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Trechos do livro “Contra Perfeição” de Michael J Sandel comentados

Por:   •  11/4/2018  •  1.878 Palavras (8 Páginas)  •  519 Visualizações

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Assim como o autor diz, eu concordo que é um erro pensar na saúde em termos exclusivamente instrumentais, como um meio de maximizar alguma outra coisa. A boa saúde, assim como o bom caráter, é um elemento constitutivo do florescimento humano. E mais, procurar e zelar pela saúde dos filhos deve ser o dever de todos os pais. Não por questões de melhoramento e aperfeiçoamento meramente instrumentais, mas por questões de amor e zelo pela vida humana. Até porque a garantia da vida é um direito fundamental e só pode ser concretizada através de condutas negativas do Estado (em que há a proibição de certas ações estatais para garantir a vida, como por exemplo a pena de morte) ou conduta positivas, necessitando assim de certas ações que venham a promover cada indivíduo a cuidar de si e dos próximos, como as campanhas contra à água parada no quintal para evitar uma epidemia de dengue por exemplo e até mesmo campanhas de vacinação, tendo sempre em vista a garantia da boa saúde e do funcionamento do corpo como um todo, sem qualquer interesse a mais.

“A obrigação de moldar nossos filhos, de cultivá-los e melhorá-los complica o argumento contra o melhoramento. Admiramos os pais que buscam o melhor para seus filhos, que não poupam esforços para ajudá-los a conquistar a felicidade e o sucesso. Qual é, então, a diferença entre oferecer essa ajuda por meio da educação e da disciplina e fornecê-la por meio do melhoramento genético? Alguns pais conseguem vantagens para os filhos ao matriculá-los em escolas caras, contratar professores particulares, mandá-los a acampamentos de tênis, aulas de piano, de balé, de natação, de preparação para os exames de admissão à universidade e assim por diante. Se isso é admissível, e até mesmo admirável, então por que não é igualmente admirável que os pais se valham de quaisquer tecnologias genéticas à disposição (desde que sejam seguras) para melhorar a inteligência, a habilidade musical ou a competência esportiva dos seus filhos? ” (Sandel, 2015, p. 40-41)

Como escrito no texto, não teria uma exata diferença nos filhos moldados geneticamente e naqueles moldados através dos luxos ou benefícios de terem os melhores professores, frequentarem as melhores escolas e ter a melhor preparação. Entretanto, na minha opinião existe uma diferença e um fator em comum. No debate sobre benefícios educacionais ou benefícios geneticamente obtidos, esquece-se de citar que ambos são exclusivos a indivíduos que possuem uma situação financeira boa, o que no Brasil por exemplo, seria praticamente impossível esse tipo de benefício ser implantado por pelo menos 20% de toda população, devido a realidade e poder monetário da grande maioria ser muito diferente da realidade de alguém que realmente pode pagar algo assim, causando então um minoria de jovens superpreparados e inteligentes que devido aos seus “dotes” intelectuais e certo sentimento de superioridade para com o resto se transformem em uma elite, fragmentando ainda mais a atual sociedade. E embora sejam métodos exclusivos a certa parte da população que tem poder aquisitivo, o benefício de melhor preparação educacional ainda sim requer certo esforço do aluno o qual as aulas estão sendo dadas.

“A sombra da eugenia paira sobre todos os debates da atualidade acerca da engenharia e do melhoramento genéticos. Os críticos da engenharia genética argumentam que a clonagem humana, o melhoramento genético e a busca por crianças feitas sob encomenda não passam de eugenia “privatizada” ou “de livre mercado”. Já os defensores retrucam que as escolhas genéticas feitas livremente não são eugenia, pelo menos não no sentido pejorativo do termo. Retirar o aspecto da coerção, argumentam, é retirar aquilo que torna a eugenia repugnante.

Aprender a lição da eugenia é outra maneira de se confrontar com a ética do

melhoramento. Os nazistas deram um rosto feio à eugenia, mas o que exatamente havia de errado com ela? Seria a eugenia censurável somente quando coercitiva? Ou haverá algo de errado mesmo com as formas não coercitivas de controlar a carga genética da geração seguinte?” (Sandel, 2015, p. 54)

A eugenia é um tema muito falado pelo autor e na minha opinião ela deve ser censurada em qualquer circunstância. A partir do momento que você determina um biótipo ou genótipo para uma certa população ser “merecedora” de existir, está sendo cometido um sério crime de discriminação a todo o tipo de raça ou seres humanos que se encontram em situação genética diferente daquela, podendo consequenciar, assim como com Adolf Hitler e seu regime, um enorme genocídio e assim uma massa de crimes contra a vida, o que é fortemente repudiado pela nossa constituição. Sem citar as apologias a xenofobia, etnocentrismos, racismos, entre outras práticas gravíssimas contra a vida humana e a diversidade como um todo.

E como dito pelo autor:

“Do ponto de vista da religião, a resposta é clara: acreditar que nossos talentos e nossas potências se devam unicamente a nós mesmos é não compreender nosso lugar na criação, confundir nosso papel com o de Deus. A religião, contudo, não é a única fonte de motivos para nos importarmos com aquilo que nos é dado de modo inato, ou como dádiva. Os riscos morais podem também ser descritos em termos seculares. Se a revolução genética erode nossa valorização do caráter de dádiva dos poderes e conquistas humanos é porque transforma três características cruciais de nossa configuração moral: a humildade, a responsabilidade e a solidariedade. Num mundo social que preza o domínio e o controle, a experiência de ser pai ou mãe é uma escola de humildade. O fato de nos importarmos profundamente com nossos filhos mas não podermos escolher o tipo de filhos que queremos ensina os pais a se abrirem ao imprevisto. Tal abertura é uma disposição que vale a pena assegurar, não apenas nas famílias, mas também no mundo mais amplo. Ela nos convida a tolerar

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