A Cultura e Literatura Popular
Por: Juliana2017 • 21/12/2018 • 9.707 Palavras (39 Páginas) • 523 Visualizações
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- A ambivalência do riso carnavalesco
- O riso é alegre e cheio de alvoroço, mas ao mesmo tempo, burlador e sarcástico, nega e afirma, simultaneamente.
- Expressa uma opinião sobre o mundo no qual estão incluídos os que riem.
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5.0 O realismo grotesco ( na literatura oficial, os nomes representativos são Sakespeare e Cervantes).
- É o rebaixamento, isto é, a transferência ao plano material e corporal , o da terra e do corpo na sua indissolúvel unidade , de tudo que é elevado , ideal e abstrato ( Bakhtin, 2013, p. 17).
- O alto é representado pelo rosto ( a cabeça) e o baixo pelos órgãos genitais, o ventre e o traseiro. (...) Degradar significa entrar em comunhão com a vida da parte inferior do corpo, a do ventre, a dos órgãos genitais, e, portanto, com atos como o coito, a concepção, a gravidez, o parto, a absorção de alimentos e a satisfação de necessidades naturais.
- A loucura é uma alegre paródia ao espírito oficial: permite observar o mundo com um olhar diferente , não perturbado pelo ponto de vista normal, ou seja, as ideias e juízos comuns (BAKHTIN, 2013, p. 35). .
- a máscara: a alegre negação da identidade e do sentido único, a negação da coincidência estúpida consigo mesmo (BAKHTIN, 2013, p. 35).
- o diabo é um alegre porta-voz de opiniões não-oficiais, da santidade ao avesso, o representante do inferior material (BAKHTIN, 2013, p. 36).
- O bufão foi o porta-voz de outra verdade, não-feudal, não-oficial: a verdade universal só era admitida quando se apresentava numa forma anódina, quando fazia rir e não pretendia desempenhar nenhum papel no plano sério. (BAKHTIN, 2013, p. 36).
c) Brughel, o velho: o país de Cocaine
3.0 Rabelais e a carnavalização.
Trechos: Quando o jovem Gargantua , recém-chegado a Paris, se cansa da curiosidade inoportuna dos parinienses e inunda-os com urina”
p. 165
a) Traços particulares
- Urina: fertilização/ virlidade
- Juramento: elementos não-oficiais da linguagem. Eles eram considerados uma violação das regras normais, como a recusa a curvar-se ás convenções verbais, etiquetas, hierarquias, sendo combatidos pela Igreja e pelo Estado.
- Rebaixamento/Ironia/ referência aos genitais: São Chouriço/ São falo, São Foutin/ São Foda, Santa Mamys/ Santa puta ( profanação do sagrado). Os santos são travestis no sentido obsceno e da boa mesa.
- Paródia da multiplicação dos pães para a multiplicação da urina.
- A presença da praça pública era o ponto de convergência de tudo que não era oficial.
- “ Estamos afogados em par rys” ( estamos afogados em mijo) : um alegre travesti carnavalesco do nome da capital e, ao mesmo tempo, uma paródia de lendas locais em relação à origem da cidade
[pic 1]
Uma das tendências fundamentais da imagem grotesca do corpo consiste em exibir dois corpos em um: um que dá vida e desaparece e outro que é concebido, produzido e lançado ao mundo. É sempre um corpo em estado de prenhez e parto, ou pelo menos pronto para conceber e ser fecundado, com um falo ou órgãos genitais exagerados. Do primeiro se desprende sempre, de uma forma ou outra, um corpo novo. (BAKHTIN, 2010a, p. 23, grifo do autor).
Outro exemplo é o painel centra da obra de Bosch (1500) A tentação de Santa Antão, (figura 19 abaixo) em que uma velha sobre um animal que parece um rato gigante segura um recém-nascido (canto inferior à direita). A velha tem uma cauda e é, ao mesmo tempo, uma espécie de árvore. Seus braços são os ramos da árvore. Na imagem, estão misturados os estados e as fases essenciais do mundo - o cosmos não mais aristotélico - mas já prenhe de noções renascentistas que, segundo Bakhtin, estão representando em Pico della Mirandola quando este afirma que “o homem é superior a todas as criaturas inclusive os espíritos celestes, porque ele não é apenas a existência, mas também o futuro” (BAKHTIN, 2010a, p. 319). Mais precisamente, os valores de alto e baixo passam a fazer parte de um mesmo plano (conforme discutimos no item 3.1) relativizados pelas noções de frente e atrás – futuro e passado
Ao analisar a mesma imagem, afirma Gonçalves:
Tudo se transforma, tudo comunica. As fronteiras e os limites esbatem- se. Os extremos aproximam-se, baralham-se e interpenetram-se. As categorias dominantes desmoronam-se nesta espécie de delírio babélico. As oposições, mormente as mais enraizadas no discurso oficial, perdem força e sentido. A vida e a morte, o sagrado e o profano, os céus e os infernos, o alto e o baixo, o princípio e o fim, o interior e o exterior, o belo e o feio, os mundos físico, vegetal, animal, humano e divino, tudo se enlaça e se mistura num abraço aglutinante. Qualquer elemento à parte, alienado ou abstrato, carece imersão no caldo da turbulência grotesca. (GONÇALVES, 2002, p. 122). Maravilhoso
Aula 3: Manuel Camilo dos Santos: “viagem a São Sarué” uma adaptação do imaginário Medieval para o formato do cordel e o imaginário do Nordestino.
- Elementos gerais do cordel
- É uma narrativa poética popular escrita com métrica e com rimas soantes (perfeitas ou quase perfeitas). Ela se organiza em versos, denominados pés que se organizam em estrofes. A mais comum é a estrofação em sextilha.
- Os folhetos podem oscilar entre 8, 16, 24 e até 32 páginas. O mais comum são 8 páginas e mais tradicional.
- As capas do cordel tem uma função atrativa para um público não-letrado ou semiletrado. Seu aspecto imagético sintetiza o enredo ou uma cena importante dele. Sua expressão mais popular é a xilogravura.
- As matrizes da xilogravura são de madeira (advinda do cajá, árvore frutífera
abundante na região) e foram base para a gravação de imagens de aspecto
ingênuo (naïf), visto seus produtores não possuírem
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