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A Filosofia Medieval

Por:   •  6/6/2018  •  1.434 Palavras (6 Páginas)  •  418 Visualizações

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“Ag – Há todavia, creio, certa maneira de ensinar pela recordação, maneira sem dúvida valiosa, como se demonstrará nesta nossa conversação. Mas, se tu pensas que não aprendemos quando recordamos ou que não ensina aquele que recorda, eu não me oponho; e desde já declara que o fim da palavra é duplo: ou para ensinar ou para suscitar recordações nos outros ou em nós mesmos; o que fazemos também cantamos; ou, por acaso, não te parece? ”. (AGOSTINHO, 1956, p. 13)

Portanto, a linguagem aparece em Agostinho enquanto um instrumento pelo qual podemos ensinar e dar informações, remetendo à memória fatos ou conceitos e recordá-los aos outros. Embora não se trate de uma abordagem de direta do problema da pedagogia, a obra percorre as principais problemáticas acerca da educação, e do processo de alfabetização e seu papel na formação intelectual do indivíduo.

O Conhecimento Da Coisa É Superior Ao Conhecimento De Seu Nome.

“Ag – Como vamos fazer então? Diremos que com esta palavra (nihil), ais do que a própria coisa, que não existe, queremos significar aquele estado da alma produzido quando não se vê a coisa, e, no entanto, descobre-se ou se pensa ter descoberto que a coisa não existe? ”. (AGOSTINHO, 1956, p. 21)

Para Agostinho, nos utilizamos da linguagem de maneira que nos referimos sempre a algo, cabendo a palavra o papel de um determinado sinal, ao ouvinte. Em outras palavras, a linguagem aparece aqui enquanto instrumento de acesso ao significado das coisas, por meio de signos. A existência de um significado aparece aqui como condição sine qua non para a existência de um signo.

“Ag – Para conceder-te que isto é assim, não irei enumerar todas as objeções que por acaso se poderia apresentar a essa tua regra; mas podes facilmente reparar que explicaste palavras com outras palavras, isto é, sinais com outros sinais, coisas conhecidíssimas com outras conhecidíssimas, porém gostaria que, se pudesses, me mostrasses as coisas mesmas, de que estas são sinais. ”. (AGOSTINHO, 1956, p. 23)

Só temos conhecimento de fato quando a coisa a que a palavra se refere é conhecida ou percebida anteriormente. Logo, as palavras não nos ensinam nada porque ou ignoramos o que significam como, por exemplo, no caso de uma língua desconhecida, e aí não identificamos as palavras enquanto portadoras de significados; ou se são conhecidas, são apenas um fator de recordação e não de ensino.

Não Pode Existir Um Sinal Que Nada Signifique.

“Ag – Argumentas muito agudamente e por isso considera se é possível convir entre nós que se podem mostrar sem sinais as coisas que não fazemos quando se nos perguntam, mas que podemos fazer logo em seguida, ou as que fazemos desde que estas nada mais sejam do que os próprios sinais. Pois, quando falamos fazemos sinais, donde provém a palavra significar (fazer sinais – signa facere). ”. (AGOSTINHO, 1956, p. 33)

Agostinha aponta que não pode existir sinal que nada signifique, pois se isso ocorre-se nada poderá indicar, não seria a representação de algo. Se não temos conhecimento do significado da palavra, esta não passa de uma representação sonora. A possibilidade do reconhecimento de um som só se torna possível no momento que o receptor consegue encontrar aquilo de que a palavra é sinal. Isto, no entanto, só é possível a partir do conhecimento da coisa. Podemos assim estabelecer uma hierarquia pelo grau de abrangência, partindo do mais abrangente: 1- Sinal/Signo (Tudo que significa algo,mostra algo); 2- Palavra (Aquilo que se profere com certo significado, através da voz); 3- Nome (Nem toda palavra é nome, mas todo nome é palavra).

Conclusão.

O aprendizado, portanto, aparece em Agostinho enquanto uma relação de apresentação da coisa a seu interlocutor. Cabe ao Mestre não o papel de ensinar, mas relembrar ao interlocutor através da utilização dos sons. Não obstante, podemos dizer que a teoria desenvolvida por Santo Agostinho resgata elementos centrais da obra de Platão e sua teoria da reminiscência da alma, embora aqui a fundamentação da verdade seja distinta.

“Ag – [..] quem nos ouve conhece o que eu digo por sua própria contemplação e não através das minhas palavras, desde que ele também veja por si a mesma coisa com olhos interiores e simples. Por conseguinte, nem sequer a este, que vê coisas verdadeiras, ensino algo dizendo-lhe a verdade, porque aprende não pelas minhas palavras, mas pelas próprias coisas, que a ele interiormente revela Deus;. ”. (AGOSTINHO, 1956, p. 117)

Para Agostinho, a fonte de aprendizado e sabedoria só pode ter como raiz em Deus, o único mestre. Não obstante, o autor aponta a existência do que ele vai chamar de Mestre Interior. É

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