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Teoria da Escolha Racional Aplicada: BLACK BLOCS

Por:   •  12/3/2018  •  1.722 Palavras (7 Páginas)  •  286 Visualizações

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Das ferramentas citadas acima, podemos citar, dentre aquelas que mais se encaixam à finalidade do trabalho em questão, a teoria dos jogos unida à teoria da escolha racional. A teoria dos jogos é um ramo da microeconomia que consiste em tentar entender as relações de escolha entre dois ou mais agentes, suas escolhas futuras, dado que sempre tentarão ter a maior satisfação (melhor resultado) com a sua escolha. Nessas relações, assume-se que todo indivíduo tenta obter o máximo de informação sobre o seu ambiente externo, e, por meio de seus julgamentos racionais, este escolherá o que lhe trará um melhor payoff.

O presente trabalho, tenta utilizar as ferramentas que analisam as interações estratégicas e as escolhas dos indivíduos, comumente aplicada no ambiente empresarial, para tentar entender o porquê de uma pessoa se associar aos black blocs durante uma manifestação. Por meio da modelagem de suas escolhas, motivação e satisfação, buscar-se-á entender como se formam e quais as principais características dos integrantes desse grupo.

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Objetivo Geral

Modelar e analisar, por meio da teoria da escolha racional e da teoria dos jogos, as motivações para se tornar um Black Bloc, para seguir nesse grupo e o tipo de participação em protestos.

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Objetivo Específico

Procuraremos verificar a relação entre os Black Blocs, sua atuação e finalidades; Indentificar o nível de interesse e a motivação para atitudes especificas em protestos; Reconhecer as prioridades e intenções dos participantes desse grupo, além de analisar as formas de organização, payoff, apresentando motivos de conduzem jovens a adesão e participação do Black Bloc por meio da teoria da escolha racional relacionada à teoria dos jogos.

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Segundo FIANI (2009), quase toda situação em que decisões levam a consequências para todos os participantes trata-se de um jogo, logo a teoria dos jogos, conceitua uma série de regras lógicas que norteiam vários campos de estudos nas ciências humanas e exatas a respeito da interação estratégica.

Dado a importância das interações estratégicas no cotidiano, a aplicação da Teoria dos Jogos aliado à Teoria da Escolha Racional pode ser observada nos mais diversos trabalhos e artigos acadêmicos ao redor do comportamento racional, como é o exemplo de The Bounds of Reason: Game Theory and Human Behavior, em que GINTIS (2009), no capítulo 3 de seu livro, questiona a aderência de modelos racionais no ambiente social.

Seu questionamento parte do pressuposto que não existe “racionalidade” em determinadas situações, porque o comportamento social é influenciado pelas emoções, e também, porque as relações interpessoais surgem da empatia e não do payoff previamente calculado, ou seja, não somos sociopatas.

Entretanto, GINTIS (2000) em Game Theory Evolving, discute o termo racionalidade para jogos no ambiente social, assim, dado um agente, este segue uma lógica formada por argumentos racionais para sustentar determinada premissa por ele adotada, seja ela moralmente correta ou não. Portanto ser racional caracteriza coerência das possíveis preferências do indivíduo.

Nas ciências políticas, Political Game Theory de MCCARTY (2007) possui uma série de exemplos de aplicação, entre eles, um modelo de repressão política a um protesto. No jogo proposto, existem dois jogadores, a sociedade e o estado, sendo o último dividido em moderado e conservador. Ambos apresentam retornos diferentes para situações de repressão, concordância ou sem manifestação conforme as características dos governantes em questão.

Ainda sobre protestos e revolução TULLOCK (1974) propõe o chamado “paradoxo revolucionário”. Segundo a Teoria da Escolha Racional, os agentes apenas participariam do movimento social caso o payoff seja garantido, o que nunca acontece num ambiente revolucionário. Além disso, a participação de um indivíduo a mais não altera o resultado da revolução e, dessa forma, não há estímulo racional algum, desconsiderando outros fatores, para a adoção de práticas revolucionárias por parte dos cidadãos.

Para solucionar tal paradoxo, podemos fazer uso do indivíduo avesso à igualdade de GINITS (2009). Esse agente está disposto a reduzir seu próprio payoff, para assim reduzir ainda mais o daqueles socialmente privilegiados (políticos, empresários, etc), na verdade, ele está preocupado com a distribuição final dos retornos e não apenas do seu próprio.

O caso acima enquadra-se perfeitamente ao agente que será tratado no proposto trabalho: o participante do Black Bloc nos protestos ocorridos no Brasil em junho de 2013.

Conforme VAN DEUNSEN (2010), a ideia do Black Bloc como uma tática de protesto tem seu histórico ligado ao grupo de estudantes conhecido como SDS (students for a democratic society), que protestaram, nos EUA em 1969, pelo fim da Guerra do Vietnã. Alguns alegam que sua real formação ocorreu em 1980, durante a visita do presidente americano Reagan à Berlim, em que os alemães punks protestaram contra à Guerra Fria e ao programa militar dos países desenvolvidos. Na época, as características marcantes do uso da roupa preta, máscaras e manifestação em bloco –na linha de frente dos protestos – aliaram-se ao ataque a símbolos do capitalismo.

Esses símbolos podem ser desde lojas da Starbucks – em Seattle 1999, enquanto ocorria a Conferência da Organização Mundial do Comércio –, como bancos e concessionárias de automóveis em 2013, no Brasil.

No mundo, JURIS (2005) afirma que os Black Blocs não correspondem a uma formação institucional de qualquer tipo, e ainda não se filiam a qualquer entidade pré-existente, sendo apenas um conjunto específico de táticas de “violência performática” para jovens militantes nos protestos. Ou seja, a existência do Black Bloc é limitada a duração das manifestações.

Entretanto, no Brasil, CARREIRO (2014) trata o Black Bloc como um movimento social espontâneo, articulado pela rede social Facebook, e desafiador do status quo pela promoção de protestos violentos; evoluindo, assim, de um simples conjunto de táticas para uma entidade organizada por modelos definidos de comportamentos anticapitalistas, e racionais como tentaremos justificar.

Ainda sobre a utilização de plataformas virtuais, SAYED (2011), a respeito do papel do Facebook na Primavera Árabe

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