O Que é Pesquisa Cientifica
Por: Kleber.Oliveira • 3/3/2018 • 5.006 Palavras (21 Páginas) • 304 Visualizações
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No entanto, na idade Contemporânea (a partir do século XVIII) a ciência triunfou, conquistando o lugar de principal fonte do conhecimento. O desenvolvimento da explicação racional só foi possível pela diminuição do poder da Igreja Católica e pela valorização do conhecimento baseado na razão, na observação e na experimentação.
Isso não significa que o pensamento religioso tenha desaparecido ou que ele não coexista com a ciência, dado que um indivíduo pode ter sua religião, opinar com base no senso comum e desenvolver pesquisas cientificas como profissão.
BLOCO 3: TIPOS DE CONHECIMENTO
Mas não é só a ciência que tenta explicar a realidade. Mitos, religiões, filosofia e senso comum também tentam. Detalhando melhor, vamos pensar num problema para o qual diversas explicações são construídas: a origem do homem. Existem mitos criados e transmitidos de geração para geração, objetivando explicar como o homem nasceu. Por exemplo, em uma das narrativas atribuídas aos gregos antigos um Deus chamado Zeus teria criado a humanidade. Sob outra perspectiva, segundo a explicação religiosa cristã, que tem como fonte a Bíblia, a humanidade veio de Adão e Eva, à semelhança de Deus. Já a filosofia procura entender a questão de forma racional, metódica e profunda. Em comum, as explicações derivadas de mitos, da religião e da filosofia não necessitam de comprovação para que sejam aceitas. De forma diferente, a explicação científica sobre a origem do homem baseia-se nos estudos empreendidos pelo pesquisador Charles Robert Darwin (1809-1882), que defendeu a teoria de que o ser humano descende do macaco. A explicação de Darwin foi fruto de meticulosas pesquisas e observações, e revela um dos traços fundamentais da ciência: a necessidade de comprovação.
Para melhor entender os tipos de conhecimento, é importante diferenciar a explicação científica daquela derivada do senso comum. O senso comum, também chamado de conhecimento vulgar, inclui aquelas afirmações que todo mundo compartilha, ou seja, que a maioria aceita como verdadeiras, mesmo que não tenham sido comprovadas. Esse tipo de conhecimento é formado pelas impressões advindas das experiências concretas dos indivíduos e dos conhecimentos transmitidos pelo seu grupo social. É o que a maioria acha sobre um assunto, como, por exemplo, a crença de que chá de boldo combate os males do fígado. Embora tal relação seja verdadeira, ela não foi criada a partir de um conhecimento sistemático, e sim da experiência concreta de indivíduos, transmitida de geração para geração. No entanto, para saber se de fato existe relação entre o chá de boldo e a melhora dos problemas do fígado, os cientistas realizaram pesquisas utilizando métodos confiáveis. Ou seja, eles testaram as propriedades do boldo, além de utilizarem o chá em pessoas com problemas no fígado e acompanharem os resultados. Assim, com base em testes empíricos que confirmaram o senso comum, hoje é possível afirmar que o chá de boldo melhora os problemas derivados do fígado.
Por meio desse exemplo é possível notar que o conhecimento científico e o senso comum não se diferenciam pela sua veracidade ou pelos fenômenos que estudam: ambos podem ser verdadeiros, além do que os dois querem conhecer os mesmos fenômenos. O que os diferencia é o meio empregado para conhecer os fenômenos: o conhecimento científico utiliza métodos comprovados, dados empíricos e raciocínio analítico, enquanto que o senso comum se baseia nas experiências pessoais ou transmitidas pelo grupo social.
Mais detalhadamente, o conhecimento científico parte do empírico – ou seja, da experiência ou da observação – e sistematiza o conhecimento para estabelecer causas e leis que regem todos os fenômenos. Sabendo como um fenômeno se comporta em determinadas circunstâncias, é possível afirmar que sob as mesmas condições ele se comportará da mesma forma. Por isso as explicações estabelecidas pela ciência têm a intenção de explicar e fornecer uma previsão da realidade. Logo, a ciência se diferencia dos outros tipos de conhecimento por utilizar métodos confiáveis, que se apóiam na realidade empírica e em reflexões pormenorizadas para explicar e prever determinado problema.
Para sistematizar os diversos tipos de conhecimento, apresentamos a seguir um breve resumo deles:
Mito: são narrativas aceitas sem processo de reflexão ou crítica, sugerindo uma verdade ou reflexão de ordem moral.
Religião: situa-se no plano da fé, pois são crenças preexistentes que aparecem sob a forma de revelação e não são questionadas, nem tem que ter evidência empírica para serem aceitas.
Senso comum ou conhecimento vulgar: fruto da experiência e da transmissão de conhecimento pelo grupo social. Não parte de reflexões ou testes sistemáticos. É o saber comum da vida diária.
Filosofia: a filosofia reflete sobre temas abstratos tais como ética, amor e liberdade de forma ampla, e seus conhecimentos não necessitam de comprovação.
Ciência: parte de evidências, de raciocínio analítico e de métodos idôneos para que seus resultados sejam precisos, dando origem a um conhecimento sistematizado. Uma explicação mais detalhada sobre esse conceito foi apresentada por Marconi e Lakatos:
“[...] o conhecimento científico é real (factual) porque lida com ocorrências ou fatos, isto é, com toda ‘forma de existência que se manifesta de algum modo’ (Trujillo, 1974:14). Constitui um conhecimento contingente, pois suas proposições ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecidas através da experiência e não apenas pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico. É sistemático, já que se trata de um saber ordenado logicamente, formando um sistema de idéias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos. Possui a característica da verificabilidade, a tal ponto que as afirmações (hipóteses) que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Constitui-se um conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final e, por este motivo, é aproximadamente exato: novas proposições e o desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente”.
(MARCONI, M.; LAKATOS, E. Fundamentos da Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 2010:62).
O tipo de conhecimento predominante variou nos diversos períodos da história da humanidade. Se traçarmos uma linha do tempo da história da civilização ocidental, perceberemos que na Pré-história os mitos permeavam
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