EMPRESA FAMILIAR: O DESAFIO DA GORVENANÇA CORPORATIVA
Por: Hugo.bassi • 27/3/2018 • 7.804 Palavras (32 Páginas) • 463 Visualizações
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A empresa é considerada familiar quando a direção estratégica da organização é controlada pelos membros da família. E, apesar de suas vantagens econômicas, esse tipo de empresa apresenta alguns problemas: vida mais curta se comparado às demais empresas não familiares, conflitos, desordem matrimonial, confusão entre família, gestão e empresa, problemas de comunicação, entre outros.
Em geral, as dificuldades acontecem porque os valores e os laços entre seus membros são normalmente mais marcantes.
Portanto, o processo de gestão pode corroborar para que aconteçam discórdias e brigas internas que, quando não são rapidamente e bem administradas, tendem a causar mais do que conflitos, podendo vir a culminar na extinção da empresa.
Frente ao exposto é que este trabalho objetiva demonstrar a importância da governança corporativa para a solução dos problemas comumente encontrados nas empresas do tipo familiar, sem deixar de analisar os desafios na implementação desta.
1. EMPRESA FAMILIAR
1.1 História
A origem da empresa familiar está intimamente ligada ao aparecimento das primeiras comunidades em que as famílias, para prover o próprio sustento, cultivavam alimentos e complementavam suas necessidades com o excedente da colheita, por meio do sistema de trocas de produtos.
Assim, a agropecuária foi a primeira atividade de destaque da empresa familiar. Deste modo, muito antes da revolução industrial, o embrião das empresas familiares já existia, por meio dos primeiros artesãos que trabalhavam e ensinavam seus ofícios aos seus familiares das novas gerações (FRITZ, 1993).
A agropecuária também induziu o surgimento da manufatura, pois outras famílias se dedicavam ao artesanato para prover as necessidades diferentes da alimentação – ferramentas, armas, transporte e vestuário – para as famílias que plantavam e ou cuidavam dos animais. Era comum que essas atividades fossem passadas de pai para filho por várias gerações (FRITZ, 1993).
A revolução industrial e a consequente introdução de processos mecanizados no início do século XIX propiciaram o surgimento de grandes empreendimentos. A manufatura passou a adotar métodos de produção em massa, surgiram as grandes corporações e modernas usinas com equipamentos sofisticados que criaram uma grande diversidade de produtos e serviços, representando uma era totalmente nova no mundo dos negócios (GRZYBOVSKI, 2002).
Vidigal (1996) e Grzybovski (2002) concordam que a revolução industrial propiciou, de um modo geral, as características das modernas empresas – hierarquia, procedimentos, instalações – não acabando no entanto com as empresas familiares, mas aprimorando as mesmas para o enfrentamento da globalização e competitividade atual.
1.2 Conceito
Para Bernhoeft (2003) empresa familiar é aquela que tem sua origem e história atrelada a uma família.
Já para Grzybovski (2002) empresa familiar satisfaz a instituição de capital fechado, com pouca transparência administrativa e financeira, sendo a tomada de decisões centralizada na figura da pessoa que representa o poder.
Astrachan e Shanker (2003), entretanto, defendem que para uma empresa ser considerada familiar ela precisa ter a direção estratégica da organização controlada pelos membros da família, sendo esta a mesma compreensão de Allio (2004), para que a empresa familiar é aquela mantem membros da família na administração dos negócios.
Lodi (2008) preceitua que uma empresa familiar nasce a partir da segunda geração de dirigentes, uma vez que defende que enquanto for dirigida pelo fundador, esta se caracterizaria por ser um negócio pessoal.
Donelley (2008) compactua com essa ideia ao lecionar que a companhia é considerada familiar, “quando está perfeitamente identificada com uma família há pelo menos duas gerações e quando essa ligação resulta numa influência recíproca na política geral da firma e nos interesses e objetivos da família”. Portanto, são necessárias, de acordo com o autor, algumas condições como:
- laços familiares; esposa e/ou filhos no conselho administrativo; valores institucionais da firma próximos aos da família;
- ações praticadas por membros da família que afetem a empresa;
- parentes com sentimento de adquirir ações da empresa, principalmente em caso de falência;
- a posição do parente na empresa influi na situação familiar;
- os membros da família precisam definir suas relações com a empresa para saber que caminho seguir.
Grzybovski e Oliveira (2006) apresentam algumas variáveis conceituais que devem ser ponderadas na definição de empresa familiar:
1) o envolvimento na gestão dos negócios de pelo menos duas gerações;
2) as questões afetivas, emocionais, os vínculos de parentesco e o perfil histórico-institucional vinculados ao sobrenome;
3) a interação social que promove a confiança mútua entre os membros da organização com a família proprietária e a reputação da empresa, a expectativa de fidelidade, de austeridade, de realização de um ideal maior, voltado para o envolvimento da empresa familiar na sociedade local.
Imperioso ressaltar que se objetivou considerar para este estudo que empresa familiar é aquela que tem familiares como membros da gestão da organização, assim como característica marcante o fato de os valores familiares interferem ou se misturam com os valores empresariais, bem como o fato de a sucessão já ter ocorrido ou ter a intenção de ocorrer, vez que os membros da segunda geração já conduzem totalmente a empresa sem, no entanto, assumirem todas as práticas administrativas.
1.3 Importância
No Brasil, muitas empresas familiares são conhecidas e destacadas publicamente, assim como os seus líderes e ou famílias que as administram, como: GrupoVotorantin, Rede Globo, Grupo Itaú, Gerdau, Grupo Pão de Açucar, SBT dentre outras (REIS, 2003) .
Comumente, os serviços ou produtos de micro, pequenas e médias empresas familiares (farmácias, oficinas, padarias, restaurantes) são utilizados por grande parte da população e esta é a confirmação de que esse
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