A TEORIA D CAPITAL HUMANO
Por: Rodrigo.Claudino • 23/10/2018 • 6.200 Palavras (25 Páginas) • 402 Visualizações
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Outro aspecto importante na noção de desenvolvimento humano que deve ser considerado é assegurar às gerações futuras, ao menos, o mesmo nível de bem-estar disponível hoje sendo essa uma garantia essencial para o desenvolvimento sustentável[4].
Os cientistas econômicos têm-se perguntado por que uns poucos países têm experimentado longos períodos de crescimento em sua renda per capita causados por aumentos de capital ou de recursos naturais sem, contudo, sua expansão ser freada pela lei dos rendimentos decrescentes[5]? Por que países como Estados Unidos, Japão e alguns países Europeus tiveram um crescimento sustentado ao longo do século XX.
Uma das possíveis respostas que alguns economistas vêm tentando explicar está justamente voltada para o investimento que tais países fizeram nas áreas cientifico e técnica que em última instância eleva a produtividade do trabalho e dos demais fatores de produção. Logo, não é mera causalidade que a educação seja a inversão social com mais altas taxas de retorno, tanto para a sociedade como para os indivíduos. Ela permite um aumento progressivo na disponibilidade de capital humano, prepara a economia a incorporar o crescimento técnico a níveis sustentáveis, permite também aos indivíduos a terem uma maior integração cultural e maiores participações nas decisões políticas de uma nação garantindo assim a sustentabilidade dos regimes democráticos.
Devido a este fenômeno um programa de educação que vise a atender todos os cidadãos deve pensar em três premissas básicas: a) educar por quê? b) educar como? c) educar a quem?
Finalmente a palavra “educar” que vem do latim ‘educare’, e-ducar, e significa ex-trair, retirar o que esta dentro. Logo, a importância da palavra educar expressa em si mesma o que a pessoa carrega dentro de si para que cada ser humano se torne um ser humano, na acepção da palavra.
1.1. Aspectos Históricos
O termo capital humano vem sendo empregado constantemente em muitas áreas do conhecimento. Os economistas há muito tempo desconfiavam que as pessoas são uma parte importante da riqueza das nações. No entanto muitos economistas buscavam explicar o que causava a riqueza das nações sem, contudo, dissociar educação e trabalho. A partir da revolução industrial ocorrida no século XVIII o conceito de capital se converteu como uma variável estratégica e fundamental para explicar o crescimento econômico.
Com a consolidação da revolução industrial e com a publicação da Enciclopédia de Diderot e D’alembert apareceram as primeiras premissas de um quadro de ocupações e o que se deveria estudar para exercê-las. Logo, podemos perceber que o vínculo entre trabalho produtivo e educação tenha coincidido com o desenvolvimento capitalista, onde o seu modo de produção, o mercado, assume um valor quase absoluto e dentre as instituições a escola é uma das que mais se destaca como um processo de reprodução de valores, atitudes e ideologias que corroboram com o novo modo de produção.
Já nos fins do século XVIII mais precisamente em 1776 Adam Smith (1988)[6] em seu livro A Riqueza das Nações lançou as bases da ciência do que mais tarde tornar-se-ia capital humano. Ele foi o primeiro a olhar o homem como parte integrante do capital através das habilidades adquiridas e a importância da divisão do trabalho para o progresso econômico.
No entanto outro economista da época Thomas Malthus (1996)[7] apresentou um modelo dinâmico de convergência de renda per capita tomando como base os diferentes dados sobre crescimento vegetativo das diferentes populações. Entretanto o pensamento principal destes economistas é que o conceito de capital não deveria ser aplicado aos seres humanos, como afirmava Jonh Stuart Mill (1988)[8].
Irving Fisher (1926)[9] amplia o conceito de capital e apresenta claramente um conceito no qual afirma ser capital o estoque de recursos que permite originar futuros fluxos de ingressos, com este conceito tornou-se possível a sua aplicação às pessoas como parte integrante da riqueza de um país.
Logo, fica evidente que para os clássicos a concepção de crescimento econômico estava associado ao quantum que uma nação poderia produzir de riqueza e nesse contexto o fator trabalho era um elemento chave na explicação do valor.
Smith (op cit) via o trabalho tanto agrícola como industrial responsável pela criação de riqueza decorrentes da divisão do trabalho, tendo o produto rendimentos crescentes de escala, já para os fisiocratas somente o trabalho agrícola era responsável pela geração de riqueza.
Karl Marx (1982)[10] via a criação de riqueza como resultado da divisão do trabalho em necessário e excludente, sendo este ultimo responsável pela criação de riqueza decorrente da apropriação de mais-valia. O que vale ressaltar aqui sobre a visão clássica no processo de criação de riqueza é que os fatores de produção tanto trabalho como capital sejam tomados como constantes.
Na transição da analise clássica para a Marginalista[11], John Stuart Mill (op cit) analisa os fatores determinantes da produção, dando atenção especial aos fatores determinantes da produtividade, tomando a habilidade e o conhecimento, tanto dos trabalhadores como da classe que dirige o trabalho, como relevantes no processo de elevação da riqueza de uma nação.
Já nos fins do século XIX, os economistas da corrente Marginalista buscavam explicar fatores que contribuíam para a riqueza de uma nação, partindo do enfoque da contribuição marginal de cada fator de produção sobre o produto, entre eles podemos destacar Walras (op cit), Fisher (op cit), Jevons, Menger e Wicksell (1983, 1983 e 1934)[12].
Walras (op cit), partindo do conceito de riqueza social que abrange riqueza materiais e imateriais inclui as pessoas na categoria de capital social. Para ele os indivíduos são capitais naturais de um país e os mesmos acumulam riquezas que não podem ser destruídas
A partir da década de 60 do século XX é que se foi dada maior atenção aos investimentos em capital humano em virtude de uma maior preocupação com os fatores que influenciam o crescimento econômico decorrentes dos aumentos dos diferenciais de renda entre as diferentes classes sociais.
Os primeiros trabalhos foram desenvolvidos por dois economistas Gary Becker e Theodore Schultz (op cit), que posteriormente receberam o prêmio Nobel, afirmam eles que o progresso de um país se dava essencialmente pelo investimento nas pessoas. Logo, a partir destes estudos a economia da educação tornou-se uma área de investigação
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