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O PAPEL DO PSICÓLOGO NA UNIDADE DE EMERGÊNCIA

Por:   •  28/3/2018  •  1.965 Palavras (8 Páginas)  •  379 Visualizações

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Considerando as duas palavras que centralizam a definição de unidade de emergência propostas por Faria e Maia (2007), "atendimento rápido" e um "mal-estar súbito”, pode se depreender que se trata de um ambiente carregado de tensão, pois há uma demanda de ação urgente sobre algo inesperado. O trabalho na unidade de emergência realizado por profissionais, bem como a situação de fragilidade de pacientes, proporciona desgaste de todos os indivíduos envolvidos. Se não for conduzido com profissionalismo e equilíbrio, através do acompanhamento e assistência constantes, pode levar a situação de estresse extremo, contribuindo para dificultar as ações de saúde e recuperação (KLAFKE, 2008).

Para agravar a situação desse quadro de estresse emocional e insegurança do paciente, Ortiz e Platino (2001) comentam que concorre a falta de espaço e de material, aliada à impossibilidade de adequação do quadro de pessoal à demanda e, conseqüentemente de oferecer condições adequadas para os profissionais desempenharem seu trabalho.

Assim, considera-se que o ambiente na unidade de emergência é tenso e mobilizador tanto para os pacientes como para a equipe. Essa realidade tem repercussão direta na relação profissional-paciente. Uma delas é levar esta relação ao anonimato (QUINTANA e KLEGER, 2006). A humanização, neste sentido, pela própria situação de urgência, necessidade de tomada de decisão imediata, quase sempre é esquecida e as relações são frias, técnicas e profissionais (KÜBLER-ROSS, 2011).

Para Geppert (apud QUINTANA e KEGLER, 2006), a maioria das equipes que trata de pacientes terminais tem a idéia de que as preocupações destes se restringem à dor e aos sintomas da doença, o que leva esses profissionais a excluírem do tratamento a dimensão existencial. Para Sebastiani (2008), no Brasil isso se torna mais complexo, pois é comum o profissional se deparar com uma realidade onde há defasagem entre o número de leitos e de pacientes, pronto-socorros lotados, o que o obriga muitas vezes a selecionar quem e como poderá ser atendido.

O Psicólogo no serviço de urgência

Sentimentos e emoções são os motivadores do comportamento humano, tornando a vida do ser humano um complexo que deve ser controlado e direcionado de maneira adequada para um perfeito e equilibrado desenvolvimento. Para Bollas (2012), o profissional de psicologia tem uma importante parcela de responsabilidade na humanização da assistência hospitalar, no que se refere ao paciente e à sua família. Para Beltrão (2012), também deve trabalhar com os funcionários da instituição quanto a sentimentos aflorados no cotidiano hospitalar, sensações de impotência e de fracasso diante do tratamento efetuado e a relação dos profissionais com a possível presença da morte.

Segundo Beltrão (2012), o trabalho do psicólogo com a família do paciente é um trabalho de orientação psicopedagógica, pois a ele cabe a responsabilidade de prestar esclarecimento aos familiares sobre a dinâmica e regras hospitalares, a doença e as posteriores mudanças de vida do enfermo, as condições do mesmo, assim como trabalhar nos familiares os sentimentos em relação ao processo de adoecimento.

Para Camon (2011), o psicólogo desenvolve grande parte de suas atividades como membro de equipe interdisciplinar, em especialidades ou áreas médicas. Silva (2003) destaca as atividades deste profissional incluem avaliação psicologia do paciente para compreender o problema no que este é deficiente e acompanhamento do mesmo, ou para o enfrentamento da enfermidade, efeitos incapacitantes da doença, seus lutos e processo de reabilitação física e/ou psíquica.

Neder (apud CAMON, 2011) apresenta, em linhas gerais, as principais atribuições do psicólogo no hospital: a) conhecimento das condições intelectuais, da personalidade, aptidões e habilidades do cliente, a fim de que a equipe conhecesse suas potencialidades, limitações e ficasse a par dos possíveis problemas emocionais e de ajustamento; b) assistência os psicológica ao cliente; c) contato com a família, esclarecendo-a sobre as condições do paciente; d) colaboração com todos os membros da equipe e por último ensino/supervisão e desenvolvimento de pesquisa psicológica.

No entanto, Ortiz e Platino (2011) relatam a quase inexistência de solicitações de atendimento psicológico para pacientes que buscam o setor de pronto-atendimento, onde o paciente é avaliado e dispensado após receber a medicação. Para Faria e Maia (2007), o principal objetivo da intervenção psicológica numa unidade de atendimento de urgência é favorecer a emergência dos recursos internos de cada um para lidar com essa situação adversa, flexibilizar as relações para que a equipe possa adaptar-se às necessidades do paciente e família e que esses, por seu lado, também possam adaptar-se às necessidades da equipe.

No entanto, Chiattone (2000) afirma que sua atuação está diretamente determinada por limites institucionais - o hospital - pois as instituições possuem regras, rotinas, dinâmicas que devem ser respeitada e com isso as possibilidades de atuação do profissional de psicologia ficam sujeitas a estas regras. Para Sebastiani (2008), o atendimento junto ao paciente será em linha de apoio, buscando inicialmente conhecer como se articulam fatores somáticos e psíquicos na constituição da doença que ora eclode, como se integra esse sintoma somático na sua realidade psíquica, como percebe e recebe os procedimentos a que está sendo submetido na unidade de emergência e avaliar os recursos psíquicos disponíveis para lidar com este momento.

Considerações finais

Alguns estudos sugerem a necessidade da criação de modelos de intervenção de cuidado como, por exemplo, grupos de apoio e/ou grupos de reflexões, para o profissional da saúde que lida com a estressante realidade dos serviços de urgência, pois o sofrimento emocional desses profissionais poderá interferir não só em sua saúde, mas também na qualidade dos serviços prestados. Além disso, o apoio emocional a paciente que adentra os serviços de urgência é fundamental para promover sua auto-estima e minimizar o sofrimento e o sentimento de insegurança e medo. Neste contexto, o Psicólogo aparece como o profissional que tem a responsabilidade de “amparar” os indivíduos que fazem parte deste contexto, ampliando os horizontes do processo de saúde e minimizando os agravos que a enfermidade, em situação crítica como ocorre nessa unidade de saúde, promove, seja nos pacientes, seja nos profissionais.

Referências

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