VILA OPERARIA MARIA ZÉLIA: RECONHECIMENTO DOS ASPECTOS HISTÓRICOS, CULTURAIS, URBANÍSTICOS E CONSTRUTIVOS.
Por: Hugo.bassi • 13/6/2018 • 4.304 Palavras (18 Páginas) • 447 Visualizações
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um novo conceito na forma de se criar moradias, e uma nova arquitetura foi instaurada, com tendências européias, fugindo bastante das casas de taipa, o qual foram criadas as primeiras vilas.
Cartografia histórica
Figura 1- Mapa cidade de São Paulo, SARA Brasil 1930, recorte fábrica e Vila Maria Zélia
Fonte: Acervo Biblioteca FAUUSP
Figura 2- Mapa cidade de São Paulo, Google earth, 2014, recorte Vila Maria Zélia
Fonte: Google earth.
Com uma análise comparativa entre os dois mapas acima, podemos perceber um adensamento. O rio praticamente chegava à vila em 1930, e podemos observar a mudança no percurso, que teve um afastamento notório.
No mapa mais recente, podemos verificar que há edificação do outro lado do rio, o que não ocorria em 1974 por conta do alagamento.
A praça sofreu uma mudança drástica, quase não se nota semelhança entre um mapa e outro.
E também se percebe um crescimento populacional ao redor da vila. A estrutura urbana da vila também sofre uma alteração.
ASPECTOS SÓCIO CULTURAIS E ECONÔMICOS: A CONDIÇÃO HABITUAL NO INICIO DO SÉCULO XX
No inicio do século XX, os limites da cidade já se estendiam além do triangulo histórico. O interesse na cidade por parte dos barões do café aumentava cada vez mais por conta da cidade ter ganhado notoriedade pela ferrovia, que facilitou o transporte de carga vinda do interior para o litoral e também a distribuição de materiais importados vindos da Europa. Esse crescimento por parte da burguesia cafeeira proporcionou um avanço territorial, estético e visionário para a cidade de São Paulo.
Novos bairros foram planejados para essa nova burguesia, que em chácaras viu-se a oportunidade de construir palacetes de alvenaria, com inspiração Européia.
Segundo Benedito Lima (1983, p. 67)
Mas foi na direção norte da cidade onde este primeiro loteamento surgiu. Os Campos Elíseos, aparecem no mapa depois de um loteamento feito na chácara (chácara Mauá) pelos empreendedores visionários Glete e Nothann. O investimento deu tão certo que muitos donos de sítios e chácaras aderiram à idéia e começaram a lotear e desenvolver novos bairros. Surge ai á nova cidade com espaços mais organizados fora da região central, os primeiros parques públicos, o calçamento, melhoramento das vias e principalmente a nova tipologia de construção.
Segundo Benedito Lima (1983, p. 72)
Esta região nova da cidade ficou conhecida pelo bom desempenho arquitetônico graças a um grupo de jovens arquitetos que recém chegados ao Brasil possuíam conhecimentos suficientes para produzir uma nova arquitetura ainda não praticada na cidade de São Paulo.
Num ritmo acelerado São Paulo cresceu por cinqüenta anos, criaram-se novos bairros, moradias para classe burguesa e formando infra estrutura naquela região. A burguesia viu nesse crescimento uma oportunidade para lucrar e com isso apostou em alugueis populares.
A cidade não conseguia sozinha resolver a questão da habitação e transporte coletivo, isso influenciava muito no planejamento que tinha que dar conta de criar as soluções necessárias para a população que crescia aceleradamente.
Com esse crescimento, São Paulo tornou-se uma cidade mista. Os imigrantes que chegavam muitos da Itália que precisavam de trabalho, e a indústria era a chance de se consegui-lo. Com isso, criou-se uma grande demanda de trabalho, e a mão de obra barateou, pelo fato de que, muita gente estava de procura de emprego.
Logo, os imigrantes trataram-se de se adequar as condições de trabalho oferecidas pelos industriais, a fim de garantir o emprego. Salários injustos e duras cargas de trabalho e o preço alto da moradia eram os grandes problemas enfrentados pelo trabalhador.
A cidade cresceu além dos limites da cidade o que obrigou o estado a fornecer transporte coletivo até o triangulo histórico onde ocorria toda a vida social e comercial de São Paulo.
A economia girava entorno da produção industrial, do café que vinha do interior, da construção de moradias e o comércio crescente dentro do triangulo.
O dinamismo em que a cidade de São Paulo se modifica com o passar dos anos passou a ser denominado de palimpsesto. A cidade passa de um humilde e precário assentamentos de tropeiros, em meados do século XIX, para uma cidade de espacialidade grandiosa até o inicio do século XX. Assim, sem remorso algum com o passado, os governantes e a própria população que aqui se instalaram trataram de criar uma nova tipologia de construção baseada na alvenaria de blocos e na arquitetura neoclássica proposta por jovens arquitetos brasileiros formados no exterior e, arquitetos de origem européia que vieram para São Paulo em busca de novas oportunidades (LIMA, 1983, p. 67).
A inserção da Vila operária como opção de moradia
Com o crescimento e a expansão, cada vez mais surgiam imigrantes a procura de emprego e moradia. Muitos tinham a idéia de que enriqueceriam precocemente, e isso foi um combustível para o crescimento populacional naquela época.
A habitação operária começa a aparecer em São Paulo pelo fato dos industriais organizarem espaços para manter seus funcionários próximos e controlados. Porem não apenas os industriais investiam em habitação operária, a classe burguesa observando mais uma vez a rica oportunidade de negócios começaram a planejar e entregar residências com melhores condições de moradia. Estas novas casas começam a ser preparadas com um programa interno de melhor qualidade.
[...] uma, o assentamento habitacional promovido por empresas e destinado aos seus funcionários; outra aquele produzido por investidores privados e destinados ao mercado de locação. Muitas vezes essas modalidades apresentavam as mesmas características físicas e confundiam-se no espaço urbano (BONDUKKI, 2004, p. 47).
A opção de moradia da Vila Maria Zélia deu-se por conta de uma nova forma de se pensar de Jorge Street, idealizador da vila e visionário socialista. Ele descreve esse sonho:
“ao redor da fábrica mandei construir casas para a moradia dos trabalhadores com toda a comodidade e conforto da vida social atual(...) depois de um grande parque com coreto para concertos, salão para apresentações e baile; escola de canto coral e musica, um campo de football; uma grande igreja com batistério;
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