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A IMPLEMENTAÇÃO DOS PROGRAMAS DE DESENVOLVIMENTO E ENSINO DA CULTURA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL DO MUNICÍPIO DE ITAPETINGA - BA

Por:   •  19/4/2018  •  4.771 Palavras (20 Páginas)  •  467 Visualizações

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Certificando de que a escola e a educação são os pontos centrais dessa discussão, principalmente na questão de ser o lócus das construções, do estranhamento e do desenvolvimento de certas práticas que vão de contra ao bom senso das relações sociais, voltamos nossos olhares para uma escola de educação infantil e para seu funcionamento, principalmente no que se diz respeito às políticas de ações afirmativas para a educação.

A escola escolhida para realização deste trabalho, foi a escola Cantinho da Criança, localizada no município de Itapetinga-Ba. O público alvo desta unidade, são crianças de 4, 5 e 6 anos. Atualmente a escola atende cinco turmas de pré I, pré II e por necessidade da demanda dos bairros, passou a atender com salas improvisadas, duas turmas de primeiro ano do ensino fundamental séries inicias.

Desde a sua inauguração, a escola vem oferecendo a comunidade de Itapetinga, uma educação de qualidade. Nos últimos anos passou por várias mudanças, teve reformas no espaço físico, para melhor atender a comunidade participante.

Agora que descrito o nosso ambiente de pesquisa, os nossos objetivos, o contexto teórico e nossos colaboradores, é válido ressaltar o porquê desta temática e desta discussão. Durante nosso tempo de atuação no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), nos anos de 2014 e 2015, percebemos inúmeras ações conflituosas na questão das relações etincorraciais no ambiente de educação infantil e poucas ações que intervissem nesses embates. Essa falta de direcionamento, nos gerou uma inquietação referente as ações que a escola quanto mediadora do conhecimento faltara. Para além dessa inquietação, chegamos ao consenso de que este trabalho não restringe somente aos professores, mas a todo o corpo escolar, que compreende a educação como o ponto de partida para a vida social do ser humano.

Sabemos que é de práxis da gestão escolar, da coordenação, dos professores e da sociedade que rodeia a escola, organizar um projeto político pedagógico que atenda de forma contextualizada as necessidades de seus alunos. Percebendo a escola com um ambiente de diversidade, não se pode haver um P.P.P., que feche os olhos para as diversas orientações que hoje são legalmente disponibilizadas para a construção de uma educação democrática e igualitária e para além disso, não pode existir um seguimento da educação básica que vele uma discussão tão pertinente e importante para a construção cidadã.

Como ação para esta pesquisa, buscamos observar e posteriormente aplicar intervenções que trouxessem algum retorno avaliativo para a discussão deste trabalho. Sendo assim nos dias 28 e 29, realizamos observações que partiram do plano político pedagógico até a organização dos espaços escolares. Com as observações em mãos, organizamos três dias de intervenções que tinham como intuito, levar para sala de aula histórias, atividades lúdicas e informações amplas sobre a valorização do negro e sua cultura.

Essas intervenções foram organizadas e aplicadas em três dias. Como fator metodológico, realizamos os momentos da seguinte maneira:

1° DIA: 08/04/16 - No primeiro memento da aula, foi lida a história “O amigo do rei” e em seguida as crianças socializaram sobre a história e o que mais compreenderam. Já no segundo momento, abordamos os vários tipos de profissões existentes, a fim de compreendermos o tipo físico que cada criança determinaria para cada profissão. Neste momento foi dada ênfase ao discurso das crianças e suas concepções frente a classificação social. Por fim, no terceiro momento foram distribuídas revistas e livros para recorte, com a finalidade de confeccionarem um cartaz representativo. Cada criança buscou imagens de pessoas, as selecionaram de acordo a profissão apresentada e socializaram o cartaz produzido.

2° DIA: 09/04/16 - No primeiro momento foi contada a história Bruna e a Galinha D’Angola de Gercilga de Almeida através de um vídeo. Posteriormente, foi feita uma roda de conversa para visualizar o conhecimento das crianças sobre lendas, historias africanas e suas características. No segundo momento, apresentamos a música: A Galinha D’Ángola de Vinicius de Moraes, em seguida aplicamos algumas brincadeiras de origem africana, como por exemplo, pular corda, elástico, pega-pega, dentre outras. E no terceiro momento as crianças confeccionaram uma galinha d’angola com a pintura em mãos, na intenção da criança revisitar a história através do seu próprio desenho.

3°DIA: 12/04/16 - No primeiro momento, iniciamos a aula contando a história “A Menina Bonita do Laço de Fita” a história foi contada através de uma televisão de papelão a manivela. No segundo momento, iniciamos um diálogo com as crianças falando sobre o que elas acharam da história, se gostaram ou não dos personagens, aproveitamos o momento para destacar as características que herdamos de nossos pais, das particularidades de cada um, cor, estatura, cabelos, lábios. Por fim, esclarecemos para elas que todos têm sua origem, uma história, e que ninguém é igual a ninguém. No terceiro momento produzimos uma bonequinha no caderno de desenho das crianças.

Com essas intervenções, identificamos questões que ainda precisam ser trabalhadas pela escola, bem como, problemas que devem ser paulatinamente desmistificados em sala de aula e para melhor compreendermos essas situações, estaremos discorrendo e analisando cada momento no decorrer deste artigo.

No capítulo seguinte, abordaremos questões teóricas, que darão um valioso suporte para essa discussão. Será apresentado também, aportes legislativos, reflexões frente a implementação das políticas de desenvolvimento e ensino da cultura africana e afro-brasileira, bem como, o que ocorre nas escolas de educação infantil frente a educação etincorracial e o que cabe aos professores e unidades de ensino quanto as ações desta problemática.

2 - LEGISLAÇÃO E AÇÕES EM VIGOR: O QUE CABE À ESCOLA?

É sabido por toda a sociedade brasileira que o nosso país passou e ainda passa por problemas de racismo e discriminação, e que o mito da democracia racial ainda tem resquícios na sociedade atual. Depois de muitas lutas do negro ao longo da história brasileira, surgiu a necessidade de fazer mudanças nos currículos escolares e reconhecer a importância de se pensar e reconhecer a diversidade cultural brasileira. Depois de tanto tempo sem reconhecimento da cultura africana nos conteúdos escolares, em 2003 foi criada a Lei 10.639/2003 que firmou-se à Lei de Diretrizes

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