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GRUPO DE AGROECOLOGIA GEOFLORESTA: A PRÁXIS AGROECOLÓGICA NA FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA BAIXADA FLUMINENSE - CAMPUS DA UERJ.

Por:   •  19/10/2018  •  2.780 Palavras (12 Páginas)  •  334 Visualizações

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Assim como também a autora, ao transcrever sua entrevista com José Zumba, representante do movimento social da comunidade que esteve presente nessa incorporação da faculdade ao CIEP, nos faz lembrar que a universidade deve continuar refletindo cada vez mais sobre seu papel - Zumba, em entrevista, conta que para os alunos da FEBF irem para o CIEP crianças tiveram que sair, logo existiu uma mobilização dos pais dessas crianças matriculadas que juntamente com a direção da escola fizeram um abaixo assinado para que esse deslocamento não ocorresse. Qual seria então a função de uma Faculdade de Educação nesse contexto? Devemos refletir que o conhecimento não é neutro e suas consequências devem ser consideradas. Acreditamos que o Geofloresta é uma das iniciativas que tentam resgatar esse compromisso.

Apesar da memória não recuperar cada detalhe que foi importante para o surgimento do grupo tentaremos resgatar um pouco do nosso histórico. A troca de experiências e vivências dos alunos de Geografia sempre foi o chão de onde partimos, a base mais rica de informações que podemos experimentar até agora na nossa caminhada. Essa troca varia desde a militância estudantil dentro dos muros da universidade até a participação em congressos, encontros de estudantes, fóruns e outros espaços.

Acreditamos ser necessário então, exemplificar alguns desses momentos que de certa forma contribuíram para formar o Geofloresta. Em 2009 aconteceu o Fórum Social Mundial em Belém do Pará, a FEBF foi representada por alunos que fizeram uma longa viagem de ônibus até lá. Naquele espaço foram discutidos por movimentos sociais de todo o mundo alternativas as propostas neoliberais dos estados nações. Podemos dizer que foi onde as coisas começaram. Lembramos ainda de outro espaço, o Encontro Nacional de Geógrafos – ENG 2012, em Belo Horizonte. O colégio que servia de alojamento para os encontristas, recebeu mais de mil pessoas de todo o Brasil acampadas em barracas. Dentre essas pessoas, estavam três estudantes do Ceará que viajavam a meses de bicicleta pelas estradas do país praticando a agroecologia de forma autônoma, o grupo de autonomeava “caravana searadeluz”. Eles geravam recursos financeiros para a sua viagem através da venda de fotos tiradas ao longo da viagem e da venda de alguns produtos de artesanato. Além disso, a cúpula dos povos foi marcante na construção desse projeto. As reuniões da cúpula do Rio+20 em 2012 eram compostas pelos chefes das grandes nações e organismos que controlam as políticas econômicas ambientais. As reuniões aconteciam na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, no RioCentro, a portas fechadas. Enquanto acordos evolvendo a legislação ambiental que todas as nações deveriam seguir dali pra frente eram impostos, do lado de fora, na Avenida Rio Branco, centro do Rio de Janeiro, acontecia a marcha da Cúpula dos Povos, com a rua tomada por mais de 1 milhão de pessoas. A Cúpula dos povos foi um evento alternativo que tinha como proposta ser um espaço dos movimentos sociais cujo objetivo era a construção de alternativas ambientais diferentes das propostas na Rio+20. Foi neste espaço que conhecemos integrantes do grupo de agroecologia do Centro Acadêmico de Biologia da UFSC, grupo que mais tarde enviaria sementes para o início do plantio.

No ano de 2013, em um trabalho de campo da disciplina de Geografia Agrária, visitamos um sítio chamado Carangola, localizado em Teresópolis. Nesse sítio aprendemos algumas técnicas e conhecemos uma experiência prática de agroecologia visitando os espaços de plantio.

Esses momentos contribuíram para que no dia 30/09/2013 o plantio começasse, com as sementes enviadas por correio pelos membros do Centro acadêmico de Biologia da UFSC. A atividade foi realizada através de um mutirão que contou com alunos dos três cursos e até de professores.

[pic 1] Figura 1: Primeiro contato com o solo. Outubro de 2013

Dessa forma podemos dizer que o Geofloresta surgiu como uma ocupação estudantil no campus deliberada em reunião do Centro Acadêmico de Geografia Sueli do Nascimento. Foi escolhida como área de plantio os fundos do prédio do CIEP. Por ali já existiam algumas árvores frutíferas como mangueiras, jaqueira, cajueiro e acerola. A maioria delas plantadas pelos funcionários da empresa terceirizada que faz a manutenção do campus.

3.0 DEFINIÇÕES: Agroecologia como objeto de estudo.

A Agroecologia trabalha com a ideia de Sistemas Agroflorestais, onde são utilizadas culturas de agricultura e técnicas de manejo florestal, propondo uma visão sistêmica da natureza, segue uma definição de ALTIERI sobre o que é agroecologia:

“Trata-se de uma nova abordagem que integra os princípios agronômicos, ecológicos e socioeconômicos à compreensão e avaliação do efeito das tecnologias sobre os sistemas agrícolas e a sociedade como um todo. Ela utiliza os agro-ecossistemas como unidade de estudo, ultrapassando a visão unidimensional.” (Altieri,1998, p.23)

Um sistema agroflorestal se constitui como combinações de elementos arbóreos com herbáceas e/ou animais organizados no espaço e no tempo. É o manejo ecológico dos recursos naturais, possibilitando os indivíduos a aprenderem sobre os conteúdos através do contato direto com os elementos de seu ambiente natural, criando também conexões entre o homem e a terra.

Além dos conceitos dos Sistemas Agroflorestais fazem parte de nossas reflexões temas da educação ecológica por um viés crítico preocupado com a promoção de uma consciência ecológica que envolva o questionamento das verdadeiras causas da degradação ambiental, não se contentando apenas com a preocupação reducionista de proteção ambiental, ou com a lógica preservacionista. A educação ambiental não é neutra, deve ser compreendida como uma educação política.

Dentro desse contexto a agroecologia, os saberes tradicionais e populares podem ser usados na tentativa de criar afetivamente com experiências práticas, o pertencimento o auto-conhecimento do lugar em que vivemos, a partir de um olhar sistêmico possamos propor outras relações sociais diferente das relações fragmentadas.

Esses tipos de conhecimento são na maioria de origem dos povos originários e/ou são frutos de longo trabalho empírico de pequenos agricultores e não surgiram nos grandes centros de pesquisa como nos leva a crer a pártir da lógica do nosso tempo. Outra destaque é para as comunidades indígenas ou quilombolas, que já praticavam as roças, rotações, consórcios com muita eficácia e muitas delas praticam até hoje. Como ressalta altieri:

“Os

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