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A LITERATURA DE EXPRESSÃO AMAZÔNICA

Por:   •  12/4/2018  •  1.720 Palavras (7 Páginas)  •  426 Visualizações

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Não se pode, em nome do desejo de universalização, suprimir o regional. O universal não existe sem o particular, o nacional não existe sem o regional, de modo que, em nome do primeiro, não se pode ignorar o segundo. E muito embora concorde com Nunes quanto à postura simplória que leva alguns a “misturar palavras azedas que provocam estranhamento a olhos e ouvidos”, não vejo que haja, entre este tipo menor de literatura e a denominação pátria Literatura Paraense, uma relação necessária e exclusivista que autorize esta literatura de baixa qualidade a representar a “manifestação literária de autores nascidos no Pará”. (Cf. Fernandes, p. 4).

O saudoso Benedito Nunes via a literatura paraense como uma parte vibrante da literatura brasileira, onde é considerada de uma perspectiva global sendo também regional. Logo a literatura de expressão amazônica sendo parte da literatura brasileira trata de assuntos pertinentes a essa região, sob um olhar de dentro para fora e não sendo deturpada por visões exteriorizadas. Quando se usa a palavra regional, deve-se ter consciência que se trata de um local especifico.

O modo de produção continua o mesmo, mas as condições de produção do capitalismo são distintas, conforme a região e a cultura ali existente, ou resistente: a narrativa literária se distingue exatamente por isso, por ser a história de conflitos e acordos entre estas instâncias. E aqui podemos afirmar, que existe sim uma universalidade, mas a das diferenças. E essas diferenças são objetivadas na paisagem, um outro conceito não só da geografia, mas também presente nos estudos literários (Cf. Fernandes, p. 5).

Essa perspectiva possibilita a criação literária voltada cultura e identidade local, valorizando a história e os saberes do povo da região. Benedito nunes em uma de suas produções cita o caminho percorrido pela literatura de expressão amazônica, transbordando de saber e conhecimento sobre a mesma, que por sua vez foi a paixão de seu estudo.

Talvez lhes acudisse, aos intelectuais autodidatas, nos vários momentos da empresa de investigação exploratória da região que acometeram, aquele misto de deslumbramento e decepção com que Euclides da Cunha, em 1906, quatro anos antes de publicados Os Sertões, exprimiu sua primeira impressão da planície amazônica e de seu grande rio: um mundo excessivo em formação, – “um excesso de céus por cima de um excesso de águas” – a lembrar “uma página inédita e contemporânea do Gênesis” ainda incompleta, e por isso vazia de gente e sem história alguma. Euclides da Cunha era um adepto das “ideias novas”, tal como antes o tinham sido, de diferentes maneiras, os escritores nortistas Inglês de Sousa e José Veríssimo (NUNES, 2008).

A literatura paraense quanto literatura de expressão amazônica, traz como grande nome Jesus de Paes Loureiro, que aborda a cultura do Pará e os costumes do povo que vivem cercado por aguas e rios através de poesias, chamando em um de seus trabalhos de poética do imaginário. “Os elementos da poesia são a linguagem, a cor, a forma, os hábitos civis e religiosos. Para esse autor o poema é uma combinação da linguagem métrica, à qual reconhece a faculdade soberana, assentada no coração da natureza invisível do homem” (Loureiro, 1994).

Loureiro seguindo os passos de Benedito Nunes usa de sua tese onde classifica a cultura em três diferentes vertentes: individual, social e histórico. Loureiro cita que pelo motivo da miscigenação de etnia, com participação dos povos indígenas, portugueses e negros, que faz parecer que o povo é dotado de cultura própria.

Levando em conta que o Brasil é formado por grandes regiões geográficas e culturais que se formaram desde o período da colonização até a atualidade. Essas regiões se formaram de forma distinta uma das outras, pelos mais diferentes fatores. Devido a tudo isso, podemos dizer que se formaram também diferentes culturas, como a amazônica e a nordestina, por exemplo. Nessa perspectiva, na Amazônia reconhecem-se dois espaços sociais tradicionais da cultura, o da cultura urbana e o da cultura rural, que em decorrência de procedimentos próprios ao desenvolvimento regional, apresentam cada qual características bem definidas, mas marcados por uma forte articulação mútua (Loureiro, 1994).

Loureiro retrata a velocidade que as mudanças ocorrem entre a área urbana e a rural são diferentes enquanto é mais lenta na área rural na área urbana ocorre com mais velocidade devido a facilidade e o contato com outras culturas, onde acabam a influenciar a cultura local, mas nas áreas rurais os contos e causos ainda são transmitido pela oralidade, fortalecendo o laço do povo com a cultura local sua identidade e suas raízes.

No ambiente rural, a cultura mantém sua expressão mais tradicional, principalmente a ribeirinha. Ela está mais ligada à conservação dos valores decorrentes de sua história e está mergulhada num ambiente onde predomina a transmissão oralizada, refletindo, dessa forma, a relação do homem com a natureza e se apresentando imersa numa atmosfera em que o imaginário privilegia o sentido estético dessa realidade cultural. Desse modo, a cultura amazônica onde predomina a motivação de origem rural-ribeirinha é aquela na qual melhor se expressam, mais vivas se mantém as manifestações decorrentes de um imaginário unificador refletido nos mitos, na expressão artística propriamente dita e na visualidade que caracteriza suas produções de caráter utilitário (Loureiro, 1994).

Assim perpassam as possibilidades de se enriquecer a cultura e a identidade

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