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A MULHER NO CANDOMBLÉ, MITOLOGIA, IMPORTÂNCIA E SEU PAPEL

Por:   •  23/6/2018  •  3.686 Palavras (15 Páginas)  •  636 Visualizações

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Como efeito, dessa expansão dessas Mulheres de Axé, além dos seus terreiros, elas conseguiram constituir no Brasil, sobretudo na Bahia (Salvador e Recôncavo), uma espécie de Feminismo “Jeje-Nagô[1]”, que a princípio não existia na África, ao menos com a intensidade e importância com a qual foi edificada por aqui.

Mostrando para a sociedade, que a mulher poderia sim exercer um cargo de igual para igual com universo masculino, onde ambos teriam as mesmas qualidades mais diferentes funções como veremos no discorrer desse artigo, que visa acima de tudo, desmitificar o candomblé e mostra a importância da mulher, dentro dessa matriz religiosa.

Mitologia

Para entendermos o tão grande é o papel da mulher dentro do Candomblé e podemos compreender em tanto o seu posto, é preciso rebuscamos as lendas passadas de geração em geração pela tradição oral, trazidas da África, e transpassadas dentro dos terreiros, brasileiros afim de demostrar a história e a luta dos Orixás e explicar a cultura que se perpetua ali no momento de culto. Muitas dessas lendas, trazem um Orixá feminino em seu papel principal e abordam como certa maestria e poder o papel deste ser.

A princípio trabalharemos como 2 Mitos, o mito de Oxum e a criação do mundo e o de Oxum e Exu, para abrimos os trabalhos sobre o papel desta mitologia e como ela se espalhou, trazendo o poder para as mulheres.

O primeiro mito a ser abordado neste artigo será o de Oxum e criação do mundo, diz que:

“ Quando os orixás chegaram à terra, organizaram reuniões onde mulheres não eram admitidas. Oxum ficou aborrecida por ter sido posta de lado e não poder participar de todas as decisões. Para se vingar, tornou as mulheres estéries e impediu que as atividades desenvolvidas pelos deuses chegassem a resultados favoráveis. Desesperados, os orixás dirigiram-se a Olodumaré e explicaram-lhe que as coisas íam mal sobre a terra, apesar das decisões que tomavam em suas assembleias. Olodumaré explicou-lhes então que, sem a presença de Oxum e seu poder sobre a fecundidade, nenhum de seus empreendimentos poderia dar certo. De volta à terra, os Orixás convidaram Oxum para participar de seus trabalhos, o que ela acabou aceitando, depois de muito lhe rogarem. Em seguida, as mulheres tornaram-se fecundas e todos os projetos obtiveram felizes resultados. ”[2]

Segundo os mais velhos do meu Terreiro, minha “tia” de santo, senhora Maria Benedita, como seus 77 anos, sendo 55 dedicados ao candomblé e sua perpetuação entre os mais novos, ela sempre me contou desta lenda, pois mostra como a mulher tem um papel de destaque, pois sem a figura feminina de Oxum nas reuniões, ela própria retira a fertilidade da terra e toda e qualquer decisão tomada não tem valor, só o após os homens verem o que ele próprios fizeram ao exclui as “Yabas”[3], das reuniões, só após aceitação dessas mulheres de volta que toda e qualquer decisão tomada tem incidirão a terra, podemos ver como a relação de poder feminino permeia esta lenda e repercuti dentro dos terreiros, onde o elo entre masculino e feminino tem que está em união e igualdade.

Veremos agora o segundo mito, retirado do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi, o mito de Oxum e Exu, onde ela que descobrir os segredos do jogo de búzios:

“Oxum queria saber o segredo do jogo de búzios que pertencia a Exu e este não queria lhe revelar. Ela então procurou na floresta as Iyami Oxorongá e lhes perguntou como enganar a Exu e conseguir o segredo do jogo de búzios. As feiticeiras, querendo pregar uma peça a Exu, ensinaram toda a sorte de magias a Oxum, mas exigiram que ela lhes fizesse uma oferenda a cada feitiço realizado. Oxum concordou e foi procurar Exu. Este, desconfiado, perguntou-lhe o que queria por ali, que ela deveria embora e que ele não a ensinaria nada. Ela então o desafia a descobrir o que tem entre os dedos. Exu se abaixa para ver melhor e ela sopra sobre seus olhos um pó mágico que ao cair nos olhos de Exu o cega e arde muito. Exu gritava de dor e dizia; "Eu não enxergo nada, cadê meus búzios?" Oxum fingindo preocupação, respondia: "Búzios? Quantos são eles?" "Dezesseis", respondeu Exu, esfregando os olhos. "Ah! Achei um, é grande!" "É Okanran, me dê ele". "Achei outro, é menorzinho!" "É Eta-Ogundá, passa pra cá..." E assim foi até que ela soube todos os segredos do jogo de búzios, Ifá, o Orixá da adivinhação, pela coragem e inteligência da Oxum, resolveu dividir o poder do jogo entre ela e Exu”

Vermos a partir dessa mitologia como Oxum em quanto mulher é astuciosa e decidida para aprender o jogo de búzios, ela ludibria Exu e consegue obter o êxito em sua conquista, mesmo sendo uma mitologia forte, ela ensina, que para os filhos de Oxum, nada é impossível, pois ela, conseguiu enganar Exu, orixá da comunicação entre o Orun[4] e a Terra, por que nós, filhos desse Orixá não podemos vencer e ter o que queremos nesta vida.

Mulheres e seus papeis no Candomblé.

Após esse diálogo com a Mitologia Afro-Brasileira e toda sua compreensão de como a mulher por se própria começa a ter seu papel traçado e desempenhado na religião, podemos começar a desenhar e explicar os principais papeis das mulheres dentro das casas de axé.

Se destacam entre os papeis exclusivamente femininos que merecem o máximo respeitos os seguintes cargos: Ekedes, Íyálòrísàs e Yawôs.

-Ekedes: São mulheres que não incorporam, mais sim escolhidas pelos Orixás, para zelar por eles e pelo sacerdócio da Casa. São pessoas de grande importância na estrutura religiosa da comunidade, que são admiradas por todos.

Em grande parte das ocasiões, ao longo das festividades, algum Orixá escolhe entre as pessoas presentes, uma mulher, para suspender/indicar como Ekede, é um momento de grande alegria e festejo para todos, onde os filhos da comunidade comemoram, futuramente, essa mulher poderá ser confirmada como Ekede, em uma outra festividade, onde ela passar por todos os ritos e será reapresentada para a comunidade.

Se fomos “ranquear” as funções de uma Ekede, podermos afirma que são múltiplas, passando pelos mais diferentes cargos, entre os quais contaremos as mais importantes aqui. Segundo o meu irmão de santo, Geraldo Conceição, de 39 anos, sendo desses 16 dedicados ao axé, filho de Obaluae com Iansã, os cargos das Ekedes dentro dos terreiros são:

“Iabasé, a Ekede dedicada exclusivamente a comida dos orixás, Iamoru, a

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