Relatório de Estagio Psicologia
Por: YdecRupolo • 22/3/2018 • 1.857 Palavras (8 Páginas) • 432 Visualizações
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Ao fazermos referencia ao comportamento humano, é fundamental que percebermos que não existe a possibilidade de “não se comportar” e “não se comunicar”, pois uma vez que todo comportamento se dá numa situação interacional então o mesmo transmite alguma informação e por mais que o individuo tende é impossível não se comunicar.
“Atividade ou inatividade, palavras ou silêncio, tudo possui um valor de mensagem; influenciam outros e estes outros, por sua vez não podem não responder a essas comunicações e, portanto, também estão comunicando. Deve ficar esclarecido que a mera ausência de falar ou de observar não constitui exceção ao que foi mencionado.”(Watzawick, 1967. p. 45)
Há um tempo se envolveu com alguns homens, mas nenhum mexeu com ela, gosta de homens altos igual ao ex-marido e que não daria conta de outro casamento, não sabe se alguém vai preencher o seu vazio. Sempre M.G. colocava algum defeito nestes relacionamentos, pois, ninguém é perfeito para ela, devido o fato do ex-marido não ter qualidades.
A questão da repetição é frequente o tempo todo na sessão. Freud chamou de “repetição” o processo de reviver interminavelmente determinada neurose; assim sendo, quando alguém repete um relacionamento ou acontecimento frustrado, seria uma tentativa de descarregar a energia acumulada ou represada até conseguir o êxito de sua missão. Ele o reproduz não como lembrança, mas como ação; repete-o, sem, naturalmente, saber que está repetindo (Freud,1914). Portanto, a paciente está entregue a uma compulsão a repetição, sendo esta sua maneira de recordar.
A princípio tive como hipótese a depressão: “No episódio depressivo, evidente sintomas depressivos( humor deprimido, ideia de culpa e de inutilidade, distúrbios do sono e apetite) devem estar presente por pelo menos duas semanas e não mais do que dois anos de forma ininterrupta’’(DALGALARRONDO, 2008, p.310).
Começou a participar de algumas atividades oferecidas aos idosos no Capit, mas não achava que ia ficar feliz. Então questionei a ela o que ela pensa sobre felicidade, mas disse que não acha possível achar uma pessoa que possa amá-la e dar o carinho que procura.
Propus para que ela uma técnica, um recurso utilizado de colocar seu nome completo numa folha em branco, e descrever cada nome familiar com uma gravura. Foi muito evidente nas gravuras questão da sexualidade, atenção e carinho que quer ter.
M.G. sempre questiona se sentir muito sozinha e muito angustiada, sem ânimo para fazer atividades. Esta solidão e angústia seria a falta de um companheiro, pois, apesar do ex-marido ter à tratado como um objeto(muleta), sente falta de uma companhia.
No decorrer das sessões M.G. estava se sentindo muito angustiada, precisando desabafar sobre algo que estava pertubando ela há dias. Antes de ir para a clínica escola ela fazia terapia com um psicólogo, durante as conversas que ocorriam no consultório ela passou a se apaixonar pelo seu terapeuta, e devido isto ela estava se sentindo muito mal e incomodada. Ela sabe que é impossível ter um romance, principalmente por ele ser bem mais novo que ela. Logo, pude perceber a transferência ocorrida.
Como Freud (1912/1989) salienta, “a transferência é necessariamente ocasionada durante o tratamento psicanalítico”, e ela consiste no modo como cada sujeito se relaciona e se posiciona diante de seus objetos amorosos, modo que se constitui a partir do que cada sujeito pode tecer da sua história, forjando uma relativa unidade e consistência, um suposto “ser”. A transferência não é um obstáculo para o tratamento. Pelo contrário, esse mecanismo psíquico é um indicador da direção do processo analítico. É um facilitador que exige o posicionamento preciso da figura do analista.
M.G. via no terapeuta seu ex-marido, quer ressuscitá-lo, o que não é possível, pois o terapeuta estava ali para mostrá-la que ela é capaz de amar e se envolver com qualquer outra pessoa.
Pensei na individuação, o procedimento de que o homem é capaz de atingir sua totalidade, que é o tornar-se único, a realização de si mesmo, isto é, de que pode curar-se. Pensei o porque de M.G. querer continuar fugindo. Mas, a individuação é algo muito sério e profundo, e mesmo quando pensamos em fugir, ele acontece sem nossa permissão consciente. M.G. pode estar se sentindo morta, e esse sentimento pode mudar, pois na verdade está viva. Reforçei para a mesma que ela é importante, é capaz de se amar, é capaz de se curar. Com uma auto-reflexão, respeitando seu tempo, suas dores, M.G pode superar e aprender a lidar com todas essas angústias.
Nas últimas sessões M.G. chegava à clínica mais entusiasmada dizendo estar indo participar das atividades oferecidas pelo Capit, começou a fazer amizades com algumas pessoas e que a angústia que estava tomando ela por dentro diminuiu. Em todas as sessões era feito com ela um reforçamento, tentativas de fazer com que ela ligasse a TV, ouvisse música( nem que deixasse ligado sozinho), e saísse de casa.
Nas últimas sessões se abriu em falar sobre a infância( sempre voltava em falar sobre o ex-marido nas sessões passadas). Nunca teve um brinquedo em suas mãos e desde os cinco anos de idade trabalhava com seu pai na roça e levantava cedo para buscar água. Presenciou desde cedo brigas constantes dos pais, onde na maioria das vezes sua mãe era espancada. Para M.G. toda raiva que a mãe tinha do pai era descontada nela e nos irmãos, além de nunca ter tido carinho dos pais.
Saiu de casa aos oito anos para morar com a avó, começou a trabalhar como empregada doméstica e parou de estudar na 8° série. Além da avó também morava com a tia, onde ambas davam a atenção que os pais não ofereciam.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante a prática de estágio, percebi uma evolução na paciente M.G. nas últimas sessões, visto que ela se sentia mais animada para sair um pouco de casa e se distrair. A paciente fez com que eu levantasse as seguintes hipóteses: essa angústia sentida por ela é proveniente de uma leve depressão que precisa ser cuidada para não se agravar. E histeria, onde, de acordo com a fórmula de Lacan (1958-1959, 15 de abril de 1959), “a histeria caracteriza-se pela fundação de um desejo enquanto insatisfeito”.
M.G. não aceita o luto do ex-marido, não aceita ser traída, e se ela não aceita as dificuldades da vida tem dificuldade de ter um embasamento. Ela nunca vai achar alguém idealizando desta forma e ela certamente precisa lidar com essa falta. Aconselhei
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