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Missões protestantes em terras indígenas

Por:   •  10/10/2018  •  20.079 Palavras (81 Páginas)  •  293 Visualizações

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Em geral a Cosmologia Karajá aborda temas como sua origem, o extermínio e o seu recomeço, a origem da Agricultura, fumo, a origem da chuva do homem branco do sol e da lua como foi colocado, entre muitas outros. E normalmente ela está associada aos rituais e ao meio social como o papel do homem e da mulher, o casamento, o xamanismo o poder político, as doenças, a morte, o parentesco, as plantações, as pescarias e o contato com os brancos[4].

Entre os Karajás, dois grandes rituais são referencias em sua Estrutura social: O ato de iniciação Masculina, o Hetohoky, e a festa de Aruanã, que representam os ciclos anuais baseando-se na subida e descida do rio Araguaia.

Assim para poder analisar a influência missionária no universo simbólico dos índios Karajás, que é o objetivo geral deste trabalho, torna-se necessário primeiramente conhecer a História do povo e as suas relações simbólicas e sócias.

Os missionários capuchinhos que atuaram no Estado de Goiás por volta do Final do Século XIX até o inicio do Século XX, tinham como objetivo cristianizar os Índios e torná-los colonos sedentários. E ao realizarem essas práticas os missionários procuravam só trabalhar como Crianças visto que o objetivo da catequese, deveria ser resolvido na base, uma vez que ao estarem catequizando as crianças os capuchinhos estariam transformando a nova geração em futuros cristãos, diferente do que acontecia quando o trabalho de catequese era realizado junto aos adultos, que tinham já arraigados os costumes e seus valores tribais.

Já a missão novas tribos do Brasil (MNTB) é uma organização missionária protestante criada nos Estados Unidos e uma das maiores missões Evangélicas transculturais do Brasil. Ela se caracteriza:

“Como uma agência missionária de fé de caráter indenominacional e cujo objetivo é alcançar os minoritários grupos étnicos com o evangelho de cristo, e prestar assistência integral nas áreas de saúde, educação e desenvolvimento comunitário”[5].

Entre os Karajá ela atuou no período de 1946 até os dias de hoje na aldeia de Macaúba no Estado do Mato Grosso.

Como já foi citado anteriormente, os índios Karajás possuem uma longa história de contato com diversas missões religiosas, e de maneira geral cada uma dessas missões ao entrar em contato com o índio vai se colocar em uma posição de superioridade,de salvadores.O autor Leandro Mendes Rocha em seu livro O Estado e os Índios: Goiás 1850-1889 coloca que:

“os missionários se sentem no dever de aliviar os índios da miséria física e moral que os oprime, os retirando da escuridão, levando-lhes a felicidade”[6].

Por isso um segundo objetivo deste trabalho é analisar a história do contato missionário em meio à sociedade Karajá, compreendendo os discursos, os métodos e objetivos usados por cada uma dessas missões.

Já algum tempo que vários pesquisadores procuram estudar o impacto da civilização na sociedade indígena, buscando mostrar as mudanças de cultura que tem ocorrido nos índios em meio a esse contato.

O etnólogo Herbert Baldus ao estudar esse fenômeno nos índios, entre eles os Karajás, fez uma série de observações a esse respeito. No seu artigo A mudança de cultura entre os índios do Brasil define mudança de cultura como:

“A alteração na harmônica expressão global de todo o sentir, pensar e querer, poder, agir e reagir de uma unidade social, expressão que nasce de uma combinação de fatores hereditários, físicos e psíquicos com fatores coletivos morais, e que unida ao equipamento civilizador, dá á unidade social a capacidade e a independência necessária á luta material e espiritual pela vida”[7].

E sobre as causas das mudanças de cultura argumenta ele que:

“Entre as causas da mudança de cultura, pode-se distinguir as que vêm de dentro, isto é, da própria unidade cultural, e aquelas que vêm de fora, isto é, são trazidas de outra unidade á unidade cultural em questão. Essas causas podem apresentar-se sob a forma de necessidades ou de indivíduos condutores”[8].

Sobre o espaço de tempo em que ocorre a mudança de cultura ele coloca o seguinte:

“O espaço de tempo no qual uma mudança de cultura se efetua é diferente em cada caso. Em geral, o tempo gasto numa mudança na cultura material é mais curto que o gasto em mudança na cultura espiritual. As necessidades influem mais fortemente na cultura material, manifestando-se mais imediatamente a vantagem e a desvantagem. Quando; por exemplo, o índio troca um machado de pedra por um de ferro, vê imediatamente a vantagem que o novo lhe traz e a desvantagem que teria se continuasse a usar o antigo. E as necessidades, isto é,as condições de sua luta pela vida,fazem-no tomar o machado de ferro. Sendo, porém, oferecidos ao índio nova forma social, novo canto ou nova crença religiosa,não compreende a razão pela qual tenha que abandonar o tradicional ou misturá-lo com o novo”[9].

Sendo necessário um tempo maior para que aja a mudança na cultura espiritual e social.

Nesse contexto o terceiro objetivo desse trabalho se define ao procurar compreender como o impacto proveniente da ação missionária tem modificado o universo simbólico e social do povo Karajá.

E para elaboração do presente trabalho, está sendo usadas fontes da antropologia, mais precisamente material do ramo da Etnologia e Etnografia. Que Segundo o autor Luiz Gonzaga de Mello no livro Antropologia Cultural, Iniciação, Teoria e Temas:

“A definição mais curta de Antropologia pode ser tirada do próprio sentido etimológico do termo: Anthropos, palavra grega que significa” homem “e logia, outro vocábulo helênico, que significa estudo ou ciência, logo a antropologia é a ciência do homem. No entanto, o que a distingue das demais ciências sociais e humanas é o objetivo que nutre de estudar o homem como um todo, levando em conta todos os aspectos da existência humana, biológica e cultural, passado e presente, combinando esses diversos materiais numa abordagem integrada do problema da existência humana”[10].

Dentro da Antropologia existe a presença de um ramo chamado de Antropologia Cultural, que se propõe a estudar a cultura[11]. E dentro da cultura estão assuntos relacionados com política, religião, arte, artesanato, economia, linguagem, práticas e teorias, crença e razão. A Antropologia Cultural pode ser dividida em: Etnologia e Etnografia. A Etnologia estuda a cultura dos povos dando

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