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Resumo analítico do livro: “CULTURA: Um conceito antropológico”. Roque de Barros Laraia.

Por:   •  27/4/2018  •  4.824 Palavras (20 Páginas)  •  829 Visualizações

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ambos impõem limitações ao estudo das diversas culturas existentes.

No terceiro capítulo é apresentado o conceito histórico de cultura. O termo cultura foi sintetizado por “Eduard Taylor” (1832-1917) dos termos “Kultur, utilizado para simbolizar todos os aspectos espirituais de uma comunidade e Civilization, francesa que se referia as realizações materiais de um povo” (LARAIA, p. 25, 2001).

Delimitado por Taylor, nasce o conceito de cultura que temos que se fundamenta na ação humana, em seus hábitos, costumes, crenças, ações e construções sociais, ou seja, nas realizações humanas.

Na realidade o que Taylor fez foi dar formas a uma ideia que já nascia na sociedade, pois segundo Locke (1632-1704) já se entendia que o ser humano nascia “com a mente vazia” e que possuía a capacidade de aprender por meio dos processos culturais no qual o indivíduo se encontra inserido, ou seja, de aprender e adquirir, de acordo com os costumes, hábitos, crenças, conhecimentos e comportamentos sociais específicos. Locke também contrariava a ideia de que o ser humano nasce com habilidades inatas que seriam adquiridas hereditariamente, pois entendia e percebia as práticas humanas diferentes umas das outras.

Neste capítulo ainda o autor cita Marvin Harris (1969) que, de encontro ao que nos apresenta Locke, afirma que nenhum sistema social fundamenta-se em “verdades inatas” todas as transformações no meio social acarretam uma mudança no modo de agir humano.

Podemos apreender, na leitura deste capítulo, que apesar da definição antropológica de cultura apresentada por Taylor ser entendida como sendo a mais coerente diante do contexto de cultura, a mesma serviu mais para confundir que pra elucidar o conceito, pois diante da complexidade do mesmo e de sua amplitude, somente um estreitamento do tema poderia direcioná-lo novamente a um entendimento antropológico.

Diante disso, em 1871,Taylor definiu cultura como sendo uma forma de agir e atuar socialmente que se pode aprender e que não depende de hereditariedade genética, em processo hoje chamado de endoculturação. Em 1917 Kroeber desconstrói a relação que existia entre cultura e sistema biológico com a publicação de um artigo que abordava este assunto e assim, totaliza-se a iniciativa de inserir o homem dentro da ordem natural.

No final deste texto o autor esclarece que o homem é o único ser vivo que possui cultura e que se diferencia dos demais por possuir linguagem e o talento de produzir instrumentos que tornam seu equipamento biológico mais eficiente.

O quarto capítulo trata da evolução do conceito de cultura. Na visão antropológica a primeira definição para o conceito de cultura é de Edward Taylor que considerou “cultura” como um fenômeno natural a ser estudado diante da possibilidade de se realizar análises sobre os processos culturais e de desenvolvimento humano.

Segundo Taylor a diversidade cultural é o resultado dos diferentes estágios do desenvolvimento humano e social que ocorre, evolui e modifica-se de acordo com as condições, meios e ferramentas que possui, desta forma e de acordo com outros estudos citados no texto deste livro, constituiu-se o pensamento de que a cultura evolui de maneira semelhante, restando às culturas consideradas atrasadas, apenas passar pelas etapas de desenvolvimento que as sociedades consideradas avançadas já haviam passado.

Neste capítulo podemos perceber que Taylor se preocupava com a comprovação das informações recebidas, não aceitando relatos sem questionamentos e na necessidade e possibilidade de comparação destes dados. Preocupou-se com o estudo histórico das culturas. É este estudo histórico que permite o desenvolvimento de uma visão, segundo a qual, cada povo constitui seu conjunto sociocultural de acordo com seu processo histórico, fazendo entender e perceber, assim, que o desenvolvimento cultural não acontece de modo linear, mas sim, que só faz sentido estudar a diversidade cultural dentro de uma abordagem multilinear.

Este capítulo nos apresenta Alfred Kroeber, antropólogo americano que em seus estudos “mostrou” que a cultura “atua” sobre o homem e que assim, por meio da cultura, o homem “distanciou-se do mundo animal”, passando a ser compreendido como “um ser que está acima de suas limitações orgânicas” (LARAIA, p.36, 2004). Com isso ele quer esclarecer que a cultura do homem não está relacionada às suas necessidades orgânicas, mas sim, ao modo como o homem satisfaz tais necessidades, e que é a estes diferenciados modos de comportamentos sociais que se considera e se denomina “cultura”.

Segundo Kroeber os comportamentos humanos não são biologicamente determinados, o ser humano não depende de sua herança genética para agir, pensar, pois sua evolução depende de seu processo de aprendizado.

Diferentemente do animal que precisou e precisa ainda, por vezes, modificar-se e organizar-se estruturalmente para adaptar-se a novas condições e evoluir, o ser humano precisa apenas adaptar-se ao novo. Alguns animais não sobreviveriam a mudanças geográficas e climáticas muito diferentes de seu habitat natural, simplesmente por não possuírem capacidade orgânica de adaptação ao meio. O ser humano é o único que adapta as suas necessidades aos novos hábitos e costumes exigidos pelo novo meio.

Kroeber nos mostra que o homem desenvolve-se de acordo com a cultura na qual se encontra inserido e nela adquire sua forma de agir, pensar e atuar socialmente. Ele demonstra isso quando apresenta que o desenvolvimento animal acontece de acordo com seus instintos usando como exemplo o fato de que seria impossível a um cachorro adotar o comportamento de um gato por ter crescido e convivido com o mesmo, mas com o home ocorre o contrário, este se harmoniza com o ambiente e com os que o cercam.

Desta forma entende-se, portanto que o homem adapta-se ao meio em que está inserido. O comportamento, ações, pensamentos humanos são o resultado de conhecimentos e experiências acumuladas por gerações e transmitidas e socializadas com todos os membros de uma mesma comunidade.

Outro ponto abordado por Kroeber é o de que o meio interfere, promove, possibilita o desenvolvimento humano e é por meio das heranças culturais que se podem produzir grandes feitos ou possibilitar a evolução de pequenos feitos anteriormente realizados.

Para concluir este capítulo o autor promove uma reflexão sobre os instintos humanos e sobre a cultura como sendo um processo acumulativo de conhecimentos. Para o autor o instinto humano está presente no homem até que este inicie seu processo de aprendizado social, pois a partir deste momento, inicia sua construção de hábitos, costumes e valores de acordo com o meio social (cultura) a qual

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