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Resenha do livro "Cultura: um conceito antropológico"

Por:   •  19/8/2018  •  1.680 Palavras (7 Páginas)  •  584 Visualizações

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culturalmente mais avançadas do que outras e que seria tarefa da Antropologia estabelecer uma escala de civilização.

Franz Boas é o primeiro a criticar esta teoria, atribuindo à Antropologia o papel de reconstruir a história de povos ou regiões particulares e de comparar a vida social de diferentes povos. Ele enfatizava a importância da comparação de dados, inclusive propondo “em lugar do método comparativo puro e simples, a comparação dos resultados obtidos através dos estudos históricos das culturas simples e da compreensão dos efeitos das condições psicológicas e dos meios ambientes” (LARAIA).

Em seguida, Laraia desmente a crença na transmissão genética de qualidades. O autor também defende que a natureza cria indivíduos inteligentes com freqüência, mas somente algumas vezes coloca ao seu alcance as ferramentas necessárias para que eles exerçam a sua criatividade de uma maneira revolucionária.

Por fim, o autor demonstra a contribuição de Kroeber para a Antropologia e esclarece dois pontos. O primeiro é que o desenvolvimento da cultura não ofusca todos os instintos humanos. O segundo é que a linguagem e a cultura são interdependentes entre si.

O capítulo “Idéia sobre a Origem da Cultura” busca compreender como o homem adquiriu este processo extra-somático, que lhe permitiu se diferenciar dos demais seres vivos. Diversos estudiosos tentaram atribuir condições e etapas da evolução da espécie humana, com explicações da paleontologia, que teriam contribuído para o desenvolvimento desta propriedade.

Claudi Lévi-Strauss, antropólogo francês, considera que a cultura surgiu no momento em que foi criada a primeira norma. Ele sugere ainda que esta teria sido a proibição do incesto. Já Leslie White, antropólogo norte-americano, defende que a origem da cultura se dá quando o cérebro humano se torna capaz de gerar símbolos. O autor conclui o capítulo explicando que o homem não foi criado “da noite para o dia” – ele foi formado aos poucos. A cultura, por sua vez, também se desenvolveu aos poucos, junto com o corpo humano.

O último capítulo da primeira parte, “Teorias Modernas sobre Cultura”, sintetiza os esforços da Antropologia Moderna para a reconstrução do modelo de cultura. Os neo-evolucionistas como Leslie White concordam que culturas são sistemas que buscam conciliar as comunidades humanas aos seus embasamentos biológicos. A mudança cultural seria um processo adaptativo similar à seleção natural, sendo que a tecnologia constituiria o domínio mais adaptativo de cultura.

Por outro lado, existem as teorias idealistas de cultura, divididas em três abordagens. A primeira considera a cultura como um processo cognitivo; a segunda define cultura como sistemas estruturais; e a terceira considera cultura como sistemas simbólicos. Diante de uma discussão infindável acerca da conceituação da cultura, o autor cita Murdock, que afirmou que “Os antropólogos sabem de fato o que é cultura, mas divergem na maneira de exteriorizar este conhecimento” (MURDOCK, 1932 apud. LARAIA).

A segunda parte do livro, intitulada “Como opera a Cultura”, propõe-se a mostrar como a atuação da cultura “molda” os seres humanos. Esta parte está dividida em cinco capítulos, os quais serão abordados de maneira simplificada nos parágrafos subseqüentes.

O capítulo “A Cultura condiciona a Visão de Mundo do Homem” explora o fato de que as impressões do indivíduo acerca do mundo à sua volta são determinadas pela sua cultura. O modo de interpretar o mundo, os valores e comportamentos do homem são resultantes de uma herança cultural. Apesar de possuir o mesmo equipamento anatômico, cada homem o utiliza de uma maneira que corresponde à sua cultura, e não a uma determinação genética – o que se observa em outros animais.

Em “A Cultura interfere no Plano Biológico”, o autor expõe vários exemplos que buscam explicar como a cultura pode condicionar aspectos biológicos, até mesmo interferindo nas decisões de vida e morte dos membros do sistema. A cultura também é capaz de “provocar doenças”, bem como de promover a cura de enfermidades, sejam elas reais ou imaginárias.

“A participação do indivíduo em sua cultura é sempre limitada; nenhuma pessoa é capaz de participar de todos os elementos de sua cultura” (LARAIA, 2001). Com esta afirmativa, o autor inicia o capítulo “Os Indivíduos participam diferentemente de sua Cultura”, que mostra que tanto em sociedades complexas quanto nas mais simples, cada indivíduo desempenha diferentes funções de acordo com o contexto social em que está inserido. É importante que os diferentes membros de uma sociedade conheçam as regras de seu grupo e partilhem determinados conhecimentos que irão permitir a convivência social.

No capítulo “A Cultura tem uma Lógica Própria”, Laraia defende que cada sistema cultural tem a sua própria lógica, sendo uma atitude etnocêntrica comparar a lógica de diferentes sistemas e atribuir a estes um “grau de irracionalismo”. O aparecimento de diferentes sistemas filosóficos pode ser atribuído à busca para explicações de questões como vida e morte.

Por fim, o capítulo “A Cultura é Dinâmica” permite concluir que cada sistema cultural está mudando constantemente. Compreender este fato gera uma maior tolerância às diferenças entre povos de sistemas diferentes e entre gerações de um mesmo sistema.

O livro possui uma linguagem clara e de fácil compreensão. O autor se preocupa em ilustrar com exemplos práticos as idéias e teorias abordadas na obra bem como em explorar questionamentos “polêmicos”

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