HISTORIA DAS IDEIAS SOCIOLOGICAS
Por: SonSolimar • 24/11/2017 • 19.984 Palavras (80 Páginas) • 413 Visualizações
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ARISTÓTELES – AS FORMAS DE CIDADE
Os diferentes tipos de constituição
Entre as formas de governo de tipo monárquico, costumamos designar com o nome de realeza aquela que leva em conta o interesse comum; quando a autoridade é exercida por um pequeno grupo, indo, todavia, além da unidade, é uma aristocracia (chamada assim ou porque são os melhores que governam, ou porque aí se tem em vista o maior bem para a cidade e seus membros). Quando, enfim, a multidão administra o Estado em vista da utilidade comum, o verno recebe o nome comum a todas as constituições, a saber, uma república.
O teocentrismo da Idade Média
Depois da Grécia, é Roma que ocupa o posto mais alto na história ocidental. Mas o Império Romano, que vai perecer debaixo do peso do gigantismo e do absolutismo, não produz nenhuma reflexão política original. No plano intelectual, impõe-se então um nome: o de Santo Agostinho, bispo de Hipona.
As duas cidades de Santo Agostinho
No intuito de refutar as teses pagãs que atribuíam a queda de Roma a uma adesão progressiva ao cristianismo, Santo Agostinho redige A cidade de Deus. Esta obra constitui ao mesmo tempo, uma tentativa de refutar as ideias milenaristas. Santo Agostinho se opõe vigorosamente a essa intromissão religiosa na vida política e social. Mas o coração da demonstração, efetuada por Santo Agostinho em A cidade de Deus, se acha noutro lugar. É constituído por uma oposição entre dois tipos de “cidade humana”: a cidade terrestre e a cidade de Deus. Na primeira, os seres humanos vivem no pecado. A segunda é uma cidade cosmopolita em que os seres humanos vivem no exclusivo amor a Deus, na fé e na humildade.
As rupturas da Idade Média
Vão declinando as atividades da indústria e do comércio, para darem lugar a uma sociedade novamente agrária, e em via de cristianização. Do século XI até ao inicio do XIV, vamos assistir a um real renascimento e a grandes abalos tanto intelectuais como econômicos e políticos. Mesmo que aos poucos ela se normalize, a releitura da obra de Aristóteles é inicialmente ensejo para abalar seriamente a doutrina cristã em seus alicerces idealistas e ascéticos. Em matéria econômica, a prosperidade ligada ao rápido desenvolvimento de técnicas agrícolas novas, do comércio e da prática do empréstimo a juros atesta o vigor da cidade terrestre.
LE GOFF – A SOCIEDADE MEDIEVAL
As três ordens da sociedade medieval
A ordem clerical se caracteriza pela oração, o que indica talvez um certo primado concedido ao ideal monástico, ao ideal sobretudo de um certo monarquismo, mas que se refere antes de tudo à natureza essencial do poder clerical, que vem de sua capacidade especializada de obter pelo exercício profissional da oração o auxílio divino. A ordem militar também não é tão simples para se apreender, como poderia parecer à primeira vista. Sua unidade e sua coerência concretas estão, sem dúvida, ainda mais afastadas da realidade que as da ordem clerical. Se, apesar dessa complexidade, é possível ver facilmente que é designado pelos dois primeiros termos do esquema da sociedade tripartite, o mesmo não acontece com o terceiro termo. Quem são os laboratores? Se é claro, como o atestam os equivalentes agricolae ou rustici que encontramos, que se trata, na época que estamos considerando e nas regiões onde esses textos foram escritos, de rurais, é mais difícil determinar que conjunto social é aqui designado.
De Santo Tomás a Ibn Khaldun
Santo Tomás aí reafirma, o principio de Deus Criador e se esforça por dar novas provas teóricas de sua existência. Seguindo os passos de Aristóteles, ele não dissocia corpo e alma, e reconhece ainda por cima o interesse de uma análise racional da vida social. Mas como Deus é aquele que gerou da natureza, essa análise deve ser colocada sob a dependência da teologia sobrenatural. No registro político, Santo Tomás reconhece a monarquia como o melhor de todos os regimes e reivindica a superioridade da teologia sobre o político, a submissão dos reis aos sacerdotes. Muito antes, lança também bases de uma teoria dos ciclos sociais, ciclos ritmados pela dominação de grupos, partidos ou dinastias que acabam no fim de um século, mais ou menos, por se esgotar no poder.
O pensamento social e político nos tempos modernos
O século XIV e toda a primeira metade do século XV devem, sem sombra de duvida, ser inscritos no quadro tenebroso da história. Consolida-se o desenvolvimento econômico e os grandes descobrimentos se vão sucedendo (em 1492 Cristóvão Colombo é o primeiro europeu a pôr os pés em solo americano). Tendo como pano de fundo crises e guerras recorrentes, a ordem social se transforma também. Dissolvem-se os laços de padroado da sociedade feudal enquanto os Estados nacionais vão progressivamente se afirmando.
A dupla contestação da Igreja
No plano intelectual, a evolução do século XVI tem a marca de dois grandes abalos: o Renascimento e a Reforma. O renascimento tem sua origem na Itália e a seguir se difunde pelos Países Baixos, pela França e pela Inglaterra. Graças à redescoberta da filosofia grega, o humanismo entusiasta do Renascimento celebra a beleza multiforme das obras de arte, a plena realização do ser humano, a educação e a liberdade intelectual. O Renascimento vem a ser, enfim, uma curiosa mistura em que sem mesclam a invenção da imprensa, o desenvolvimento das ciências e o fascínio pelo esoterismo e as paraciências. A reforma é inaugurada em 1517 por um monge agostiniano alemão, Martinho Lutero, que denuncia a corrupção da Igreja. Lutero tem a persuasão de que só a fé salva e que é, por conseguinte, inútil procurar comprar a própria salvação na Igreja. Se a Reforma ganha uma dimensão de massa, o Renascimento é antes algo que envolve alguns eruditos esclarecidos.
Chaunu – A Reforma Protestante
A reforma Protestante é, portanto, a autoridade da Sagrada Escritura, a justificação pela fé e a tomada de consciência de uma renovação. Portanto, uma modificação na percepção da duração. Essa submissão ao poder do Estado, no entanto, não é algo evidente. Tal é a mensagem das primeiras formas de pensamentos utópico que, seguindo Platão, questionam a ordem estabelecida e concebem novos ideais.
Razão
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