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BRAUDEL, Fernand. História e ciências sociais - A longa duração

Por:   •  7/12/2017  •  3.147 Palavras (13 Páginas)  •  487 Visualizações

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Esse ideal de “história em estado nascente”, surgida das correspondências de embaixadores e debates parlamentares, segue a história factual, no fim do século XIX.

Os historiadores do século XVIII e início do XIX, ao contrário, estavam atentos à grande duração, que, depois foram retomados por outros poucos – Michelet, Ranke, Fustel, Burckhardt

p. 266 ir além da curta duração foi bem precioso da historiografia dos últimos 100 anos porque foi raro. Assim, é possível compreender o papel da história das instituições, das religiões e das civilizações. Também o papel de vanguarda dos estudos sobre Antiguidade Clássica, graças a arqueologia, que depende de grandes períodos.

“A recente ruptura com as formas tradicionais da história do século XIX não foi uma ruptura total com o tempo curto.”

Ela agiu em benefício da história econômica e social e em detrimento da história política. Com a história quantitativa, houve mudanças de método e centros de interesse.

Houve sobretudo alteração do tempo histórico tradicional. A história política tradicional trabalhava com dias. Análise de preços, aumentos demográficos, salários, da produção, etc, precisam de períodos largos, de dezenas de anos.

Surge uma nova forma de relato histórico: o “recitativo” da conjuntura, do ciclo.

p.267 Conjunturas econômica e social tem tempos diferentes. A nova história conjuntural só se realizará plenamente quando completar o seu conjunto.

Esse novo tipo de história deveria conduzir logicamente à longa duração. Porém, o que se realizou foi um retorno ao tempo curto. Talvez porque pareceu mais urgente e necessário juntar a história “cíclica” a história curta tradicional do que prosseguir para o desconhecido.

ex.: livro de Ernest Labrousse que estudava variação dos preços (comoção econômica de curta duração – nova estilo) para explicar a revolução francesa (comoção política – estilo muito velho)

p.268 primeira chave, introdução à longa duração: “tendência secular” - termo cunhado pelos economistas, porém pouco trabalhado por eles.

A segunda palavra, bem mais útil: “estrutura” - domina os problemas da longa duração.

Por “estrutura”, os observadores do social entendem uma organização, uma coerência, relações fixas entre realidade e massas sociais.

Os historiadores entendem estrutura como um conjunto, uma arquitetura, “uma realidade que o tempo usa mal e veicula demoradamente”

Algumas duram muitas gerações, outras menos.

Todas são obstáculos e sustentáculos. Como obstáculos, se marcam como limites dos quais os homens e suas experiências não podem se libertar (ex.:quadros geográficos, biológicos, limites de produtividade, até mesmo certas sujeições espirituais).

Os quadros mentais também são prisões de longa duração.

p.269 exemplos de longa duração: a ideia de cruzada, na longa duração, atravessa séculos e civilizações até o século XIX. Padrão artísticos geométrico dura séculos, etc..

p.270 a dificuldade, por um paradoxo aparente é revelar a longa duração num domínio em que a pesquisa histórica obteve inegáveis avanços recentes, o domínio econômico. Ciclos e crises estruturais escondem regularidades e permanências de velhos hábitos de pensar e agir, às vezes contra toda lógica.

p.271

admitir a longa duração implica em uma nova concepção social. É familiarizar-se com um tempo mais lento, quase no limite do instável.

É com relação às grandes extensões de história lenta que a totalidade da história pode ser repensada, como a partir de uma infra-estrutura. Metáfora da história como um prédio com milhares andares/fragmentos de tempo.

Tudo gira em torno da semi-imobilidade da longa duração.

Isso não é a definição do trabalho do historiador, mas uma concepção desse trabalho.

A história, como todas as ciências sociais, não para de se transformar.

p.272

opinião pessoal de Braudel: história é a soma de todas as histórias possíveis.

O único erro seria escolher uma dessas com exclusão das outras.

Todas as ciências do homem são contaminadas umas pelas outras. Podem falar a mesma

linguagem.

Para o estudo de cada instante é preciso definir uma hierarquia de forças, de correntes, de movimentos particulares e depois retomar o conjunto.

Cada “atualidade” reúne movimentos de tempos longos.

2-A QUERELA DO TEMPO CURTO

Apesar de banal, a constatação da importância do tempo longo não atingiu as outras ciências sociais. Não significa que não aceitem a história e sua duração em seus estudos.

p.273 No entanto, a aceitação é esparsa. Explicação histórica escapa das ciências sociais por duas atitudes quase opostas: 1) “événementializa” ou “atualiza” os estudos sociais, graças a uma sociologia empírica, se restringindo ao tempo curto, da pesquisa sobre o que está vivo. 2) ultrapassa o tempo, imaginando estruturas quase intemporais. Essa última é uma atitude mais recente.

- atitude “événementialista”: todas as ciências sociais participam do erro.

Geógrafos e demógrafos conseguem equilibrar mais ou menos passado e presente.

Economistas são prisioneiros da atualidade, entre um limite de tempo que não passa de 1945 e um presente que tem planos até alguns meses, quando muito alguns anos.

Etnólogos e etnógrafos não tem uma posição tão nítida.

p.274 Alguns deles sublinham a impossibilidade e inutilidade da história no seu trabalho. Isto é uma recusa autoritária. Não há sociedade, por mais atrasada que seja, em que a história tenha fracassado completamente.

Na sociologia das

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