A Cultura e Literatura Americanas
Por: Essays.club • 25/1/2018 • Projeto de pesquisa • 1.107 Palavras (5 Páginas) • 495 Visualizações
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Introdução à Cultura e Literatura Americanas
O travejamento do edifício cultural americano e a sua matriz identitária ideológica começa na primeira tentativa de estabelecimento de colónias inglesas. Desde a chegada à costa leste americana das primeiras vagas de colonos ingleses no início do século XVII, que a questão identitária dos Estados Unidos da América começa a ser “inventada”.
Esta identidade nacional vai decorrendo dos mitos que lhe são associados, nomeadamente o mito da nova “Terra prometida” e a promessa de salvação do mundo que os colonos ingleses viram no novo continente. O mito da América está sempre acompanhado pela ideia da regeneração da Humanidade e vê-se alimentado por uma função messiânica e uma responsabilidade de orientação em relação ao mundo (“would stand as a lesson and beacon to the entire World”).
Era neste projeto mental utópico que a tripulação da Arabella se enquandrava, quando chegou ao “Novo Mundo”, começando aqui a configuração da sua “homeland”.
Contudo, este novo mundo não era tão novo assim, “nor virgin, nor unsettled” [1]. Mesmo assim, a América a que chegavam os colonos americanos liderados por John Winthrop em 1630, traziam já consigo uma ideia pré-concebida duma terra escolhida e orientada por Deus. Uma ideia que existia já no espaço europeu, antes mesmo de ser descoberta. Uma ideia que resultava, de entre muitas outras coisas, da mentalidade renascentista e do sentimento de maravilha perante a descobertas de novos e “imaculados” territórios. O sonho como realização do Homem foi dominante na atenção que o Novo Continente despertava.
O mito americano adquire aqui as suas primeiras fundações, quando os primeiros colonos aportam no que viria ser conhecido como Massachussets Bay Colony, acompanhados pelas suas ideias míticas do “Povo eleito” e da “Nação Eleita”.
Ambos os puritanos e Quackers tinham um plano que passava por conceções utópicas. A América como que estava inscrita na bíblia. Eles declaravam ser o novo povo de Israel, que tomaria o caminho da Terra Prometida, como os novos escolhidos de Deus. Tudo era para eles um sinal de Deus, pois eles acreditavam ser os escolhidos no contexto da salvação.
Na base da reforma dos movimentos puritanos e Quackers, encontramos a teoria da predestinação calvinista. Calvino, através duma reformulação do antigo testamento na sua perspetiva ideológica, encarava a salvação eterna como dirigida apenas aos “eleitos”, a um certo grupo de indivíduos a isso predestinados. Esta promessa de salvação estaria relacionada com o florescimento económico, tendo por base os sinais de Deus. Ou seja, por meio do sucesso e dominância económica, eles tinham o garante do povo de Deus. No contexto europeu do séc. XVI, estas ideologias eram vistas como uma ameaça à coroa Inglesa e à Igreja Anglicana e estes indivíduos endinheirados com ambições financeiras e interesses económicos eram perseguidos. Deste modo, não só viram os puritanos no novo continente uma oportunidade para consumarem o seu destino como povo eleito, como também um refúgio da Europa que já não era a sua “casa”. A América é um espaço de execução dum projeto incitado por conflitos religiosos que, porém, não se chega a concretizar. Se por um lado podemos conceber a América como a mítica Cidade Dourada erguida sobre a colina das profecias bíblicas e a Nova Jerusalém, por outro temos a América como processo de realização, como caminho, viagem, destino. Um destino mais imaginado que habitado, mais mito do que história.
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