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A MULTIDIMENSIONALIDADE DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

Por:   •  17/10/2017  •  4.314 Palavras (18 Páginas)  •  1.089 Visualizações

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1.5 A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES TEORIA E PRÁTICA: A PEDAGOGIA DA AUTONOMIA DE PAULO FREIRE

Fig. 01 – Paulo Freire.

Fonte:www.pedagogia.pro.br/ imagens/freire.jpg[pic 2]

Paulo Freire (1921 – 1997) – Paulo Freire deixou uma vasta obra na área da Educação, foi professor universitário em universidades brasileiras e estrangeiras, sendo outorgado o título de “Doutor Honoris Causa”, em 27 universidades. Foi também Secretário de Educação da cidade de São Paulo. Faremos uma breve abordagem do último livro escrito por ele – Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. E, assim, esperamos proporcionar aos alunos uma reflexão da possibilidade de ações mediante as idéias do professor.

Paulo Freire, no citado, aborda questões fundamentais para a formação dos educadores de forma objetiva, sugere práticas e indica possibilidades para os educadores estabelecerem novas relações e condições de educabilidade, deles entre si, dentro de cada um deles e com seus educandos. Conclama os educadores para uma ética crítica, competência científica e amorosidade autêntica. Para conhecer melhor sua teoria, sugerimos a leitura de suas obras e as de autores que se dedicam a estudá-la mais amiúde. Vamos a síntese do livro.

1.5.1 Não há docência sem discência

Para o autor, todo educador deve pautar sua prática a partir de uma teoria, pois uma prática sem teoria torna-se uma ação sem significado, um “blábláblá” sem fundamento teórico e a prática, um ativismo (FREIRE, 2004, p. 22). É necessário que o educador esteja preparado não para transmitir conhecimento, mas para criar as possibilidades para a sua produção ou construção; não há docência sem discência, pois quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.

Quando vivemos a autenticidade exigida pela prática de ensinar e aprender, participamos de uma experiência total, diretiva, política, ideológica, gnosiológica, pedagógica, estético e ética, em que a “boniteza” deve achar-se de mão dadas com a decência, e com a serenidade.

No processo de aprender descobrimos que é possível ensinar como tarefa não apenas embutida no aprender, mas perfilada em si com relação a aprender, é um processo que deflagra no aprendiz uma curiosidade crescente, que pode torná-lo mais e mais criador. (FREIRE, 2004, p. 24).

O professor deve proporcionar ao educando, situação na qual ele passa ser o sujeito ativo do seu saber e não um mero receptor de informação, para isso é preciso que o educador esteja aberto à reflexão sobre o seu fazer pedagógico.

O autor afirma ainda que ensinar exige rigorosidade metódica. O educador democrático não pode negar o dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão. Uma de suas tarefas primordiais é trabalhar com os educandos a rigorosidade metódica, com que devem se aproximar dos objetos cognoscíveis.

Esta rigorosidade metódica não tem nada a ver com o discurso bancário e sim no sentido de que ensinar não se esgota no tratamento do objeto ou do conteúdo, mas se alarga a produção das condições em que aprender criticamente é possível. Essas condições implicam ou exigem a presença de educadores criadores, investigadores, inquietos, rigorosamente curiosos, humildes e persistentes. “Cabe ao educador o mérito da paz com que viva a certeza de que faz parte de sua tarefa docente, não apenas ensinar os conteúdos, mas ensinar a pensar certo” (FREIRE, 2004, p. 29).

O professor que pensa certo deixa transparecer aos educandos que uma maneira de estar no mundo e como o mundo, como seres históricos, é capacidade de intervir no mundo, conhecer o mundo. Ensinar, aprender e pesquisar lidam com esses dois momentos do ciclo gnosiológico.

Assim,

Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Pensar certo, do ponto de vista do professor, tanto implica no respeito ao senso comum no processo de sua necessidade quanto no respeito e estímulo à capacidade criadora do educando. O educador deve estar aberto à pesquisa em busca de novo conhecimento e estimular seu aluno a ser um pesquisador. (FREIRE, 2004, p. 29).

O professor deve não só respeitar os saberes do educando, sobretudo os das classes populares, que chegam a ela com saberes socialmente construídos na prática comunitária, com quem deve discutir com os alunos a realidade concreta; as implicações políticas e ideológicas, os descasos dos dominantes pelas áreas mais pobres da cidade.

O educador deve ter clareza da realidade do aluno, saber questionar, a realidade em que vive para que este possa descobrir as causas das desigualdades sociais e faça parte dos construtores de uma sociedade mais justa.

O educador deve ter criticidade, uma das tarefas precípuas da prática educativo-progressista é exatamente o desenvolvimento da curiosidade crítica, insatisfeita, indócil. No entanto, o educador precisa ter um ensinamento teórico para que se torne um ser insatisfeito incomodado com as injustiças a qual nos cerca, ou se opõe diante das imposições inadequadas ao ser humano.

A necessária promoção da ingenuidade, a criticidade não pode ou não deve ser feita a distância de uma rigorosa formação ética ao lado sempre da estética.

O educador deve possuir estética e ética diante do mundo atual, para possibilitar aos educandos reconhecerem-se como seres histórico-sociais, capazes de comparar, de valorizar, de intervir, de escolher, decidir, compreender e interpretar os fatos.

É necessário que o professor incorpore a corporeificação das palavras pelo exemplo. Educador não pode falar de uma maneira e realizar fatos contrários, tem que dar exemplo do seu discurso, ou seja, vivenciar aquilo que ele prega como real.

Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação. O educador deve estar aberto a conhecer o novo e não aceitar nenhuma forma de preconceito ou discriminação tem que se definir como ser humano a irrecusável prática de interagir, desafiar o educando com quem se comunica e a quem comunica, produzir sua compreensão do que vem sendo comunicado.

Cabe ao educador reflexão crítica sobre a prática. Prática docente crítica envolve movimento dinâmico, dialético entre o fazer e o pensar sobre o fazer. Na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. O

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