3.689 Palavras (15 Páginas)  •  290 Visualizações

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Como mencionado anteriormente, o confucionismo ganha força somente por volta de 206 a.C. durante a dinastia Han, se transformando na ideologia oficial do Império Chinês. A filosofia de Confúcio se manteve como ideologia oficial até início do século XX, quando o Império Chinês chegou ao fim. Porém, mesmo em momentos nos quais o poder central era enfraquecido:

[...] a filosofia foi o principal guia da organização social, familiar e política da China. Ao longo dos séculos, garantiu a continuidade da civilização chinesa e sua sobrevivência em períodos de turbulência e comoção social [...] (TREVISAN, 2009, p. 161)

Porém, um dos impactos negativos atribuído ao confucionismo está no declínio chinês a partir do século XVIII. Até esse momento, a China se encontrava na posição do país mais rico do mundo. Porém, ao não embarcar na área tecnológica promovida pela Revolução Industrial, a China permitiu que a Europa passasse a sua frente. Assim a China deixou de ser o país mais rico do mundo. De acordo com Weber, uma boa explicação para o fato da China não ter acompanhado ou precedido a Europa no que se refere a Revolução Industrial está justamente no confucionismo, porque essa filosofia prega uma ética comunitária e não individualista, sendo esse último um elemento importante para o capitalismo.

Além de reforçar a importância da família e promover ensinamentos éticos, o confucionismo também contribuiu para o enfraquecimento da aristocracia hereditária. Confúcio defendia que os ministros e funcionários deveriam ser selecionados por meio da meritocracia e não por conta da classe social. Para isso, deveria haver um concurso público no qual todos poderiam realizar os exames. Esses exames de seleção tinham como matéria o confucionismo. Assim, o candidato deveria pensar de acordo com a ética confucionista. Desse modo, a classe social não influenciaria na seleção dos burocratas, o que enfraqueceu a aristocracia hereditária e contribuiu para o surgimento de uma nova fonte de poder por meio de exames imperiais: os chamados mandarins. Aqueles que eram aprovados no concurso seriam os burocratas celestiais que deveriam aconselhar o soberano. No entanto, esses exames "[...]passaram a ser adotados de maneira pouco institucionalizada a partir da dinastia Han (206 a.C. - 220 a.C.) e ganharam contornos formais entre os séculos VI e VII, na dinastia Sui (581 d.C. - 618 d.C.)[..]" (TREVISAN, 2009, p. 161)

Uma das causas da adoção do método dos exames imperiais por parte da dinastia Sui estava relacionada às famílias aristocráticas, pois se presenciava um aumento do poder dessas famílias, como podemos observar no fragmento abaixo:

"Os imperadores Sui adotaram o sistema em reação ao aumento do poder das famílias aristocráticas entre os séculos III e VI, durante um dos períodos de desagregação do Estado chinês e enfraquecimento da autoridade central. Com base na hereditariedade, essas famílias detinham os principais postos na administração da corte e, na prática, dividiam o poder com o imperador. Os exames de seleção dos mandarins debilitaram a aristocracia familiar e criaram uma nova aristocracia, a dos funcionários civis responsáveis pela gestão do Império." (TREVISAN, 2009, p. 161)

A disputa por uma vaga na Burocracia Celestial era intensa, pois a função de burocrata celestial tornou-se a carreira mais honrosa e lucrativa da China naquele período. Ao conseguir se tornar um burocrata se alcançaria uma posição na qual o reconhecimento social seria o mais elevado que um chinês poderia desejar. Sendo assim, os pais colocavam seus filhos homens para estudar para as provas antes mesmo de completarem 10 anos. Desse modo, apesar dos exames serem abertos a todos que queriam realizá-los, "[...] os exames acabavam sendo destinados aos filhos de famílias com recursos para pagar por sua educação e sustentá-los até a eventual aprovação, que estava longe de ser assegurada (TREVISAN, 2009, p. 162)

Diante dessa intensa disputa e a grande concorrência para conseguir uma vaga e finalmente se integrar ao Império, muitos não foram bem sucedidos em suas provas. Assim, continuaram insistindo até alcançarem uma determinada idade. Ao perceberam que já não era mais possível alcançar uma aprovação, desistiram dos exames. Porém, a decepção por parte dos reprovados era tanta que esses se revoltaram contra o Império. Nesse sentido, "os líderes de algumas das principais rebeliões contra dinastias chinesas foram candidatos reprovados nos exames imperiais[...]" (TREVISAN, 2009, p. 164)

Os exames causaram grande impacto na sociedade chinesa e perduraram por muitos séculos, sendo abolidos em 1905 durante a última dinastia.

Sendo assim, o sistema da Burocracia Celestial teve um grande impacto positivo na sociedade chinesa, pois permitiu que pessoas menos favorecidas pudessem concorrer a uma vaga e se integrar ao império, abolindo, assim, a hereditariedade existente. No entanto, esse sistema terminou por ser abolido em 1905, porque já não correspondia às exigências do mundo daquela época: "[...] a principal meta dos estudantes era dominar o pensamento de um filósofo que viveu quinhentos anos antes de Cristo." (TREVISAN, 2009, p. 165). Sendo assim, esse sistema não era capaz de enfrentar as novidades que o mundo trazia. Mundo no qual a China já não era mais considerada o centro. Com isso, o confucionismo provocou um atraso nas instituições educacionais, retardando o avanço tecnológico do império, conforme pode ser evidenciado no fragmento abaixo:

A incapacidade de adaptar suas instituições educacionais foi um fator decisivo para o atraso tecnológico do Império do Meio em relação ao Ocidente a partir do século XVI e sua inexorável decadência no século XIX. Os exames imperiais perpetuaram o confucionismo e, paradoxalmente, evitaram o desenvolvimento de um sistema de ensino público na China. (TREVISAN, 2009, p. 165)

Com isso, conclui-se que a filosofia confucionista teve grande importância na estrutura e no funcionamento da sociedade chinesa, pois reafirmou a relevância da estrutura familiar: "a filosofia de Confúcio é marcada pela exaltação do respeito e obediência ao pai, vista como condição da submissão ao soberano e às regras sociais" (TREVISAN, 2009, p. 160)

Outro ponto que marca a sua importância está na promoção de ensinamentos éticos. Confúcio estava preocupado com o comportamento moral do homem. Sendo assim, "o ideal confuciano de cavalheiro era um homem virtuoso, que se dedicava ao estudo e, acima de tudo, sabia a maneira apropriada de se comportar dentro da

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