O conflito interno angolano suas Implicações Internacionais
Por: SonSolimar • 23/10/2018 • 2.245 Palavras (9 Páginas) • 1.604 Visualizações
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Nestas condições, a vitória dependia não só do génio militar das forças beligerantes, mais sobretudo de dois factores: a quantidade e qualidade de armamento. A União Soviética, Cuba e os países que compunham então o bloco socialista estavam do lado do MPLA, dirigidos por Agostinho Neto. Do outro lado as potências ocidentais, entre as quais a Grã-Bretanha, a ex-Alemanha Federal, mas principalmente os Estados Unidos com a CIA (Contra Inteligência Americana) e a França, davam todo apoio a UNITA e a FNLA.
Assim, a Frente Nacional de Liberta de Angola (FNLA), e a União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA), foram apoiados pelos países ocidentais liderados pelos Estados Unidos da América. Enquanto o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), esteve ligado a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) desde a luta armada contra o colonialismo português, estreitou ainda mais os seus laços com o bloco comunista e o Movimento dos Países não Alinhados. A grande ambiguidade vinha da República Popular da China, que decidiu ajudar substancialmente os movimentos de libertação que combatiam contra a União Soviética, aplicando assim o adágio; os inimigos dos meus inimigos são meus amigos.[3]
A política dos EUA, em relação a Angola exprimia-se segundo dois enquadramentos diferentes. Washington, agia por intermédio de vários actores. Por um lado a acção oficial, com apoio político, económico e militar, concedido por diferentes residentes da Casa Branca ao colonialismo português; por outro a acção privada das organizações civis e os serviços secretos americanos, que se ocupavam do financiamento e do enquadramento dos movimentos pró-ocidentais como a FNLA e a UNITA. Três razões fundamentais justificam essa dupla atitude:
1.º O pacto milita que liga os Estados Unidos a Portugal no quadro da OTAN.
2.º O s recursos naturais de Angola, como o investimento nos sectores dos petróleos, minas e agricultura, onde o sector petrolífero constituía de facto um dos sectores chaves da economia colonial e pós-colonial de Angola.
3.º Os interesses geoestratégicos já evocados, no quadro da luta com a União Soviética pela hegemonia mundial.[4]
O antigo secretário de Estado americano Henry Kissinger e a sua opção globalizadora, opunha-se firmemente à tendência americana de um desfecho político em Angola, preconizando sistematicamente um confronto armado contra a União Soviética e os seus aliados[5], considerava o conflito angolano integrado numa estratégia global de conflito Este-Oeste. Estes argumentos também assentavam na luta pelo controlo dos pontos geográficos considerados como estratégicos nomeadamente a rota do petróleo no corno da África, onde a União Soviética dispunha de uma base naval na Somália.
Esta política fracassou em Angola e nos Estados Unidos porque o secretário de Estado não soube avaliar à sua justa medida as forças e as fraquezas tanto dos seus aliados como dos seus inimigos. Enquanto em África vários esforços eram empreendidos para pôr termo à guerra civil, nos Estados Unidos a luta era em continuar a ceder apoio aos seus aliados da UNITA e da FNLA, pois estavam pessimistas em relação às previsões da CIA e de Henry Kissinger que previa:
1º) Nem a FNLA nem a UNITA tinham hipóteses de alcançar uma vitória militar e, portanto os EUA, estariam do lado dos vencidos.
2º) Em caso de fracasso dos esforços consentidos pelos EUA, o presidente Mobutu e Keneth Kaunda, sairiam da contenda enfraquecidos.
3º) O EUA encontrar-se-iam, no final de contas com a África do sul como o único aliado, o que significaria um grande recuo diplomático.
4º) Apoiar Jonas Savimbi seria considerado pelos Soviéticos como uma escalada e incitaria estes a se imiscuir ainda mais nos assuntos angolanos.[6]
O apoio político da França manifestou-se sem interrupções no seio das instituições internacionais. Os representantes franceses tinham exprimido a sua solidariedade abstendo-se ou recusando votar o conjunto de resoluções destinadas a censurar o colonialismo português. Um ano mais tarde a França reitera a sua política de apoio ao colonialismo fascista português, opondo-se a resolução 2.555 de 12 de Dezembro de 1969[7].
A União Soviética tinha uma velha tradição política de ajuda às lutas dos movimentos de libertação nacional dos países do 3º mundo, cujas origens se encontram nas linhas ideológicas adoptadas depois da Revolução de Outubro de 1917. A ajuda apesar de ter obtido alguns sucessos acabou por sucumbir à lógica da inevitável prepotência que colocava por vezes a União Soviética em contradição com as suas opções de Estado aliados de povos oprimidos.
Em todo o caso a sua política obedecia ao mesmo tempo a uma lógica de superpotência, guiada pelos seus interesses em detrimento dos pequenos Estados ou dos movimentos do terceiro mundo. Por duas razões: os interesses geoestratégicos, constituía a priori uma das motivações essenciais da presença da União Soviética em Angola, as autoridades soviéticas, até ai aliadas do MPLA, tinham lhe retirado a sua ajuda, depois de ter constatado as suas divisões internas. Todavia, cedendo a insistentes pedidos dos dirigentes cubanos, cujas tropas estavam a caminho de Angola, a União Soviética não hesitou a rever a sua posição. A União Soviética começou a apoiar o MPLA, usando as forças armadas cubanas, bem como pessoal militar e civil das nações do bloco comunista especialmente das nações da Europa do Leste[8]
As duas colónias portuguesas ocupam pontos estratégicos importantes na sub-região da África Austral[9]. Em virtude das características das suas fachadas marítimas. Os interesses económicos: os interesses soviéticos não dão muita importância às matérias-primas dos países que eles apoiam. Mas por razões económicas, a URSS é por vezes obrigada a comportar-se como um estado capitalista. Essa postura tinha sido violentamente criticada pelo Comandante Che Guevara no decorrer do seminário afro-asiático de Alger em 1965. Che Guevara não tinha hesitado denunciar publicamente a política da União Soviética, que vendia os seus produtos aos países do terceiro mundo segundo as leis do mercado internacional. E isso porque o problema da União Soviética pareciam muito mais premente no domínio do reabastecimento alimentar do que no dos recursos minerais.
Embora a União Soviética não explore de modo exagerado os recursos naturais
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