Roteiro de observação baseado no texto: ‘’Os caminhos do ouro e o registro da vegetação seguindo os naturalistas do século XIX’’

...

‘’Quanto mais exposta a planta a um meio adverso, em geral, menor o seu tamanho. Depois de saber fazer troncos e folha grandes, reduzir o tamanho é uma adaptação. Reduzir o tamanho, economizar água de todas as formas possíveis. ’’

Outro fator que é considerado importante para os naturalistas, são as condições edáficas do solo, se referindo as composições químicas do solo, os nutrientes disponibilizados.

‘’Próximo a Itambé, a região propicia a correlação da vegetação com o solo: onde tem argila, tem bosques; onde tem areia, tem uma vegetação enfezada.’’

A temperatura também tem suas ressalvas pelos naturalistas, tendo em vista a influencia na fotossíntese, no desenvolvimento e na fecundidade da vegetação.

‘’Cresce, espontaneamente, em algumas das mais altas montanhas do Rio de Janeiro. Encontra-se novamente aqui, em terreno muito elevado, nos limites das matas e campos, constitui a maioria dos capões nos arredores de Curitiba. Na capitania do Rio Grande, desce até a borda do campo. Parece, pois, haver igualdade de temperatura entre esses diferentes pontos e a araucária funciona como um termômetro.’’

Marcas da interferência humana na paisagem

Saint-Hilaire e Von Martius fazem menções a extração do ouro e ao desmatamento para alocações de pastagens, uso da madeira, e demonstram sua indignação com o uso indiscriminado e desperdício para com os recursos, e tendo o desequilíbrio como consequência dessas ações humanas.

‘’Toda a região percorrida, cerca de 10 léguas, entre Itambé e Cocais, é coberta de montanhas. Outrora esta zona apresentava florestas imensas, que foram queimadas para fazer lavouras, e em seu lugar veem-se hoje somente grandes samambaias, o capim gordura e capoeiras. (...)’’

‘’Na região de Sabará, percorrida uma extensão de 20 léguas, é extremamente montanhosa tendo sido fornecedora de prodigiosa quantidade de ouro; poucas são as culturas que ai se veem.’’

Aspectos Cênicos e paisagísticos

A exuberante diversificação da paisagem chama muito a atenção dos dois naturalistas ao avistarem em seu trajeto os diferentes biomas e suas transições, tendo em vista o contato que tiveram com a floresta estacional semidecidual, chegando a comparar os contornos da floresta do novo mundo com as do velho mundo, mas admitindo a diferença devido a diversidade e os diversos tipos de arvores, folhagens e porte.

‘’Na floresta, milhares de vidas reunidas no mesmo espaço, por tempos diversos, famílias diversas de plantas, sobre o mesmo solo, sob o mesmo céu, convivendo sem muros, crescem lado a lado. Os tamanhos variam, porém, para a folha o importante é estar receptiva ao sol, estar para a luz em primeiro lugar, depois tudo é detalhe.’’

‘’Observa que as maior parte das arvores se eleva perfeitamente ereta de uma altura prodigiosa e as compara em contraste com a Europa. Certas formas vegetais que entre nos apenas se mostram em humildes proporções, lá se desenvolvem, estendem e exibem uma pompa desconhecida em nossos climas. ‘’

Familias catalogadas e regiões fitogeográficas

Saint-Hilaire e Von Martius encontraram diversas espécies nas suas viagens, principalmente nas florestas estacionais semideciduais onde a enorme uma variação se estabelece.

Abaixo um quadro com todas as famílias dos vegetais encontrados e catalogados por Saint-Hilaire em sua expedição pelo Brasil.

