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A CONSTRUÇÃO DO PAPEL SOCIAL FEMININO NO FINAL DO SECULO XIX A 1930

Por:   •  9/10/2017  •  2.127 Palavras (9 Páginas)  •  572 Visualizações

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Os iluministas não viam a razão como um atributo feminino e, portanto se não houvesse certo controle sobre o comportamento das mulheres as mesmas poderiam beirar a loucura. De acordo com (Costa, 1919), o oposto da “mãe” é a mulher histérica.

A essa mulher dotada de inferioridade, sem o atributo da razão, cabia cumprir seus deveres considerados naturais, como a fidelidade e obediência ao marido, o amor materno no cuidado dos filhos. As que se afastavam desse modelo de mãe amorosa, esposa dedicada, e que não tinham sua sexualidade voltada ao instinto maternal, eram consideradas degeneradas, prostitutas.

De acordo ainda com Jurandir Freire Costa:

Do ponto de vista dos higienistas, a independência da mulher não podia extravasar as fronteiras da casa e do consumo de bens e ideias que reforçassem a imagem da mulher-mãe. Por isso, sua presença nas catedrais da ciência era intolerável. A mulher intelectual dava mau exemplo às outras mulheres (Costa, 1979, p.260).

Quanto á educação os homens podiam vislumbrar o ensino superior, enquanto para as mulheres o reservado eram as escolas normais, destinando-as a profissionalização e preparando-as para o mundo doméstico. (Soihet, 1997).

Mas, no entanto a educação foi aos poucos se tornando fundamental para o universo feminino na abertura do caminho para sua libertação, do papel que até então lhe era imposto, e para sua posterior evolução profissional. As primeiras mestras no Brasil haviam surgido com o avanço dos movimentos feministas em outros países, quando foi criada Lei em 15 de outubro de 1827, concedendo as mulheres o direito de assistir e de ministrar aulas. Através da abertura das portas da educação no século XIX foi despertando nas mulheres o desejo de sair daquele espaço privado ao qual eram confinadas, com suas tarefas rotineiras e sua submissão aos homens, dando inicio a luta pela conquista de seus direitos políticos, até então relegados ao segundo plano, buscando autonomia, fugindo da opressão, lutando pelo reconhecimento e aceitação no mercado de trabalho, mas podendo conviver com as atividades domésticas. Na busca por uma inserção na sociedade além dos limites do lar e do controle exercido pelo sistema patriarcal a educação acabou sendo a chave para a primeira porta de saída das mulheres do seu reduto.

No final do século XIX e primeiras décadas do século XX esse despertar no universo feminino ganhou mais força, de maneira pacifista e reformista começou o avanço da luta feminina por mais atuação nos espaços públicos, foi surgindo uma nova reflexão da conduta feminina, e do papel que ela poderia representar na sociedade, uma vez que vinha sendo notado como a participação das mulheres já se fazia presente, ainda que essa presença se fizesse em atividades exclusivas de seu sexo. Iniciava-se a partir daí a luta pela conquista de seus direitos políticos como cidadã. Começava então o enfrentamento ideológico e a inserção das mulheres no mercado de trabalho em atividades diversas a que estavam a elas destinadas. As mulheres que até então não tinham ou tinham pouco acesso à educação, começam a circular com menos restrições nos espaços públicos, buscando uma maior afirmação da condição feminina e apropriando de um espaço até então a elas negado, isso se deu também através da religiosidade.

Após o final da 1ª Guerra Mundial, foram surgindo associações femininas, muitas delas com foco mais voltado ao caráter assistencial do que na busca por direitos políticos. Muitas dessas associações como a Associação das Senhoras Brasileiras tinham através da filantropia a função de auxiliar as mulheres que trabalhavam fora para manter ou ajudar na manutenção do lar, através da promoção de encontros entre elas e propiciando instrução através de cursos, sempre com traços marcantes de religiosidade, em detrimento da discussão dos direitos políticos. Nessa época houve o surgimento da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, que se destacou pela organização da luta feminista, visando promover de forma mais efetiva a inclusão das mulheres no espaço público. Entre os objetivos da Federação além da promoção da emancipação feminina, através da instrução e da criação de núcleos de sociabilidades (promovendo troca de informações sobre prendas do lar, atividades pedagógicas a serem desenvolvidas com as crianças, lazer e ainda orientação quanto á atuação política feminina no espaço público e de poder), havia ainda uma articulação por parte da Federação ao sufrágio feminino. As mulheres que até então não passavam de indivíduos sem direitos, imbuídos apenas de deveres a serem cumpridos, começaram a se organizar mais em manifestações em busca dos direitos femininos, a inserção no mercado de trabalho, salários igualitários, redução da jornada de trabalho, direito ao voto e a serem votadas, conquistando espaços antes usufruídos apenas pelo sexo masculino.

Com respaldo na Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, as mulheres tiveram apoio inclusive através das vias jurídicas na luta pela conquista do voto feminino. Através da Federação houve no inicio do século XX, um avanço na conquista feminina pelo espaço público, principalmente na reflexão da condição da mulher até então, além da promoção de discussões em outras esferas do Estado, promovendo discussões e trabalhos sobre a infância, direito trabalhista e civil, entre outros, apesar que preconceitos ainda eram conservados, como a preocupação em buscar mais atuação nos espaços públicos sem perder a feminilidade. Havia portanto um distinção quando da inserção das mulheres no mercado de trabalho, onde as profissões adequadas ao perfil feminino seriam paralelas as que já exerciam no lar, como costureiras, lavadeiras, cozinheiras, tecelagem, produção de fumo, além de algumas profissões mais condizentes com o papel feminino como professoras, secretárias, taquígrafas, telefonistas, dentre outras. Essa distinção de certa forma fazia uma exclusão ao universo feminino, favorecendo várias formas de preconceito, o trabalho feminino mesmo quando as mulheres é que eram responsáveis pelo sustento da casa, era considerado um trabalho subalterno, visto apenas como suplemento complementar à renda masculina.

Nesse período, mesmo sendo a mulher intitulada como “sexo frágil”, e as fabricas não sendo consideradas ambientes favoráveis ao universo feminino, indefeso, fácil de ser corrompido, mas destinadas aos homens e a sua força masculina, com a revolução industrial houve também o surgimento das primeiras trabalhadoras na industria textil. Houve então uma intensificação na luta feminina,

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