O ENFRENTAMENTO DO PROBLEMA DO CRACK NO CONTEXTO DA SAÚDE PÚBLICA
Por: Evandro.2016 • 4/9/2018 • 2.060 Palavras (9 Páginas) • 330 Visualizações
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feito por profissionais, juntamente com auxílios voltados aos familiares.
A drogadição é um problema de saúde pública e necessita de auxílios no enfrentamento. O papel dos assistentes sociais, psicólogos e psiquiatras são essenciais em todo o processo, juntamente com a participação da família e de toda a sociedade, visando sanar o problema e readaptar o indivíduo à vida em grupo, e a se ressocializarem.
Nesse sentido, a elaboração de atividades acadêmicas dessa significância garante aos estudantes de Serviço Social, futuros assistentes sociais, possibilidades de reflexões significativas no atual contexto social.
2 DESENVOLVIMENTO
O crack é resultante de cocaína mesclada com diferentes tipos de solventes em um processo simples e sem a necessidade de uma mão de obra especializada. Isso possibilita sua comercialização a baixo custo e de forma dispersa, podendo ser, inclusive produzido pelo próprio usuário. Os efeitos dessa droga são devastadores, tanto no organismo como no estado físico e mental, além de provocar danos também à sociedade. Como o prazer que proporciona é muito intenso e dura pouco, a droga torna-se mais potente e causa pendência rapidamente, impossibilitando o indivíduo de realizar funções básicas do dia-a-dia, não trabalham, não conseguem conviver com a família e com a sociedade e estão sempre em função da “pedra”.
Com o avanço das drogas, a sociedade vem enfrentando um grande transtorno ao longo dos anos, e cada dia que passa, o consumo se expande ainda mais, se alastrando entre a população, gerando insegurança, violência, e outros problemas sociais que causam consequências à comunidade e se torna uma preocupação aos órgãos públicos. Esse grave problema causa sofrimento não apenas aos familiares dos dependentes da droga, mas tem reflexos negativos por toda a sociedade. Os indivíduos são temidos socialmente, causam incômodo, as pessoas não querem vê-los perambulando pelas cidades, porém, estão. Andam e convivem com as outras pessoas, mas incomodam, acabam ficando exclusos da sociedade, devido ao fato de que são vistos como criminosos e marginais, quando na verdade são dependentes químicos, doentes que precisam de todo o apoio para saírem das drogas e se ressocializarem. Mais do que um problema social, a drogadização tornou-se um grave problema de saúde pública, por isso alguns projetos sociais já buscam a reabilitação dos dependentes químicos, além de garantir amparo aos familiares. Muitos dos serviços são oferecidos gratuitamente, visando facilitar acesso para os usuários, porém, nem sempre são bem sucedidos.
Um total de 3,5 bilhões de reais já foram investidos desde 2014 no programa Crack, É Possível Vencer, lançado em 2011 como a principal resposta do governo federal a uma possível epidemia no uso e na disseminação do crack pelo País. Contudo, a iniciativa, focada em ações interministeriais de cuidado, prevenção e de repressão ao tráfico, foi classificada como um “tiro no escuro” pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), que a criticou pela falta de planejamento. (Marcelo Pellegrini, 2015)
Certos programas do governo não dão certo pelo fato de que focam mais na droga e no tráfico do que no usuário, que deve ser o foco principal dos projetos. Mas ainda é possível encontrar programas que deram certo, como o projeto “De braços abertos” realizado na cidade de São Paulo, visando combate à dependência do crack e possibilitando que o indivíduo tenha emprego e moradia, acesso à meios de assistência social, saúde, educação e outras ações beneficiadoras no tratamento. Muitas pessoas foram atendidas por esse programa e deixaram as drogas.
O CAPS é também um meio de grande importância no atendimento aos dependentes químicos. “Hoje, o Brasil possui 364 Caps especializados em álcool e drogas, sendo que a grande maioria foi construída com recursos do programa”, afirma o secretário da Senad, Vitore Maximiano. Esses pontos de atendimento aos drogaditos, tem uma contribuição notável na diminuição da drogadização, juntamente com o SUS (Sistema Único de Saúde). Entretanto, infelizmente, não é sempre que se encontra tal facilitade de apoio e tratamento. Algumas regiões não favorecem essas acessibilidades no âmbito da saúde pública para dependentes químicos, como por exemplo no município de Seabra, estado da Bahia, localizado a 456 km da capital, que possui cerca de 44,999 habitantes, dados coletados afirmam que não existem programas e projetos voltados ao enfrentamento do crack e outras drogas. Tem apenas o CAPS para tratar do problema em questão. Ainda que seja pouco, é uma forma de acompanhamento extremamente importante, embora não haja tantos casos de usuários de crack, mas ainda assim, a procura de dependentes químicos pelo serviço é grande, e os tratamentos são indispensáveis e eficientes. Há diversos casos de pessoas que abandonaram o vício através dos tratamentos realizados.
2.1 A SOCIEDADE, A FAMÍLIA E O USUÁRIO DE CRACK
É possível perceber que as consequências atingem todos: usuários, sociedade e família. Além de provocar a exclusão social e a desagregação familiar, também estimula a criminalidade. Para sustentar o vício muitos partem para o furto, para o assalto e para violência, deixando seus familiares aflitos e sujeitos a serem suas próprias vítimas. Há casos de famílias que vendem seus bens para pagar dívidas com traficantes para poupar a vida do ente querido. Em algumas situações, estes indivíduos, dependentes químicos, passam por diversos transtornos pscicológicos, pois perdem o prazer pela vida, sentem-se sem alegria, abatidos, acabam entrando em depressão e vão morar nas ruas. O crack tira a sanidade do usuário, levando-o ao fundo do poço.
Dados coletados com a pscicóloga Fábia Almeida da cidade de Piatã, município baiano com 572 km de distâcia até a capital, afirmam que o dependente químico passa por um processo terapêutico em que os cuidados efetivos exercidos pela equipe multiprofissional tem a finalidade de tratar os sintomas de sua doença e a manutenção e garantia de sua continuidade ao tratamento tendo o suporte adequado para este fim, visando sua recuperação e melhora. Sendo assim, a equipe multiprofissional e os familiares dos pacientes se encontram lado a lado pelo mesmo objetivo, o da melhora e qualidade de vida do paciente. Entendendo que o apoio familiar é de fundamental importância no tratamento dispensado ao doente, ações são direcionadas à família para sua estruturação de modo a favorecer e fortalecer a relação familiar/profissional/serviço. Dessa forma, são
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