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A LÍNGUA ESCRITA

Por:   •  8/7/2018  •  2.874 Palavras (12 Páginas)  •  270 Visualizações

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Alfabetização como prática histórica e cultural

Foi somente com a revolução Francesa que se iniciou o processo de alfabetização como prática escolar. No entanto em seu início a alfabetização era somente àqueles que podiam pagar um preceptor ou pudessem as próprias famílias ensinar até por que era um material caro. O aprendizado da leitura e escrita nesse primeiro momento ocorre de maneira gradual e distinto, com um mestre pra cada tarefa e materiais rústicos.

Apesar de ter gênese na revolução Francesa, foi no Iluminismo que se alavancou a idéia da ampliação do conhecimento da leitura e escrita perpassando outros momentos, mas no cerne dos movimentos progressistas da humanidade sempre esteve presente o ideal uma “educação para todos”.

Como estrutura escolar antes dos anos de 1789, adotava-se uma alfabetização sucessiva e distinta, onde primeiro a criança aprendia a ler para depois aprender a escrever, já que para a época a escrita era considerada uma arte: pois, os caracteres eram desenhados com arabescos, e, o material utilizado para a escrita era a pena de ganso e tinteiro, o que requeria delicadeza no manejo dos materiais; e para escrever, exigia-se certa postura. Ou seja, tinha de manter uma posição correta do corpo.

Quanto aos mestres escolares da época, esses eram especializados: uns ensinavam a ler, outros a escrever, e nas classes cujo mestre ensinava mais de uma habilidade, o ensino também se fazia de forma individualizada, sendo as crianças divididas em grupos de estágio de aprendizagem. Para cada nível havia um custo, e o preço do material era outro obstáculo à popularização do ensino.

Porém com o passar dos anos, as constantes transformações comerciais, industriais e políticas que ocorriam na Europa, trouxeram fortes mudanças ao modelo de vida e isso afetou a educação. A partir da Revolução Francesa (1789), a escola se torna universal e gratuita. Surge o ideal dos filhos das massas trabalhadoras terem acesso às escolas e não apenas os filhos da população elitizada

Estando a educação sob o controle do poder público, começa o objetivo de escolarizar para alfabetiza. Para isso os franceses buscaram conhecimentos sobre sistemas educacionais em outros países: a Alemanha priorizava as escolas primárias e a formação do professor; a Holanda lançou a técnica do quadro de giz; a Inglaterra desencadeou a primeira querela pedagógica propunha o ensino com monitores, que consistia em delegar às crianças mais adiantadas no processo a tarefa de ensinar os companheiros, auxiliando, dessa forma, o professor.

Para essa prática pedagógica, não seria necessário um preceptor, mas um instrutor treinado, para que, no menor prazo, pudesse alfabetizar o maior número possível de crianças.

Em 1818 foi publicado uma Guia de Ensino Mutual, para orientação do professor, assim como os primeiros cartazes com letras, sílabas e palavras, em substituição aos materiais sociais anteriormente utilizados. Nesse século, a alfabetização passa a ser uniforme e padronizada, pois os materiais sociais (cartas, panfletos, livros) que eram utilizados até então foram reduzidos a um único material. Acredita-se que foi a partir da Guia Mutual que o ensino da leitura e escrita começou ser aplicado de modo associado.

Outras modificações foram feitas a fim de atender a essa nova fase de escolarização: o quadro de giz passa a ser utilizado antes do emprego da caneta e do papel; um novo mobiliário escolar é adotado, agora para atender a atividade de escrever; é planejada uma nova arquitetura e organização escolar, para separar os grupos de crianças por classes, que seriam dirigidos por um professor, e centenas de Escolas Normais se espalham pela França, para a formação do novo professor de alfabetização. O processo de alfabetização apresenta então a aprendizagem coletiva e simultânea dos rudimentos da leitura e da escrita.

Essa expansão dos movimentos europeus acarretou no compartilhamento da cultura por todo o globo terrestre chegando ao Brasil que estava sendo colonizado desde os anos de 1530.

Em 1549, na época do Brasil colônia a alfabetização se dava através dos jesuítas, que pertenciam à Companhia de Jesus, uma ordem religiosa incumbida pela Coroa Portuguesa e pelo Papado a integrar as novas terras e o povo nativo, ao mundo cristão e civilizado. Dessa forma criaram um plano de educação que consistia em converter os índios ao cristianismo, ensinar a nova língua, estabelecer o controle da moralidade e pacificá-los, tornando-os mais dóceis para o trabalho. Com os filhos dos colonos (elite), o objetivo era estender o nível da escola elementar de ler e escrever, até que chegassem a um nível mais elevado: letras humanas; filosofia e ciência (ou artes) e teologia e ciências sagradas.

No entanto o governo português passou a temer o poder econômico e político que os jesuítas exerciam sobre as camadas sociais e o domínio sobre a civilização indígena, já que modelavam a consciência e o comportamento desses. Até que expulsaram os jesuítas em 1759. Para Portugal, a expulsão dos jesuítas fazia parte de um projeto de reconstrução cultural que desencadeou na criação de um sistema público de ensino. A partir deste momento, quem tivesse a intenção de continuar estudando, deveria participar das Aulas Régias (aulas avulsas implantadas na Colônia sustentadas por um novo imposto colonial, o “subsidio literário”), que preparavam para posteriores estudos na Europa.

Essa situação só se modificou com a chegada de D. João ao Brasil, quando surge a necessidade de se instalar a sede administrativa do Reino. Conseqüentemente criaram-se instituições culturais, e as escolas de nível superior para atender as necessidades do momento: formar oficiais do exército e da marinha (para a defesa da Colônia), engenheiros militares e médicos e cursos especiais de caráter pragmático. Entretanto, como o modelo econômico brasileiro era predominantemente agrário, não havia uma demanda pela educação. Sem a exigência da formação do curso primário para o acesso a outros níveis, a elite educava seus filhos em casa com os preceptores. Ou seja, o ensino elementar não era valorizado.

Somente a partir do período Republicano (1889), com as reformas da instrução pública, é que as práticas sociais de leitura e escrita passam a serem ensinadas e aprendidas em espaço público e submetidas à organização metódica. Até que em1932 ocorre um dos mais importantes movimentos da educação brasileira representando a tomada de consciência da defasagem entre a educação e as exigências do desenvolvimento. Nesse

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