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POLÍTICA, MÚSICA E PROTESTOS: A ARTE REPRESENTATIVA DE UM POVO NO CAMPO E NA CIDADE

Por:   •  7/5/2018  •  4.693 Palavras (19 Páginas)  •  306 Visualizações

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CAPÍTULO I: A década de 1960 na América do Sul: contexto histórico

Os anos de 1960 estão marcados pela Guerra Fria, que foi o confronto político, econômico, ideológico e militar indireto entre o capitalismo, liderado pelos Estados Unidos e o socialismo, sob direção da União Soviética.

A Guerra Fria favoreceu a política imperialista dos EUA e da URSS, fornecendo uma

"justificativa" ideológica para agressões militaristas a países do Terceiro Mundo.

A crise de governos populistas, e os sucessivos golpes de Estado responsáveis pela implantação de ditaduras militares na América Latina teve o apoio logístico militar e financeiro dos Estados Unidos que "se esqueceu" de seu liberalismo e seus ideais democráticos e sustentou esses regimes autoritários no continente latino-americano.

Ocorreram também grandes acontecimentos e movimentos sociais na mesma década, como, por exemplo, a mobilização a favor do homossexualismo, dos negros e do feminismo. Fatos que até a década de 1950 eram inaceitáveis e vistos com muito preconceito, e a partir dos anos 1960 já não mais, pois as pessoas se mobilizam e lutam por seus ideais e princípios, buscando a consolidação de seus direitos.

Na década de 1970, ocorre, no continente latino-americano, uma verdadeira “avalanche” de ditaduras militares, como no Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Peru, Bolívia, Paraguai, Nicarágua e Panamá. Salvaram-se dessa tragédia pouquíssimos países, como a Venezuela. A Argentina e o Chile, no entanto, tiveram regimes militares muito cruéis. Os generais Jorge Videla e Augusto Pinochet, respectivamente, destruíram a democracia em seus países a custo de muitas vidas.

Em toda a América Latina surgem movimentos artísticos de resistência ao autoritarismo, às ditaduras e militarismo. A canção popular de protesto obteve lugar de destaque ao denunciar a força-bruta por meio de canções e textos poéticos.

A década de 1960, nese contexto, marca um período de grande enfrentamento político- ideológico com os militares que governavam os países que já enfrentavam ditaduras e, naqueles em que o golpe ainda não havia ocorrido, a década de 1960 é também de grande mobilização por conta do que o mundo está vivendo. Às proibiçõese à violência no mundo, a canção popular de protesto respondia com contestação ao autoritarismo e a ideia da guerra, da pobreza e dos marginalizados e

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oprimidos. Nos países de ditadura, entretanto, nem sempre a censura permitia a circulação desse protesto em forma de música e tudo se perdia pela imposição da força e a arbitrariedade.

No Brasil:

O golpe Militar de 1964 derrubou o governo legítimo do presidente João Goulart e lançou o Brasil à ditadura que durou 21 anos. Instalou um estado de terror, suprimindo a liberdade de pensamento, organização e expressão, instaurando uma censura violenta, calando as oposições com prisões, desaparecimentos e mortes.

Os militares então, assumem o poder. A música popular brasileira, a partir desse momento, tornou-se grande instrumento de denúncia da falta de liberdade, onde a censura passou a vigiar a cultura dos brasileiros.

Desde o golpe, a sociedade brasileira lutava contra o desaparecimento da democracia no país. O auge da resistência civil à ditadura militar foi o ano de 1968, quando estudantes de várias regiões do país, inspirados no movimento europeu, saíram às ruas em passeatas e manifestações de protesto contra a ausência de liberdades democráticas. Na ocasião, um estudante foi assassinado por uma bala disparada pela polícia, no Rio de Janeiro, o que provocou a "Passeata dos Cem Mil" em protesto contra a ditadura.

A música popular brasileira resistiu à censura imposta, mas com grande prejuízo para nossa cultura.

No Chile:

O Chile vivia uma experiência democrática do presidente socialista Salvador Allende, líder da Unidade Popular (aliança de socialistas, comunistas e cristãos de esquerda).

O governo reformista de Allende nacionalizou as minas de cobre, as telecomunicações, as siderúrgicas e extração de carvão e salitre, bancos, ferrovias e extração petrolíferas; iniciou um programa de reforma agrária e de benefícios sociais reduzindo o analfabetismo e concedendo aumentos salariais aos trabalhadores. Devido a isso, recebeu o apoio de artistas populares, mas enfrentou também forte oposição das oligarquias internas, dos grupos empresariais, de multinacionais e dos Estados Unidos.

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Logo, o país sofreu uma intensa campanha de desestabilização promovida pelos EUA que bloquearam créditos, sabotaram a economia e financiaram manifestações e a criação de grupos oposicionistas. A CIA (Agência de Inteligência Americana) financiou greves nos transportes e combustíveis, acentuando a crise no governo chileno.

Mais tarde, Allende suicidou-se, em 1973, após a invasão do exército na sede do governo do Chile, num golpe de Estado que resultou na entrega do poder a uma junta militar chefiada pelo general Augusto Pinochet, que comandou um dos regimes mais cruéis e sanguinários do século XX. E desse governo, começa a revolta da população contra o governo.

O general Pinochet foi implacável com os cantores e compositores chilenos das músicas de protesto que clamavam por liberdade democrática, alguns desapareceram, foram assasinados, mas outros conseguiram fugir da brutalidade da ditadura dos militares.

Na Argentina:

A Argentina experimentou uma onda de golpes de Estado entre as décadas de 1950 e 1970. Após vários golpes militares sofridos na década de 1960, em 1976, um novo golpe derruba o governo de Maria Estela Martinez de Perón, iniciando uma violenta e sangrenta ditadura militar, com mais 30.000 desaparecidos políticos.

Um dos setores mais combativos na resistência a Ditadura Militar Argentina era formado por mães e familiares de desaparecidos políticos, inclusive como famoso grupo Mães da Praça de Maio, em referência ao nome da praça onde se localiza a sede do governo argentino.

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