Essays.club - TCC, Modelos de monografias, Trabalhos de universidades, Ensaios, Bibliografias
Pesquisar

Gestao e serviços

Por:   •  20/12/2017  •  7.428 Palavras (30 Páginas)  •  280 Visualizações

Página 1 de 30

...

Segunda questão.

Na medida em que os mercados apresentam cada vez maior grau de incerteza, destaca-se o tema de liderança e de mudança de cultura organizacional tanto em meio empresarial como acadêmico (KOVACH e PARISH, 1988). A entrada de novos concorrentes e acirramento da competição em termos globais forçam os gestores a rever as políticas organizacionais. Ahn, Adamson e Dornbush (2004) e Nixon (1992) percebem que as mudanças em comunicação, tecnologias disruptivas, fluxo de capitais transnacionais, novos modos de organizar e atuar (redes e alianças), demanda de clientes por produtos de melhor qualidade e de menor preço final, a consciência ecológica e de responsabilidade social de consumidores dos mercados maduros também tem contribuído para alterar o cenário do mercado mundial. Destarte é constante e crescente a busca por lideranças capazes de conduzir com sucesso o processo de mudança de cultura organizacional de modo que as organizações possam se adaptar ao ambiente em transformação. A importância é corroborada pelo fato de que as organizações que possuem melhores condições em responder às mudanças ambientais se tornam mais atrativas para os investidores e para os talentos realimentando, assim, o processo de melhoria do seu posicionamento mercadológico. No entanto é importante destacar que a transformação cultural não ocorre de forma imediata. Verifica-se, na maioria dos casos, que a resistência maior à mudança é de colaboradores com mais tempo na organização, uma reação natural face à migração de uma situação de certeza para a uma situação desconhecida e incerta. Com base em pesquisa realizada sobre casos de mudança de cultura organizacional Kovach e Parish (1988) perceberam que as pessoas nas organizações podem reagir à proposta de mudança de três formas diferentes: (i) aquelas se convencem pela idéia do novo; (ii) pessoas que precisam analisar o planejamento cuidadoso do processo de mudança e (iii) os demais que só “compram” a proposta após apresentadas evidências concretas do sucesso obtido. No entanto constata-se que o texto de Kovach e Parish (1988) apresenta a fragilidade importante ao deixar de averiguar a situação de pessoas que não “compram” a idéia da mudança. Lakomski (2001) observa que as práticas culturais são apreendidas como estruturas cognitivas, sendo que este processo de aprendizagem é inquietante, gera ansiedade e é propenso ao acionamento dos mecanismos de defesa. Se o líder desconhecer o funcionamento dos processos de mecanismos de defesa a cultura assumirá o controle e ele será gerenciado pela cultura vigente ao invés de realizar a sua gestão. Percebe-se, conforme destacou Nixon (1992), que o processo de mudança da cultura organizacional tende a configurar uma luta entre dois grupos de pessoas, em pólos contrários do conflito – os que são encarregados do processo de mudança e os que interpretam que serão afetados ou atingidos pela mudança da cultura organizacional. No entanto, constata também, que na maioria das organizações as pessoas percebem que estão sendo sub-aproveitadas em relação a sua capacidades e competências, estão ansiosas por mudanças e expressam esta vontade por queixas e reclamações. Ao tratar da relação entre cultura e liderança Schein (1988) argumenta que são dois lados da mesma moeda onde os líderes primeiramente criam as culturas quando dão origem aos grupos e às organizações. Uma vez que a cultura existe os líderes determinam o critério 10 para a liderança e assim definem as condições de quem poderá ser (ou não) o líder. Mas se as culturas se tornam disfuncionais, é o papel do líder de perceber e identificar os elementos funcionais e disfuncionais da cultura existente e gerenciar a evolução cultural e direcioná-la de tal forma que a organização possa sobreviver no contexto em mudança. A centralidade do papel do líder é destacada por Nixon (1992) que entende que o sucesso da mudança cultural será obtido apenas se ele: (i) criar a sua própria visão da organização, da sua parte e dele mesmo; (ii) definir e planejar poucas mas significativas intervenções na organização, com potência para gerar repercussão dentro da organização; (iii) desenvolver relações de amizade com o corpo gerencial; (iv) construir sua própria rede de contatos dentro da organização, com pessoas dispostas a apoiá-lo; (v) contar com apoio externo à organização como família e amigos próximos. Neste sentido o líder deve desenvolver a capacidade de aprender a acolher com tranqüilidade a mudança e incerteza, procurar enxergar toda a situação, se perceber como líder que forma líderes e como alguém que sempre precisa aprender. O líder deve, também, criar um ambiente de celebração, encorajamento e de apoio, possuir alta auto-estima, saber questionar, ouvir e receber críticas. Durante o estudo do processo de fusões e aquisições Shearer, Hames e Runge (2001) apontaram como uma das principais dificuldades a cultura organizacional, por meio de valores e crenças enraizadas entre as pessoas na organização, sugerindo um modelo de gestão da mudança de cultura organizacional. Como primeiro passo recomendam que o líder deverá ter claro o tipo de cultura organizacional que pretende criar. Esta nova cultura organizacional deverá estar respaldada em estratégia organizacional e ser compartilhada com todo o corpo gerencial e de supervisão. Deste alinhamento devem ser originados os objetivos e metas inteligíveis e possíveis de serem operacionalizadas. O líder deverá estar ciente de que a cultura organizacional é um fenômeno sistêmico e que ao englobar todas as pessoas que participam da organização será exercida a influência mútua pelas relações construídas. Desta forma líder deverá ser capaz de inspirar a confiança e respeito, tanto do corpo gerencial como de todos os demais colaboradores, com o objetivo de reduzir a resistência à sua visão da nova cultura organizacional. Shearer, Hames e Runge (2001) identificaram também que a nova cultura organizacional obtêm maiores chances de sucesso se o líder apresentar traços comportamentais semelhantes ao do corpo gerencial, principalmente em termos de valores e crenças. Mas o item mais importante para o processo de mudança organizacional foi considerado o processo de comunicação por representar o meio de compartilhamento de idéias do líder. De forma similar Schein (1988) recomenda um modelo de gestão de mudança de cultura organizacional. Argumenta que a organização deverá inicialmente passar pela experiência de “descongelamento” de crenças e pressupostos tradicionais. Esta fase é seguida pelo segundo desenvolvimento caracterizado pelo processo de reestruturação cognitiva. Esta etapa é, em parte, definida pela aprendizagem no

...

Baixar como  txt (52.8 Kb)   pdf (112.1 Kb)   docx (41.3 Kb)  
Continuar por mais 29 páginas »
Disponível apenas no Essays.club