AcanthaceaeAdoxaceaeAizoaceaeAlguesAlismataceaeAmaranthaceaeAmaryllidaceaeAnacardiaceaeAnnonaceaeAnthocerotaceaeApiaceaeApocynaceaeAquifoliaceaeAraceaeAraliaceaeArecaceaeAristolochiaceaeAsclepiadaceaeAsparagaceaeAsteraceaeBalsaminaceaeBartramiaceaeBegoniaceaeBerberidaceaeBignoniaceaeBixaceaeBombacaceaeBoraginaceaeBrachytheciaceaeBrassicaceaeBromeliaceaeBryaceaeCactaceaeCalophyllaceaeCampanulaceaeCannabaceaeCapparaceae

CaprifoliaceaeCaricaceaeCaryocaraceaeCaryophyllaceaeCelastraceaeChloranthaceaeCistaceaeCleomaceaeClusiaceaeCombretaceaeCommelinaceaeConvolvulaceaeCornaceaeCostaceaeCrassulaceaeCucurbitaceaeCunoniaceaeCyperaceaeDicranaceaeDilleniaceaeDipsacaceaeDroseraceaeEbenaceaeElatinaceaeEricaceaeEriocaulaceaeErythroxylaceaeEscalloniaceaeEuphorbiaceaeFabaceaeFamilleFrankeniaceaeFunariaceaeFungiGentianaceaeGeraniaceaeGesneriaceae

GrossulariaceaeHaloragaceaeHumiriaceaeHypericaceaeHypnaceaeHypopterygiaceaeIllecebraceaeIridaceaeJubulaceaeJuncaceaeJungermanniaceaeKrameriaceaeLamiaceaeLauraceaeLecythidaceaeLejeuneaceaeLentibulariaceaeLeskeaceaeLiliaceaeLinaceaeLoasaceaeLobeliaceaeLoganiaceaeLoranthaceaeLythraceaeMagnoliaceaeMalpighiaceaeMalvaceaeMarantaceaeMarcgraviaceaeMarchantiaceaeMayacaceaeMelastomataceaeMeliaceaeMenispermaceaeMenyanthaceaeMniaceae

MonimiaceaeMontiaceaeMoraceaeMyrsinaceaeMyrtaceaeNeckeraceaeNyctaginaceaeNymphaeaceaeOchnaceaeOlacaceaeOleaceaeOnagraceaeOrchidaceaeOrobanchaceaeOrthotrichaceaeOxalidaceaePaeoniaceaePapaveraceaePassifloraceaePhyllanthaceaePhyllogoniaceaePiperaceaePlantaginaceaePlumbaginaceaePoaceaePodostemaceaePolygalaceaePolygonaceaePolytrichaceaePontederiaceaePortulacaceaePotamogetonaceaePrimulaceaePteridophytaRanunculaceaeResedaceaeRhamnaceae

RhizogoniaceaeRicciaceaeRosaceaeRubiaceaeRutaceaeSalicaceaeSamydaceaeSapindaceaeSaxifragaceaeScrophulariaceaeSimaroubaceaeSiparunaceaeSmilacaceaeSolanaceaeSphagnaceaeStaphyleaceaeSterculiaceaeSymplocaceaeTheaceaeThymelaeaceaeTiliaceaeTrigoniaceaeTristichaceaeTropaeolaceaeTurneraceaeUlmaceaeUrticaceaeValerianaceaeVelloziaceaeVerbenaceaeViolaceaeVitaceaeVivianiaceaeVochysiaceaeWinteraceaeXyridaceaeZygophyllaceae

Disponível em: http://hvsh.cria.org.br/hv (herbário virtual)

‘’Melastomatáceas aparecem em todas as serras, nos campos. Planta importante na composição florística da região, não soem relação ao número de gêneros e espécies, mas também devido à quantidade com que ocorrem. Algumas exibem um porte arbóreo, outras arbustivo ou ainda herbáceo. Crescem sobre rocha, quanto sobre areia, argila, ferro.... Tanto no sol, quanto na sombra. Maior capacidade de adaptação de suas folhas. O seu padrão de nervação é o de uma folha curvinérvea. Nesta família, o tamanho, a forma, a consistência, as redes de nervuras, tudo é extremamente variável.’’

A Flora Brasiliensis foi a obra mais importante de Von Martius, que não presenciou o final de sua obra, sendo finalizada por outros cientistas de diferentes nacionalidades e catalogando cerca de 22.000 espécies de plantas. Von Martius