O Leitor de Jornal

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Em primeiro lugar, vale ressaltar a concepção de texto: uma unidade significativa global, que ganha sentido na interação, a saber: localiza-se em determinada seção, dirige-se a determinado leitor, para atender a determinado objetivo, determinado momento histórico-cultural, etc. Nesse sentido, o professor poderá levar o aluno não somente a identificar os diferentes tipos de texto, mas também a relaciona-los à situação interlocutiva.

Por outro lado, pode-se explorar o modo como um mesmo tema obtém diferentes configurações, partindo de diferentes produtores de texto que desejam atingir diferentes interlocutores.

Trata-se, na verdade, de uma excelente oportunidade de discutir como os tipos de textos se alternam em função dos objetivos que cumprem nos diferentes cadernos e seções, e que ganham contornos distintos dos gêneros reconhecidos. Nesse sentido os textos publicados nos jornais permitem não apenas um trabalho sobre a leitura, mas sobre a categorização dos textos, em função de uma situação discursiva. Nessa perspectiva, não é suficiente apenas o reconhecimento das tipologias, mas é preciso ir além, buscando categorias de explicação da organização interna do texto. Para tal, as atividades de metaleitura ganham significado no trabalho com os textos jornalísticos. Essas atividades consistem em analisar dois aspectos do texto:

- o tipo de apresentação, isto é a identificação da “geografia” do texto: se é uma página de jornal, quais as conseqüências disso?

- o tipo de texto, em que não basta o aspecto externo, e sim, sua organização interna: argumentação ou narração, ou explicação, ou informação, etc.

Para reforçar e aproveitar a atividade de metaleitura o professor poderá conduzir a aluno a perceber quais aspectos do tema o interlocutor destacou, que interpretação fornece do tema e de que dados lançou mão para sustentar seu ponto de vista.

Portanto, trata-se, não de impor uma categoria, um modelo, mas de analisar os textos em relação à situação de enunciação. Isso permite quebrar os esquemas prototípicos que vêm sendo adotados nas escolas. O professor pode, a partir dos textos publicados em jornal, desenvolver propostas em que o aluno faça não apenas um mero exercício de classificação, mas uma atividade de reflexão, e que consiga perceber não apenas o texto, mas a situação do leitor. Dessa forma, o professor pode:

- sensibilizar os alunos para os diferentes tipos de escrita;

- levar os alunos a identificarem diferentes tipos de textos;

- levar os alunos a reconhecer que o tipo de texto é resultado intenções, enquanto produto discursivo;

- estimular a base cognitiva do aluno, em função da diversidade de textos e dos processamentos desenvolvidos;

- permitir o desenvolvimento da metacognição, isto é, da consciência do processo de conhecimento.

Em relação aos diferentes tipos de textos, pode-se destacar, ainda, uma outra grande possibilidade: a de o professor explorar o campo da propaganda e dos anúncios, destacando os diferentes recursos (gráficos, lingüísticos e semânticos) em relação ao leitor que pretende atingir. Dois textos publicados no jornal O Estado de Minas, de 20/04/96, seção "Classificados", servem como explicação: encontram-se em uma mesma página, possivelmente procurando atingir leitores diferentes que, em busca de um imóvel, lêem a seção.

Os textos se diferenciam pelo tamanho e pelo espaço que ocupam na página. Se considerarmos a chamada do primeiro texto: Prontinhos para morar, em relação à chamada do segundo texto: A construtora... apresenta mais um sucesso de público e de crítica, poderemos determinar o tipo de leitor que os textos procuram atingir.

Ao primeiro interessa atingir um comprador que necessita, não de um sucesso de público e de crítica, mas de resolver um problema real de moradia. Ao segundo interessa exatamente o contrário: a imagem de sucesso.

A exploração do universo lingüístico e dos demais recursos presentes nesses textos possivelmente permitam ao professor levar o aluno a fazer inferências e deduções a respeito não só da propaganda enquanto texto, mas das relações que sustentam, no contexto nacional, as diferenças sociais e econômicas que os textos permitem vislumbrar.

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As competências de leitura e produção de texto jornalístico

HABILIDADE

1. Na leitura do jornal

* Reconhecer a configuração de um jornal;

* Identificar as diferentes partes do jornal;

* Identificar funções dos textos;

* Explicitar as razões de diferentes textos;

* Relacionar textos e seus leitores;

* Identificar diferentes tipos de textos;

* Localizar e retirar informações;

* Fazer inferências com base nas pistas textuais;

* Realizar compreensão global de um texto;

* Sintetizar informações;

* Identificar causas e conseqüências de fatos;

* Distinguir fato de suposição;

* Identificar intenções nos diferentes textos;

* Operar com índices e saliências textuais.

2. Na escrita do jornal

* Prever o leitor do texto;

* Definir o tema do texto;

* Definir o objetivo do texto;

* Definir o suporte específico do texto;

* Organizar, com coerência, o texto;

* Escolher o registro lingüístico adequado;

* Realizar escolhas lexicais e sintáticas de forma a garantir a organização

micro estrutural do texto;

* Avaliar