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A CULTURA: CONCEITO DE CULTURA

Por:   •  1/11/2017  •  1.441 Palavras (6 Páginas)  •  487 Visualizações

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O filme “O enigma de Kaspar Hauser”, baseado em fatos reais, mostra a vida de um rapaz que viveu isolado durante anos em um porão (desde seu nascimento), sem nenhum contato social, acarretando em prejuízos em seu desenvolvimento e processo de assimilação. Ao ser liberado do local onde estava aprisionado, K. Hauser foi acolhido por uma família, mas não sabia falar, não parecia ter emoções, não possuía partes de suas funções motoras, não sabia se alimentar em uma mesa, não conhecia o que era medo, nem distinguia sonho de realidade. Ao passar a conviver em sociedade e se relacionar com outros seres humanos, ele constrói sua identidade e aprende muitas coisas, porém era um transtorno para o grupo ao qual foi inserido, que já tinha valores constituídos, sofreu retaliações, que acarretaram em sua morte.

O filme mostra mais uma vez que o homem é produto do meio em que vive e que necessita da vida social para partilhar de uma cultura, através de sua personalidade, das regras seguidas, das suas crenças e dos conhecimentos adquiridos. É possível entender K Hauser, enquanto aprisionado, como uma pessoa desprovida de cultura.

As condições iniciais as quais o protagonista do filme foi submetido, também denota um importante ponto de discussão dentro da antropologia e das ciências do desenvolvimento, inclusive a psicologia, que é a desnaturalização da condição humana, ou seja, desconstrói a noção de que o status de humano depende unicamente de um aparato biológico estruturado por seleção natural, como os evolucionistas e adeptos das ciências naturais tendem a acreditar. Isso nos impele a pensar que só foi possível forjar o Homo sapiens dentro de uma história sociocultural e que não se pode distinguir a evolução biológica dos fenômenos culturais, os quais os diversos povos desenvolveram a fim de resolverem demandas do convívio socioambiental.

Sobre esse tema do desenvolvimento das funções psicológicas superiores e sua relação com sociabilização e endoculturação, afirma Ingold, 2000, p. 5:

Bebês humanos não nascem falando, assim como não nascem andando. Sua aptidão para a linguagem se desenvolve, através de uma série de estágios razoavelmente bem definidos. O apoio de cuidadores capazes de falar, e a presença no ambiente de um conjunto rico e altamente estruturado de características significativas são essenciais para o desenvolvimento normal da linguagem.

Para a psicologia essa visão é de extrema relevância, pois que, o papel do outro (cuidadores, como cita Ingold) é fundamental no desenvolvimento humano, além disso, destaca a importância que o convívio social tem em realizar o potencial humano que há em cada pessoa, indo na contramão do crescente individualismo. A questão a ser trabalhada pelas ciências sociais, em especial a Antropologia e a Psicologia, é o convívio harmônico e respeitoso com a diversidade cultural. Visto que o sujeito constrói sua existência dentro de uma cultura, negar-lhe ou rebaixar esse modo de ser é o mesmo que tirar-lhe o sentido de ser, aniquilando sua existência.

REFERÊNCIAS:

ARENDT, H. A vida do espírito: o pensar, o querer, o julgar. 5. ed. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002.

INGOLD, Tim. ‘Gente como a gente’ O conceito de homem anatomicamente moderno >>, Tradução: Ciméa Barbato Bevilaqua. Ponto Urbe [Online], 9/2011, posto online no dia 31 de Dezembro 2011, consultado em 28 de Setembro de 2015. URL: HTTP://pontourbe.revues.org/1823; DOI: 10.4000/pontourbe.1823

LARAIA, Roque de Barros, 1932. Cultura: um conceito antropológico. 14. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

MELLO, Luiz Gonzaga de (1986). Antropologia Cultural. Petrópolis: Vozes.

ROCHA, Everardo. O que é Etnocentrismo. Editora Brasiliense, 1988, pp. 7-22

WALCKOFF, Simone dalla Barba; LIRA, Sandra Pereira. A constituição do ser político: uma análise do filme “O enigma de Kaspar Hauser”. Contra Pontos, Eletrônica, v. 13, n. 01, p.06-14, jan./abr. 2013.

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