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Concepções da escrita na escola e formação do professor

Por:   •  15/10/2017  •  1.926 Palavras (8 Páginas)  •  538 Visualizações

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Ao utilizar a interação didática como instrumento de reconfiguração conceitual de escrita, partíamos do pressuposto de que o processo de materialização do discurso didático pode ser relacionado a Aspectos sócio históricos da formação do professor.

- As concepções em foco

Serão discutidas duas concepções inter relacionadas da tradição escolar que estava em conflitos com concepções do aluno, e que a nosso ver precisavam ser reelaboradas por professor pois também estavam em conflito com as concepções acadêmicas: uma concepção de linguagem que assume a transparência dos sentidos na comunicação e uma concepção moralizadora do texto e da atividade de leitura.

4.1 A "transparência" dos sentidos.

A concepção escolar assume a transparência da linguagem da comunicação e na medição de sentidos. Em vez de co-construídos e negociados os sentidos estariam dados universalmente, a priori, e a clareza e objetividade estariam garantidas no discurso institucional, sobretudo no contexto de repasse de informações mediado pelo texto escrito cuja neutralidade e objetividade estariam acima de qualquer suspeita.

O problema com que nos deparávamos, então, era o de proporcionar uma reelaboração conceitual que admite se a opacidade da linguagem e à não precisa previsibilidade dos sentidos, mesmo em situações de repasse de informações em que haveria maior controle sobre os rumos do desenvolvimento de tópicos e portanto, haveria um consenso ou acordo prévio sobre os referentes da fala.

Um problema comum na interação com fins didáticos é ausência de contexto para construir o mesmo, a referência do professor, que age como se já houvesse acordo sobre o tópico porque uma palavra chave no desenvolvimento do tópico retomado em diversas atividades durante a aula.

A transparência pressuposta pelo professor é uma decorrência da prática cultural não um tributo da linguagem. No contexto do nosso programa, esse trabalho de análise e constituiu se na base de uma reflexão que é entendida como um primeiro passo na direção da complexa reconceitualização necessária para o abandono das práticas de contextualizadas favorecidas na aula.

4.2 A justificativa moral da leitura

A concepção escolar de texto de leitura justifica a atividade pelo seu papel nos ensinamentos de tipo moralizadora ou edificante. A justificativa moral se remonta aos tempos em que tanto o uso do texto como a escola tem como função predominante a manutenção das estruturas sociais vigentes em que justificada em razão da superioridade moral dos grupos de poder.

Uma prática de interpretação que busca no texto uma lição moral é própria de uma situação de letramento excipiente que caracteriza uma situação de transição entre a cultura oral e a letrada.

As generalidades que são produzidas nas interpretações escolares deixam tanto professor come aluno à margem do texto, em vez de eles entrarem no mundo aí criado e se apropriarem das palavras para recriarem redes de sentidos.

Muitos episódios de sala de aula confirmavam a análise acima. Apresentaremos a seguir, três exemplos:

- A moral da fábula

Na leitura de uma paródia de uma fábula "O gato é o rato" de Millôr Fernandes, a interpretação do texto que a professora fez através de perguntas para o aluno constituiu quase no pareamento de elementos formais partilhados pela fábula é a paródia: a seleção tinha sido retirado do livro de fábulas, tinha personagens que agiam como humanos, portanto, tinha que ter uma moral.

Os alunos que introduziram nas suas interpretações, os elementos da história apagados nas perguntas da professora, para quem a situação e as características das personagens não pareciam ser constitutivas da trama, mas parecia servir apenas como um marco espaço temporal de referência na representação universal da virtude e do bem ou do defeito de caráter e do mal.

b) A mensagem politicamente correta do poema

A redução da função do texto a inculcação e valores morais se deu na situação que descreveremos durante a leitura do poema "Irene no céu" de Manuel Bandeira. A interpretação que a professora tenta induzir mostra que não relação indicada entre situação gênero poema não favorece a leitura subjetiva diferente daquela de um editorial elementos de ordem temática determinar a tentativa de edificação de uma mensagem politicamente correta no poema e da “igualdade” racial.

A interpretação da professora incidiu na igualdade entre as pessoas diferentes raças para mensagem que se refere à sua entrada no céu, uma vez mortos e assim ela não começou a medir a sua interpretação fazendo referência a cor de Irene no céu mesmo sendo preta contrariando as expectativas de pessoas que não gostam de pretos.

Os alunos que não declarar o seu preconceito e produziram diversos estereótipos sobre esse grupo racial. Atividade leitura levou a afirmação do preconceito do estereótipo. O acordo final dos alunos resulta de uma necessária sincronização com o discurso da professora, no contexto e da necessidade de enviar um posicionamento em favor do mal contra o bem. Uma tentativa de discutir o problema racial a partir de uma perspectiva politicamente correta, através da extração de uma lição moral do poema criou o contexto no qual quilo que não deveria ter espaço publicado foi reafirmado.

C) A lição de vida

O último exemplo da análise da interação como instrumento para reconfiguração conceituada leitura a ser discutido foi gravado durante a leitura de um curto trecho do capítulo "Contas" de Vidas Secas, extraído pela professora de uma cartilha para alfabetização de adultos. Durante a discussão do trecho a professora fez uma pergunta que reproduziam ums das crenças gerais sobre aquisição da escrita, que atribui superioridade intelectual está os que sabem ler e escrever.

A concepção escolar de texto de leitura atua como elemento que cerceia a construção de sentidos. Não é interpretação do não-leitor que ficou comprometida, mas a do leitor formado numa tradição moralista escolar, que não consegue se desvencilhar dos pressupostos que subjazem a concepção escolar da escrita suas funções sociais.

Os resultados desse processo evidentes de

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