Essays.club - TCC, Modelos de monografias, Trabalhos de universidades, Ensaios, Bibliografias
Pesquisar

Resenha Crítica - Por que Não Ensinar Gramática na Escola

Por:   •  3/3/2018  •  2.163 Palavras (9 Páginas)  •  405 Visualizações

Página 1 de 9

...

Já em “Não há línguas fáceis ou difíceis”, discute sobre o fato de as línguas possuírem complexidade e semelhança estrutural igual, que está embasada no reconhecimento da inexistência de línguas primitivas. Um equivocado julgamento que se apoiava na oposição entre primitivo e civilizado. Dialetos populares e dialetos padrão (ou cultos) se distinguem em vários aspectos, mas não pela complexidade. Por exemplo, crianças de três anos falam o tempo todo.

Em “Todos os que falam sabem falar”, Possenti acaba por descontruir outro pensamento linguístico. Ignorar o contexto social e cultural em que surge a variação linguística, julgando seus falantes de acordo com o contexto que é desconhecido, e os condena, considerando-os ultrapassados e inferiores. Expõe que, mesmo com eventuais peculiaridades, todos os seus falantes sabem falar, embora não tenham conhecimento de regras. Pontuando aqui que os professores deveriam ensinar aos alunos o que eles não sabem e não o que dominam, que a escola deve se preocupar com a produção textual.

Em “Não existem línguas uniformes” expõe o equívoco que pode ocorrer com algumas pessoas que julgam uma língua inferior por ter variações entre os falantes. Portanto, Possenti ressalta que todas as línguas, sem exceção, apresentam variações entre os falantes. Procedendo de fatores externos à língua (sociais, geográficos, idade etc.) e internos (incorporado pelos falantes e características da fala). O autor defende de forma coerente as diversificações dentro da língua, e retrata bem a realidade linguística encontrada no meio social e escolar.

“Não existem línguas imutáveis” apresenta que todas as línguas mudam, conforme o tempo e com uso que se faz delas. E que com isso certas formas de uso acabam sendo substituídas. Criticando que a forma de ensino nas escolas é arcaica, apesar de algumas formas linguísticas não serem mais usadas, exemplificando de forma clara e de fácil compreensão. Que expõe a realidade distante entre os livros de ensino normativo e as formas linguísticas utilizadas.

“Falamos mais corretamente do que pensamos” Possenti destaca o comportamento de apontar erros na fala de indivíduos algo que é muito recorrente em sala de aula, porém ele discorda disso e aponta que o papel da escola deveria ser direcionar o ensino para corrigir tais divergências. Além disso, ao longo dos tópicos, demonstrou que não correto julgar os atos de fala de alguém, porque isso não corresponde à realidade. Falamos de acordo com regras internalizadas, de modo que alguns erros de concordância ou pronúncia não podem significar não saber falar uma língua.

“Língua não se ensina, aprende-se” relacionando o modo que as crianças aprendem a língua sem de fato serem ensinadas. Já que quando chegam as escolas, elas já têm a gramática internalizada, e mesmo que sejam corrigidas, não são nos moldes escolar. Expondo mais uma vez que a escola deveria ensinar o que eles não sabem, se focando na leitura e na escrita. Obtendo sucesso ao demonstrar uma característica que deveria ser melhor trabalhada.

O autor começa comentando que esta tese é mais óbvia e a menos praticada. “Sabemos o que os alunos ainda não sabem?” apresenta de início que o que o aluno já sabe não deve ser ensinado. Mostra metodologicamente que, para ter esse conhecimento do aluno, basta fazer análises dos cadernos e outros materiais, assim seriam traçadas e aplicadas estratégias de ensino daquilo que os alunos ainda não dominam. Com esse conhecimento os professores partiriam para novas possibilidades de ensino e ampliariam o conhecimento dos alunos. Defendendo que o aprendizado do zero viria somente de uma língua estrangeira.

“Ensinar língua ou ensinar gramática?” que é a última tese, e nesta Possenti reforça ideias já sugeridas nas teses anteriores. Nesta ele afirma que saber uma língua não significa dominar o conhecimento de regras com as quais é estruturada. A gramática nunca deve ser o foco do ensino, e sim apenas um adendo, devendo dividir atenção com a práticas de leitura, interpretação de textos, devendo essas práticas virem com objetivo principal no ensino. Sendo que o autor pontua corretamente ao dizer que essas mudanças devem partir dos professores, que são ingredientes prioritários em qualquer projeto deste.

Depois de todas estas bases para o ensino da língua materna, Possennti inicia a segunda parte de seu livro, na qual expõe conceitos da gramática pertinentes a propostas de ensino. E ele começa defendendo que o ensino da gramática se torna diferente depois que não se considera o estudo dela indispensável. Que seu ensino se diferencia do domínio ativo da língua. E define que o ensino da gramática se dá pela soma de duas atividades: a) estudo de regras ortográficas, de concordância, de regência e pronomes oblíquos etc. b) Análises de determinadas construções, distinção de vogais e consoantes, análises sintáticas, descobertas das partes das palavras etc.

Após propor que a gramática é um “conjunto de regras”, destaca três maneiras de compreensão desse conjunto: regras que devem ser seguidas, conjunto de regras que são seguidas e conjunto de regras que o falante da língua domina. Concluída esta parte, o autor liga essas regras aos tipos de gramática que existem, como também definições para regras, língua e erro.

Primeiro define gramática normativa, que é a mais conhecida pelos professores de ensino Fundamental e Médio. Esta representa o conjunto de regras que devem ser seguidas, por isso o nome normativo. Regras que tem o dever de fazer com que leitores aprendam a fala corretamente, em conformidade com a variedade padrão. Assim, a língua corresponde as formas de expressão produzida pelas pessoas cultas. Tais regras são entendidas como formas a serem obedecidas, com pena de punição para quem desrespeita. Tudo que foge à regra eleita como boa linguagem, e altamente idealizada é erro.

Logo após, a gramática descritiva, definida como conjunto de regras que são seguidas, que orienta o trabalho de linguistas preocupados em descrever e (ou) explicar a língua, como de fato são faladas. Neste tipo de trabalho, a língua é estudada sem desprezar qualquer variação pertencente à mesma. Tem-se um esforço em encontrar regularidades que possam condicionar essa variação e a noção de regras é de algo constante. O erro estaria na ocorrência de formas que não pertencentes, de maneira mais sistemática, de nenhuma variação linguística.

Tendo apresentado e explicado as gramáticas normativa e descritiva, Possenti apresenta a gramática internalizada, referente a conhecimentos habilitados ao

...

Baixar como  txt (14.1 Kb)   pdf (55 Kb)   docx (17 Kb)  
Continuar por mais 8 páginas »
Disponível apenas no Essays.club