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CULTURA, PRODUÇÃO E CONSUMO DOS ALIMENTOS EM UMA SOCIEDADE INDÍGENA NA REGIÃO DE SÃO MIGUEL DAS MISSÕES1

Por:   •  18/9/2018  •  1.791 Palavras (8 Páginas)  •  341 Visualizações

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com erva mate que nós produzia, hoje compramos, nas nossas terras não tem mais árvores. Nós socava cana em um pilão, o bagaço com o caldo era fervido em uma

chaleira de barro e nós tomava o mate doce de cana. O chimarrão doce ou só de água pode ser tomado por todos os índios, as mulheres menstruadas não podem. A bomba era de taquarinha que a gente fazia”. Cada cultura, lugar, país, tribo possui seus próprios alimentos, formas de preparações, costumes, tradições e Mintz, (2001) cita que “os hábitos alimentares revelam a cultura em que cada um está inserido”. “Para cozinhar nos estamos usando os utensílios dos juruá (brancos) mas tudo sempre que possível dentro do sistema Guarani que herdamos dos nossos ancestrais. Em algumas comidas novos utensílios substituíram os tradicionais, mas sem prejuízo à forma de preparação e realização das refeições que aprendemos.” (índio Guarani jovem) Os alimentos ainda produzido por eles não pertence unicamente a quem o produziu, pertence a todo o grupo. Antigamente consumiam alimentos naturais, sendo o milho o principal alimento. A mandioca anda é utilizada, cada família tem sua lavoura. É consumida cozida, assada ou frita em óleo. Antigamente era utilizado óleo de coroa ou taluna, este óleo vem da palmeira, que também é conhecida como pindó. O amendoim também é uma oleaginosa muito consumida, ele é feito torrado e socado no pilão com milho, esta preparação é chamada de Avastikui, e quando verde é fervido com casca. O arroz é cozinhado juntamente com o feijão, está preparação chama-se komanda ro. A principal bebida conservada da cultura consumida por eles é o chá mate. Também fazem preparações com peixes, o peixe assado, que é assado na taquara, varra de cipó ou laranjeira do mato. Outra preparação é o peixe fervido: fervido em água e sal, antigamente este era feito em uma panela de argila, hoje é feito em panela de alumínio pois a argila modificou-se. Hoje em dia os índios não conseguem fazer panelas de argila pois não encontram o ponto certo. Eles não utilizam caderno de receita, as receitas são passadas de pais para filhos, sendo guardadas na memória. A pessoa mais velha da tribo relata histórias para os pequenos e assim estes aprendem como devem agir em cada situação. “Para nós o milho é um alimento da nossa cultura que ainda permanece, mas com a entrada de alimentos dos brancos muitas crianças não estão aceitando comer milho verde. Fico muito triste porque as crianças não querem mais comer os alimentos da nossa cultura, nem os que ainda podemos fazer. Nossas famílias além de produzirem, eles acabam indo para as cidades fazendo compras em supermercado pois não possuem matéria prima, como por exemplo a pamonha que antigamente era feita com milho seco e socado no pilão agora esta preparação é feita com fubá comprado no mercado, o arroz e a erva mate também são comprados, fazendo com que a cultura nossa seja cada vez mais urbanizada, perdendo nossos hábitos culturais.” (índio fundador da aldeia)

Katz (2009, p. 26) faz uma reflexão sobre a culinária tradicional indígena. “Em países com uma proporção pequena de população indígena, como Brasil ou Argentina, a alimentação dos indígenas tende a ser ignorada”. O que mostra que a maioria das pessoas não se interessam tanto pelas culturas das tribos indígenas, porém é uma rica e diferente cultura mas que já esta se perdendo bastante principalmente na alimentação. O modo como as tribos indígenas sobrevivem hoje, vivendo dispersos em pequenos grupos, com privação de terras, em disputas pela demarcação de suas terras, lutando pela ampliação das áreas anteriormente demarcadas, resistindo às mudanças culturais e ambientais a que são submetidos ou adaptando-se de alguma maneira aos hábitos da sociedade predominante, são retratos dos indígenas de hoje, que vêm, há muito tempo, perdendo também a qualidade de vida. As transformações podem estar associadas à relativa proximidade das aldeias, o comércio de seus artesanatos nas cidades e centro histórico facilitando a interrelação entre os elementos tradicionais e a cultura Juruá (AUZANI e GIORDANI, 2008).

CONSIDERAÇÕES FINAIS Na atualidade, não produzem mais todos os seus alimentos, devido a escassez de recursos naturais em suas aldeias. Estratégias de sobrevivência são desenvolvidas para conseguir de outras maneiras os alimentos, como o cultivo de outras espécies a criação de animais, o plantio de arvores frutíferas e a compra no supermercado ou doação. A tribo indígena adotou novo estilo de vida e com isso está consumido muitos produtos industrializados, fazendo com que aumentem as possibilidades de desenvolverem as doenças relacionadas a alimentação inadequada. Palavras-Chave: Indígenas - Cultura - Alimentação

REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1993. KATZ , Ester. Alimentação indígena na américa latina: comida invisível, comida de pobres ou patrimônio culinário? Espaço Ameríndio, v. 3, n. 1, p. 25-41, jan./jun. Porto Alegre, 2009. LITAIFF, Aldo. As divinas palavras: identidade étnica dos Guarani-Mbyá. Florianópolis: Editora da UFSC, 1996. MINAYO, M.C.S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 11a ed. São Paulo, HUCITEC, 2008. MINTZ , Sidney W. Comida e antropologia: Uma breve revisão. Revista Brasileira de Ciências Sociais – v. 16 n. 47, 2001.

TEMPASS, Mártin César. Comida e gênero entre os Mbyá-Guarani. Caderno Espaço Feminino, v.19, n.01, jan./jul, 2008.

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