Análise das Características dos Trabalhadores Admitidos e Demitidos em Montes Claros
Por: Sara • 12/7/2018 • 1.880 Palavras (8 Páginas) • 342 Visualizações
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O estudo compreendeu os dados relacionados ao mercado formal de trabalho do município de Montes Claros-MG, durante o período de janeiro de 2013 a setembro de 2016, período correspondente ao ano imediatamente anterior ao do inicio reconhecido da crise econômica até o último mês que conta com dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Assim, a unidade de observação, a fonte de informação a respeito das variáveis estudadas, foram os dados disponibilizados no CAGEG e a unidade de análise, ou seja, o elemento da realidade a respeito do qual as variáveis estudadas se referem, foram as informações sobre o fluxo de admissões e desligamentos no período estipulado.
Resultados e discussão
A análise dos dados permitiu constatar que de janeiro de 2013 a setembro de 2016, houve uma queda gradual tanto do número de admissões quanto do de desligamentos mensais e uma reversão do saldo positivo de admissões frente ao número de desligamentos. Em 2013, foram registradas no CAGED 37.382 mil admissões e 33.437 mil desligamentos, gerando um saldo positivo para as admissões de 11,8% frente ao número de desligamentos. Este saldo caiu para 5,3% em 2014, tornou-se negativo em 2015 com -7% e vem permanecendo negativo em 2016 com -5,5% até setembro, destacando-se uma queda 26,2% no número de admissões frente ao mesmo período de 2013, o que permite constatar o desaquecimento gradual, mais significativo, do mercado de trabalho local.
Ao se comparar tais dados com o cenário do estado de Minas Gerais como um todo se percebe que em Minas o saldo negativo entre admitidos e desligados passou a ser majoritário mais cedo, já em agosto de 2014, frente a abril de 2015 em Montes Claros e que vem apresentando saldos anuais negativos maiores, -9,8% em 2015 e -8,3% em 2016.
Em 2013 os admitidos estavam, em sua maioria, nas faixas de 18 a 24 anos, eram do sexo masculino, possuíam até o Ensino Médio Completo e recebiam de 1 a 1,5 salários mínimos. Os demitidos, por sua vez, estavam na faixa etária de 50 anos ou mais, com escolaridade até o fundamental incompleto e recebiam mais de 3 salários mínimos. No ano de 2014 o número de admitidos passou a contar com maior participação da força de trabalho feminino jovem, entre 18 a 24 anos, com ensino médio completo e remuneração na faixa de 1 a 1,5 salários mínimos. Os demitidos permaneceram sendo do sexo masculino, a partir dos 25 anos sendo mais expressivo a partir dos 40 anos, com grau de instrução dos ensinos iniciais até o médio incompleto e com remuneração de mais de 3 salários mínimos. Durante o ano de 2015 e ao longo de 2016, 60% das admissões são de homens que estão na faixa de idade de até 24 anos, com ensino superior completo recebendo ou 0,5 salário mínimo ou mais de 20 salários mínimos. Os desligamentos ocorreram em ambos os sexos com 25 anos ou mais, na faixa de escolaridade até o ensino superior completo recebendo de 2 a 15 salários mínimos.
Observando a variação entre admitidos e demitidos pelas características das empresas, notou-se que apenas as empresas com até quatro trabalhadores permaneceram com o saldo positivo durante quase todo o período, enquanto que as empresas com 100 a 249 trabalhadores tiveram apenas saldos negativos. De 2015 em diante as empresas com 5 a 49 trabalhadores passaram a ter saldos mensais negativos mais constantes. Com relação ao setor em que os trabalhadores atuavam apenas o setor de serviços manteve um número expressivo de saldos positivos durante o período. O restante dos setores apresentou variações deficitárias principalmente a partir de 2014. O setor de agropecuária foi o único a apresentar saldo negativo em todo o período.
Conclusão
Os aspectos analisados permitem afirmar que o mercado de trabalho formal de Montes Claros foi afetado significativamente pela crise econômica em curso no país, porém numa intensidade menor do que o observado no estado de Minas Gerais como um todo, percebendo-se uma retração no número de postos de trabalho ocupados e um aumento gradativo de admissões mais seletivas, compostas por profissionais mais jovens e com maior escolaridade, porém dispostos a receber salários mais baixos, constatando-se assim o que foi citado por Pochmann (2009) na revisão da literatura, o que tenderá a impactar de forma negativa o poder aquisitivo do trabalhador e a distribuição da renda na cidade.
Identificou-se que perderam mais empregos os trabalhadores que tinham apenas a escolaridade inicial e incompleta e os trabalhadores com maior idade. Quantitativamente, os trabalhadores mais afetados pelos desligamentos são do sexo masculino, com idade entre 25 e 39 anos, com ensino médio completo, que trabalhavam em empresas do comércio que empregam até 20 trabalhadores.
Empresas com até quatro trabalhadores e do setor de serviços foram as únicas que obtiveram poucas variações negativas ao longo do período analisado enquanto que os setores comercial e da construção civil perderam muitos postos de trabalho, porém percentualmente menos que o setor agropecuário, que foi o mais atingido.
O trabalho mostrou-se significativamente relevante ao evidenciar a situação atual do mercado de trabalho formal de Montes Claros demonstrando a evolução segmentada de seus números, constituindo-se de importante fonte de informação para os gestores públicos, empresários, entidades de classe e pesquisadores que estejam em busca de soluções para reverter o cenário vigente.
Agradecimentos
Agradecemos o apoio da UNIMONTES, do Observatório do Trabalho do Norte de Minas e da FAPEMIG, que financiou o projeto do qual deriva esta pesquisa.
Referências bibliográficas
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BORGES, Lívia de Oliveira; TAMAYO,
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