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Sociedade de Consumo

Por:   •  7/2/2018  •  767 Palavras (4 Páginas)  •  412 Visualizações

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Não satisfeito com a reacção e sem delongas, o professor passou à leitura do segundo texto, que era clone do anterior, e repetiu a pergunta: "Quem escreveu este texto?" Alguns alunos ainda esboçaram um levantar de braço, mas rapidamente suspenderam o gesto. Ao cabo de uma dezena de leituras, a perturbação inicial deu lugar ao riso. Os alunos tinham percebido a mensagem. Já não erguiam os bracitos, mas mal sabiam o que os esperava.

[O professor propôs que voltassem a escrever o texto, mas desta vez, respeitando um conjunto de regras que ele ditaria. Iriam voltar a escrever sobre a Primavera, mas estavam proibidos de escrever frases como

«eu gosto muito da Primavera», «é o tempo das andorinhas...», «chegam as férias da Páscoa», etc., etc.].

O silêncio tomou conta da sala, um silêncio estranho, nunca visto. (…) Durante alguns longos minutos, os alunos entreolhavam-se, cotovelos assentes nas carteiras, cabeças entre as mãos, gestos de impaciência... até que um deles, após um trejeito no rosto, se decidiu escrever algo. O colega do lado espreitou, encolheu os ombros como se dissesse "olha a grande novidade!" e fez par com o primeiro. Pouco a pouco, juntaram-se os restantes, cada qual na sua vez (…).

Findo o inesperado jogo, os textos foram recolhidos. Seguindo os mesmos cuidados da primeira sessão de leitura, o professor leu o primeiro dos textos e perguntou: «Quem escreveu este texto?» No meio dos seus trinta alunos, um braço ergueu-se decidido, um só braço, uma só mão autora. O professor disfarçou como pode a emoção e leu o segundo dos textos. Novamente, um só erguer de braço sem hesitações, um gesto único, convicto. E assim foi acontecendo até à derradeira leitura daqueles textos LIVRES.

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