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OS SENTIDOS E OS SIGNIFICADOS DA AVALIAÇÃO EDUCACIONAL

Por:   •  24/3/2018  •  3.789 Palavras (16 Páginas)  •  350 Visualizações

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Pensar no aluno como um sujeito da construção do seu conhecimento e no professor como mediador mostra que há necessidade de se mudar os critérios de avaliação que vêm sendo utilizados nas escolas, pois estes ainda seguem os rumos de uma educação tradicional, na qual o professor define o que o aluno deve aprender e na hora de avaliar este parece querer medir o que o aluno deixou de aprender.

O debate sobre a intenção na hora de avaliar e a consciência de que a mudança é necessária não são atuais, mas sim há décadas já se vem discutindo esse tema. Perrenoud (1999) sugere que os novos modos de avaliar geram dúvidas, pois ainda carregam consigo formas tradicionais. Vejamos o que ele diz: “Pode-se bastante modificar as escalas de notação, a construção das tabelas, o regime das medias, o espaçamento das provas. Tudo isto não afeta de modo radical o funcionamento didático ou o sistema de ensino” (PERRENOUD, 1999, p. 145).

O que Perrenoud (1999) quer nos mostrar é que as mudanças não devem acontecer somente nos instrumentos de avaliação, mas em toda a prática avaliativa em si. Os educadores ainda apresentam certa resistência a novas propostas de avaliação e isso dificulta as mudanças. De certa forma, até mesmo os pais cobram da escola certa postura com relação ao tipo e avaliação aplicada aos seus filho, pois se os mesmos não apresentam notas de provas, como ter certeza desse processo? Assim as reflexões sobre avaliação tornam-se cada vez mais atreladas aos costumes e cobranças dos sistemas e adiam-se as mudanças.

O que podemos entender é que há certa falha na compreensão do que venha a ser de verdade avaliação. Seu conceito foi deturpado pela escola tradicional, ou olhando por outro lado, foi construído com outros objetivos, mas que já não atendem mais aos anseios da sociedade contemporânea. Precisamos encontrar um novo conceito e um novo propósito para a avaliação que esteja em conformidade com os objetivos dessa sociedade atual para que haja uma aceitação nas mudanças.

O que propomos neste trabalho é, justamente, refletir acerca dos conceitos de avaliação e dos seus objetivos no processo educacional, evidenciando as relações entre as concepções atuais e as práticas utilizadas neste processo. Assim desenvolveremos uma análise a fim de encontrarmos caminhos para uma nova visão sobre o processo avaliativo sob perspectivas mais coerentes com as propostas pedagógicas da atualidade. Tendo o aluno como centro e o professor como mediador da aprendizagem. Esse processo se dará por meio da pesquisa bibliográfica.

2 REDEFININDO O PAPEL DO ENSINO

Segundo a Constituição de 1988 em seu Art. 205:

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988).

Além disso, a Constituição afirma, também, que a educação é um dever da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que devem oferecer condições para que todos tenham acesso a ela. A Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9.394/96 de 20 de dezembro de 1996 menciona em seu art. 1º que a educação envolve os aspectos formativos envolvidos não apenas nas escolas, mas também na família e na sociedade.

Observando as leis que orientam a educação brasileira e a sociedade, junto ao mercado de trabalho verificamos que estas requisitam mão de obra qualificada e apta para desenvolver atividades específicas, assim, fica clara a necessidade de formação por parte das pessoas. Com uma exigência cada vez maior sobre a formação dos trabalhadores, aumenta também os requisitos exigidos em relação ao que é cobrado do governo em oferta de formação para os mesmos. Mais vagas vão surgindo no âmbito educacional e formas de acesso aos vários níveis de ensino vão se ampliando na educação brasileira, na tentativa de atender à demanda do mercado de trabalho. Os níveis de escolarização do país têm aumentado e isso contribui para o desenvolvimento econômico do páis, mesmo não sendo fator determinante.

Desta forma a educação passa a interessar a um número maior de pessoas, assim como também ao governo. Essa questão vai além das exigências do mercado de trabalho e algumas outras habilidades e competências educacionais precisam ser desenvolvidas.

Em oposição frontal à idéia de utilização da escola para fins de seleção, encontra-se a concepção segundo a qual a educação tem como função principal promover o desenvolvimento do indivíduo. Deste ponto de vista, a principal tarefa da escola é a de desenvolver no aluno as características que lhe permitirão viver de forma eficiente numa sociedade complexa. (BLOOM; HASTINGS; MADAUS, 1983, p. 6).

Bem, se a função da escola segue por esse caminho mais complexo do que simplesmente ensinar, podemos então, pensar, baseados na ideia de Bloom, Hastings, Madaus (1983) que, já que a avaliação faz parte desse processo educacional, esta também deveria ser vista sob o mesmo prisma. Para que isso mude Bloom, Hastings e Madaus (1983, p. 7) afirmam que será necessário que as escolas, juntamente com seus profissionais compreendam que o trabalho deve seguir um caminho dentro de novas perspectivas, com isto “[...] tanto a avaliação quanto o ensino devem passar por transformações marcantes a fim de se adaptarem às novas condições que lhes são impostas”.

Segundo Lafourcade (1981), a educação pode ser definida como “[...] um processo sistemático, destinado a provocar mudanças duradouras e positivas nos comportamentos dos sujeitos submetidos a sua influência [...]” (LAFOURCADE, 1981, p. 38). Com base nisso, podemos concluir que, para constatarmos se houve ou não aprendizagem real em determinado aspecto é necessária uma observação em longo prazo, portanto uma prova aplicada ao final de um conteúdo dado não é suficiente para garantir que algo foi definitivamente aprendido, uma vez que a mudança de comportamento é que indica se houve aprendizagem ou não e em um tempo curto não é possível garantir efetivamente essa mudança. Para Bloom, Hastings e Madaus (1983) o ensino é um processo de transformação, vejamos suas afirmações:

Para nós o ensino é um processo que modifica os aprendizes. A partir deste ponto de vista, esperamos que cada programa, curso e unidade educacional resulte em alguma mudança ou mudanças significativas nos alunos. Ao final de cada unidade, eles deverão estar diferentes do que eram antes de

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